MOÇAMBIQUE PARAÍSO PARA VIGARISTAS?
Sérgio Vieira, O PAÍS – 04.08.2015
CARTA A
MUITOS AMIGOS
Percorrendo a informação que nos dá a comunicação social há que nos
interrogarmos se o nosso país libertado e defendido com tantos sacrifícios se
está a tornar um paraíso para vigaristas vindos de vários quadrantes, com as
mais variadas tonalidades de pele, países de origem e confissões religiosas.
Morreram
vários trabalhadores num prédio em construção em Maputo, o JAT 7, do que
se sabe e pela experiência no prolongamento da Julius Nyerere, o empreiteiro
caracteriza-se por vender gato por lebre, está falido e por cá anda, agora
matando!
Não se passa
semana sem tomarmos conhecimento, via comunicação social, que empreiteiros
desapareceram com os dinheiros embolsados, obras mal acabadas, abandonadas,
construções ilegais e em locais impróprios, no meio de pântanos, zonas sujeitas
a inundações.
Porque não inscrever esse empreiteiro, seus sócios nacionais ou
estrangeiros, os dirigentes, os fiscais e subcontratados numa lista negra,
impedindo-os, e para sempre, de levarem a cabo qualquer obra? Vendam rebuçados!
Expulsem os estrangeiros e sem hipótese de regressarem a Moçambique,
sancionem os pseudo fiscais e os tais subcontratados que fecharam os olhos ao
trabalho. Proibi-los e para sempre de fiscalizarem ou fazerem subcontratos.
Aqui d’El Rei quando o
município manda destruir o ilegal!
Mas,
perguntemos: não há vereadores ou deputados municipais, administradores e
secretários de bairro e quarteirões, todos eles pagos por nós que deveriam e
atempadamente intervirem e não fecharem os olhos?
Porque não correr para a rua com essas gentes que não cumprem os seus
deveres básicos? Os que constroem ignoram que estão a violar a lei? O
Secretário de bairro não os alerta? Não existe a obrigação de se afixar
visivelmente o nome do dono da obra, da licença de construção, etc?
O discurso
de protecção do pobre coitadinho que se desenrasca, já satura, sobretudo
quando vários dos pobres coitadinhos são useiros e vezeiros nessas
proezas e aguardam sempre uma compensação, um novo terreno para negociarem.
Desconhecem
as autoridades que artigos roubados, peças de carros, vidros, espelhos se
vendem às claras em ditos mercados como o Estrela? Quem fiscaliza o que
lá se passa? Quem se dá ao trabalho de verificar a origem das peças que por lá
se vendem? Por isso andamos a gravar vidros, pára-brisas, parafusos nos faróis,
nos pisca-piscas, em tudo que serve de tentação aos gatunos que proliferam,
alguns deles dizendo que guardam carros e os limpam.
Milhentas
lojas e lojecas vendem produtos contrafeitos, de peças de automóvel a
cosméticos, jóias. Vendem a bom preço, fazendo-nos poupar um tostão
para gastarmos um milhão. Queremos mesmo isso?
Quase todos esses ilustres empresários provêm da costa ocidental ou
oriental do nosso continente, um ou outro da península indiana.
Acontece que
a Lei vigente proíbe expressamente a venda dessas contrafacções, pune com
multas e confisco.
Porque não expulsar esses estrangeiros quando efectivamente indesejáveis
e fazendo uma concorrência mais que desleal ao comércio honesto?
Devemos
tolerar e albergar o que prejudica o consumidor e a economia nacional? Quantos
deles chegados há semanas já dispõem de BI moçambicano sabe-se lá como, ou
melhor, sabemos mesmo como e quanto custa isso em comichões.
Não se passa dia sem mortandade nas estradas.
Chapas, My Love, condutores
intoxicados pelo álcool ou drogas, motociclistas e automobilistas treinando-se
nas ruas para rallies, rotundas e
cruzamentos sem sinalização estão na lista dos cúmplices ou autores de
homicídios talvez e, com benefício da dúvida, involuntários.
Quando
tomarão medidas consequentes as autoridades responsáveis? Não basta de mortes e
feridos, gente que ficará inválida toda a vida, fora os custos das destruições?
