AGARRAR O MOMENTO E FAZER HISTÓRIA
PARTICIPANDO
Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
CANALMOZ – 06.08.2015
Dar um “empurrão” resoluto aos políticos, acelerando
soluções.
Existe massa
crítica nacional suficiente para “empurrar” os políticos na direcção do que
todo um povo anseia e deseja ver realizado.
O momento é
este para que as organizações da sociedade civil, as suas lideranças e o número
crescente de académicos e intelectuais moçambicanos façam ouvir as suas vozes e
transmitam de forma coesa e vigorosa as suas ideias, para que se alcancem consensos
funcionais na mesa das negociações.
É preciso
abandonar o “barriguismo” lesa-pátria e enveredar pelo único caminho viável que
são as negociações consistentes e baseadas nos interesses nacionais de paz,
segurança, harmonia e desenvolvimento, que tragam e signifiquem impactos
desejados, coerentes com a agenda nacional.
Falsos
partidarismos que não passam de formas obscuras de garantir vantagens
individuais por via da subserviência são um golpe baixo e sujo para as
aspirações da maioria dos moçambicanos.
Aqui já não
existem contradições de âmbito ideológico visceral que impliquem ou levem a que
irmãos se digladiem e entrem em beligerância fratricida e criminosa. Já correu
muito sangue de inocentes em nome de pretensas diferenças ideológicas, quando,
na verdade, todos concordamos que não existem fundamentos que configurem ou
sejam alicerces para tais agressões e suspensão dos direitos políticos e
económicos dos outros compatriotas.
Não há
moçambicano que não seja apologista da defesa e cumprimento do estatuído na
Constituição da República de Moçambique. E não há contradição de maior, quanto
a que ela continue a ser a lei-mãe.
Os problemas
começam quando este dispositivo legal é utilizado de forma dúbia e repleta de
“nuances”. Quando convém, há os que correm esgrimindo que se deve obedecer à
lei, e, quando é evidente que, seguindo a lei, os seus objectivos não se
concretizarão, esquecem-se de imediato dos comandos legais existentes.
É deveras
caricato e inconveniente, se a pretensão é salvaguardar a paz e o bem-estar dos
moçambicanos, procurar resolver problemas de natureza política lançando mão a
argumentos supostamente constitucionalistas.
Já deveria
estar mais do que claro, para as centenas de intelectuais moçambicanos saindo
anualmente das universidades nacionais e estrangeiras, que a solução dos
problemas nacionais está em nós.
Arregimentar
académicos e analistas televisivos e levá-los a propagar uma suposta razão e
propriedade da verdade útil para o país, defendendo uma linha de pensamento que
atribui uma pretensa pureza constitucional aos seus pontos de vista é por
demais conhecido como forma directa de defesa de um “status” conquistado e
mantido de forma ilícita, fraudulenta e conspurcada.
Aliciar
através de mecanismos financeiros e materiais docentes universitários e figuras
ou personalidades nacionais de algum prestígio e lançá-los no mercado da
calúnia, do insulto grotesco de compatriotas que defendem pontos de vista
diferentes é um processo típico de “comissariados políticos” com falta de
imaginação e argumentos.
As ofensivas
mediatizadas que enchem as redes sociais e jornais da praça, ofendendo e
manchando a honra e os direitos intelectuais e políticos de compatriotas, já
provocaram o derramamento de sangue de compatriotas.
No renovado
ódio que é manifestado por declarações de alguns compatriotas, utilizando os
meios à sua disposição, revelam um certo nível de concertação e coordenação
estratégica.
Os ataques
dirigidos contra reputados académicos nacionais e editores de importantes
jornais do país são uma demonstração inequívoca de que existe um finca-pé por
parte de um sector afecto ao partido Frelimo. Quando a crítica justa e racional
é vista como afronta, a democracia está em perigo.
Está claro
que os que defendem o “imperativo da infalibilidade e propriedade única da
verdade” por parte de certas pessoas, jamais aceitarão que os actos das pessoas
que defendem com “unhas e dentes” sejam escrutinados, como acontece em
situações de democracia plena.
Daí que não
seja de admirar a arrogante recusa de aprovar uma simples comissão parlamentar
de inquérito ao funcionamento de uma empresa pública. Arranjam subterfúgios
aparentemente legais, que não passam de formas de protecção dos interesses
financeiros dos seus mentores.
Num momento
tão singular de sua história, Moçambique não pode permitir que forças
contrárias ao progresso do país desvirtuem a essência e a razão de ser de
instituições como a Assembleia da República.
Não é por
falta de conhecimentos ou experiência que os negociadores no CCJC não chegam a
“bom porto”. Há travões que ocorrem por instruções prévias, e os impasses não
passam de uma forma de arrastar o processo até que uma das partes se esgote e
cometa alguma insensatez. Exercícios de desgaste negocial denotam
desonestidade, e isso é obviamente perigoso, pois não permite que a
razoabilidade e flexibilidade se afirmem na mesa do diálogo político.
Pela
experiência do passado, parece que a “escola de diplomacia” do primeiro
ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique está vingando e comandando as
operações no centro de conferências que tem o seu nome.
Alguém está
querendo repetir o “golpe-finta de Gaborone” numa perspectiva de manutenção do
poder.
Nenhuma dose
de astúcia e protecção de interesses próprios deveria sobrepor-se aos
interesses de milhões de moçambicanos que se vêem impedidos de gozar os seus
direitos políticos e económicos.
Se os
moçambicanos possuidores de conhecimentos em matéria de resolução de conflitos,
outros que dominam assuntos do fórum jurídico existem, é chegada a hora de
darem o seu contributo patriótico para se ultrapassar “negociações” que já são
uma verdadeira vergonha nacional.
A
prepotência é má conselheira.
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