DHLAKAMA ESTÁ IMPARÁVEL MILITARMENTE
Centelha por Viriato Caetano Dias
WAMPHULA FAX – 17.08.2015
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“A pátria é a manta que cobre a todos e aquele que se sacrifica por ela fica insepulto, porque, pelas acções nobres, passa para a perpetuidade.” Extraído de uma conversa com o amigo e poeta Nkulu

Cresce o número de pessoas pertencentes a uma certa claque cujo objectivo continua a ser atacar-me. Não analisam o meu pensamento, porque é sempre mais fácil pescar no aquário cheio de peixe do que num rio com águas turvas. A especialidade dessa gente é uma: radicalismo extremo e desprezo a tudo que é feito pelo governo da Frelimo, traços que não pertencem aos académicos, classe a que muitos deles propalam pertencer.

Atacam-me gratuitamente, mas não são totalmente loucos, pois coroam-me de flores quando alguns débitos meus são ríspidos contra uma certa política do governo. Já os avisei que ninguém manda na minha maneira de pensar e nas minhas convicções, longe de mim qualquer dogmatismo ou polimento político.

Posto isto, vamos ao pano de fundo deste Centelha. Na semana passada, creio que foi pelas câmaras da STV, vi um Dhlakama enfatuado e pronto para a guerra. Acompanhado de seus comandos, Dhlakama desafiou o governo moçambicano para não tentar desarmar a Renamo sob o risco de materializar a velha ameaça de incendiar o país.

Ficou visível o aparato militar e o desfile de novas viaturas (uma aquisição com fundos do Estado), uma nítida demonstração de força contra o Estado.

Dhlakama armou-se e o passo a seguir, já que politicamente não tem absolutamente nada a perder, é tomar o poder pela via da força. Tomar o poder significar pôr em prática o plano macabro de autarquias provinciais nas províncias em que saíram vitoriosos.

Para fazer isso, basta um único tiro e afugentar a administração local e a população. Golpe de Estado não significa, apenas, o derrube por via da força militar do presidente da República e do seu governo, como também tomar de assalto uma autarquia provincial e de seguida instalar uma nova administração.

A Renamo não é um movimento rebelde e como tal, à luz do que tem advogado, pode pautar pela divisão do país. A história tem demonstrado que a imposição de uma causa que mobiliza parte significativa da população (lembre-se que a Renamo é o maior partido da oposição e segundo mais votado nas eleições gerais de 2014) nem sempre precisa de autorização parlamentar, basta que a própria Renamo decida partir para a guerra e forçar o governo a aceitar às suas reivindicações.

Ontem movimento armado, hoje partido político que vive às expensas do Orçamento Geral do Estado. Uma lição de vida a ter em conta.

A avaliar pelas imagens da STV, creio que a escolta do líder máximo da Renamo era composta por 14 novas viaturas com improvisados bancos na parte traseira das mesmas e todas elas ocupadas de homens fortemente armados, o que, militarmente, se traduz em1 companhia (acima de 120 homens, salvo erro), o suficiente para desencadear uma revolta militar e deixar a província de Tete, por ele visitada, de cócoras.

É sabido que o guerrilheiro não choca, ataca e foge, uma regra dourada da guerrilha que Dhlakama conhece até a dormir que 1000 soldados rasos acordados. Será que o governo não tem olhos para ver este perigo? A quem beneficia a acção belicista da Renamo?

Sim, Dhlakama tem essa capacidade de destruir infra-estruturas, fazer golpe de Estado, mandar matar civis, etc.

Contudo, não acho digno de um homem que ajudou a construir o Estado democrático moçambicano face ao picante comunismo instalado, use a força que tem para matar a população indefesa e inocente. É inconcebível que um ser humano que propala ser amante da paz opte pela via da força para impor as suas ideias.

Parafraseando Cesare Bertulli “Até ao procurar-se aquilo que se julga um direito próprio, deve ser sempre feito por meios pacíficos.” Eu compreendo que Dhlakama tenha pressa de chegar ao poder e esteja a ser pressionado pela ala dura da Renamo. É essa pressa que está a fazer dele um mercenário, depois de, inequivocamente, a história o ter transformado em herói.

Dhlakama parece agir a mando de grupos com agendas de destruir Moçambique.

O meu amigo Nkulu não tem dúvida que “A principal característica dos mercenários reside essencialmente na sua preocupação pelo dinheiro pago para o cumprimento da missão. Como o seu objectivo principal é o dinheiro, eles não têm pátria. De tempos em tempos, defendem causas contraditórias, desde que alcancem os fins económicos por eles pretendidos. Mercenário é “faca de dois gumes”.

Em guisa de conclusão, sugiro ao líder da Renamo a ter calma e a pautar pela via do diálogo. A única arma válida para um democrata é o diálogo. Não conheço outro caminho da paz que não passe pelo diálogo. Às vezes é muito difícil ser entendido, sobretudo quando o que se diz ou propõe é contra os nossos princípios, mas se optarmos pelo diálogo o carácter de um leão mais temido na selva, pode torna-se o de um animal de estimação.

Zicomo (Obrigado).

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