ÉRAMOS UMA NAÇÃO ARCO-ÍRIS
Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com)
WAMPHULA FAX – 03.08.2015
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 “Lutei contra o domínio branco e contra o domínio negro. Persegui o ideal de uma sociedade livre e democrática onde todas as pessoas vivem juntas, em harmonia e com igualdade de oportunidades. É um ideal pelo qual espero viver e atingir. Mas, se for necessário, estou disposto e morrer por ele”. Nelson Mandela

Para muitos, Julius Malema não é mais do que um emissário de Lúcifer que pretende destruir a África do Sul, mas para mim, é um herói ao serviço do seu povo. As suas acções não estão nem são equidistantes da actuação de Jesus Cristo, antes da sua crucificação neste “Vale de Lágrimas”, pois Malema está a tentar equilibrar uma balança viciada, numa sociedade em que uns (de cor minoritária) comem e bebem à tripa-forra e levam uma vida de monarca, enquanto a maioria, de cor negra, continua pelintra e a “pingar como uma carne na assadeira”.

Uma grosseira injustiça que urge combater, talvez seja por isso que Malema é considerado um problema da humanidade à semelhança de Hitler. O tempo é o melhor professor e mais cedo ou mais tarde, Malema será ilibado de todas as acusações de que tem sido alvo.

As pretensões de Malema encontram acolhimento em mim, porquanto a sociedade moçambicana está a transforma-se numa réplica da África do Sul. Uma única excepção, os serviços públicos é para todos os cidadãos, independentemente da pigmentação da cor. Há brancos, mulatos e mestiços nas forças armadas sul-africanas e nas forças de defesa e segurança, diferentemente de Moçambique que determinadas profissões são para indivíduos de raça negra.

Antigamente o esforço era comum. Desde a luta de libertação nacional, graças sobretudo a filantropia e pujança de Samora Machel, construímos uma nação arco-íris sem descriminação racial. Cidadãos negros, brancos, mulatos, mestiços, etc., sacrificavam-se pela construção do país. A defesa da pátria – “porque morrer por ela é morrer por bem” – ocupava a hierarquia de pensamento de todos os moçambicanos.

Hoje o país é dividido por castas, tribos, etnias, filiações, pigmentação, etc. Ser do centro e norte do país dá direito a um novo apelido pejorativo de “xingondo” (sabe lá Deus o significado deste termo). Ser do Sul do país é sinónimo de gente abastada, oportunista.

As etnias e tribos são factores negativos para um país que cedo aprendeu a “matar a tribo para criar a nação”, isto é, a defesa do colectivismo, em detrimento das particularidades de cada indivíduo no contexto étnico, regionais, culturais, raciais, etc.

Há três verdades inquestionáveis.

Primeira: o país é de todos, mas nem todos gozam das mesmas oportunidades. Nem todos gozam dos frutos das suas riquezas. Nem todos são bafejados pela fortuna da sorte. Nem todos se aproximam aos padrões de desenvolvimento.

Estou a ouvir o leitor a dizer “este Viriato anda distraído, melhor exemplo está nas mãos dele, pois os dedos não são iguais”. A minha resposta está na conversa que tive com o amigo Nkulu em que dizia “Mesmo que sejam do mesmo útero, cada bebé acaba tendo e trilhando o seu destino”. Contudo, não se compreende e nem é aceitável que um país com abundância de riqueza tenha uma parte não negligenciável da sua população a sofrer.

Segunda: há moçambicanos apenas nos documentos. É fácil ser moçambicano do que ir à Roma ver o Papa Francisco. O país tornou-se refúgio de todos os trafulhas.

A porosidade das nossas fronteiras aumenta os crimes de falsificação de documentos, ao mesmo tempo que se adquire o direito de ser moçambicano. Às vezes é muito mais difícil comprar um prato de comida no mercado Kwatchena, em Tete, do que adquirir a nacionalidade moçambicana. Nós recusamos os “vende-pátrias”, os trafulhas e os oportunistas. É imperioso correr com os corruptos e os corruptores.

Terceira: Hoje a pátria é defendida, quase na sua totalidade, por gente de raça negra. Nem com recurso a um microscópio é possível encontrar (um único espécimen de gente não negra) nas casernas dos quartéis, nas sentinelas das esquadras, nos balcões dos postos transfronteiriços, nos camiões dos autocarros de lixo, nos bombeiros, nos serviços cívicos, etc.

Os empregos são selectivos, dependem da pigmentação da cor. O serviço militar é para todos os moçambicanos, mas nem todos o cumprem. No passado as fileiras das forças armadas eram um arco-íris, hoje só vemos gente de raça negra a se sacrificar na defesa da pátria, (a defenderem o que não têm).

Como é que se explica que um país multirracial só seja representado, nas forças armadas e de defesa de Moçambique, maioritariamente por gente de cor negra? O meu amigo Nkulu afirmou que “A defesa é como sacerdócio, não tem lucro”, mas é dever de todos a missão de defesa da soberania e da integridade territorial. De quem é a responsabilidade?

Zicomo (obrigado)


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