Diz-se agora que se vai introduzir em Maputo o serviço UBER.
Pelos
inúmeros serviços da internet
contrata-se uma viatura qualquer com condutor, que não paga impostos para
trabalhar como táxi, cujo condutor não dispõe de uma carta de condução
apropriada para esse serviço, com seguros irrisórios, etc.
Em França o governo já proibiu, em Portugal segue-se essa via e em Nova
Iorque discute-se o problema. Na África do Sul já se insurgiram os táxis
licenciados contra o abuso.
Talvez aqui,
e graças a comichões, se permita, para mal dos nossos pecados e
destruição dos que seguem as normas.
Qualquer cidadão ou utente de serviços públicos se queixa da morosidade
no despacho dos seus documentos, ou pior no haverem perdido os seus documentos.
Possuímos uma pletora de funcionários que absorvem uma parte substantiva do
Orçamento financiado por nós.
Não haverá
funcionários a mais, gente que nada faz e prima pela incompetência e desleixo?
Não chegou o tempo de emagrecer a função pública e verificar no processo
o desempenho de cada um? Tirar o que está a mais e valorizar quem trabalha a
sério? Albergar vigaristas nos serviços não desprestigia o Estado? Não faz
descrer nas forças políticas no poder?
Há mais de meia centena dos ditos partidos que requerem no país subsídios
ao Estado para financiarem os ilustres cabecilhas que ninguém conhece?
Bom negócio
a criação de partidos para alimentarem os seus dirigentes e os amigos e
familiares fundadores!
Melhor bom negócio só da criação de igrejas e seitas religiosas, já
alguns bons milhares, que nos dão Deus a troco de dinheiros. Igrejas em contentores,
armazéns, cinemas, recintos desportivos. Façam e construam verdadeiros lugares
de culto e cessem de se tornar vendilhões do templo que Cristo, faz
séculos, expulsou com o chicote em punho!
Em nome do
Alcorão senhoras a guiarem carros com a cara vendada e olhos escuros, entrarem
em aviões, bancos e lojas, por favor regressem aos confins das Arábias,
Paquistão e Afeganistão, não queremos correr riscos de segurança, precisamos de
identificar quem frequenta locais públicos, já basta de atentados suicidas ou
não, não matem a Humanidade assassinando o inocente, escreveu o Profeta.
Moçambique não precisa de fanáticos. Bastam-nos os bandidos locais.
Leio que 75%
das teses de licenciatura estão minadas de plágios. Que brio profissional, que
honestidade ou desempenho se podem esperar dum plagiador, dum vigarista?
Plagiadores deveriam ser expulsos das universidades, interditos de se
inscreverem noutras e nos seus CV estar expressa a expulsão e interdição de
prestar quaisquer tipos de serviços ao Estado e instituições públicas, directa
ou indirectamente. Basta de vigaristas! Rua com eles!
P.S. Nas
páginas de um semanário, que se diz independente, escancaram as páginas
centrais a um foragido de justiça, para caluniar gente proba, quando o quidam
está com sentença transitada em julgado e participou numa conspiração para
assassinar um jornalista honesto. Como pode uma publicação aceitá-lo nas suas
páginas? Não haverá pagamentos bem chorudos? O que nos diz o Conselho Superior
da Comunicação Social, que se trata de mero direito de expressão de pensamento?
Por favor respeito pela deontologia profissional e já agora também, pela gramática
e para isso um abraço.
Comentário
do Blog
Já agora!
Porque o
Governo se resiste à aprovação de uma Lei do Consumidor que dê poderes à
Associação dos Consumidores de Moçambique de fiscalizar todos estes malefícios
que S.V. aqui detalha para uma punição exemplar dos seus promotores. Será por
cumplicidade ou negligência?
Os danos
deste estado de coisas, que o Estado mostra incapacidade de fiscalizar, se
reflectem na precariedade da nossa moeda nacional – o Metical.
Aprovem a Lei
do Consumidor que o povo vai encarregar-se da fiscalização denunciando o mau serviço
à Associação dos Consumidores que, por sua, se encarregue de levar os seus
promotores à barra do tribunal, com direito a uma percentagem dos emolumentos
das sentenças a serem proferidas para o reforço institucional da Associação dos
Consumidores.
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