DENTRO DA RENAMO EXISTEM DOIS LOBOS,
UM BOM E OUTRO MAU. QUEM VAI GANHAR?
Centelha por Viriato Caetano Dias
WAMPHULA FAX – 26.08.2015
“Todo o
poder se justifica, seja ele bom ou mau. Todo o poder procura legitimar-se a si
próprio.” Extraído de uma conversa com o Professor Silvério Rocha e Cunha
Eu às vezes
tenho tido reflexões que o futuro confirma. Quem me conhece, sabe o que sou e
reconhece esta veia crítica que agrada a uns e cria azias para outros.
Quando
alguém se torna, por mérito próprio, fazedor de opinião pública, não deve
ocupar o espaço a si reservado nos jornais para criar uma falsa paz, numa
espécie de sociedade de paz perpétua, caracterizada pela ausência de crítica e
auto-crítica, onde todos fazem o coro a uma única voz: Ámen.
A história
tem demonstrado que o dogmatismo é uma socapa e muitos são os que o criticam,
porque revela-se nocivo à saúde mental.
Não tenho
receio de expor as minhas ideias, mesmo sabendo que existe uma cavalaria de
pessoas que inspiram intenso ódio contra mim. Mas nada disso me incomoda,
porque, como disse Xanana Gusmão “As causas justas nunca se firmaram com
facilidade. As justas têm-se imposto pela força de vontade dos seus
combatentes, pela heroicidade dos que se batem pelo ideal que proclamam”.
Posso até
jurar que o propósito destas minhas Centelhas não é o de desencadear uma acção
persecutória contra quem quer que seja, pois para isso não tenho nem vocação
nem mandato para o fazer.
Os que não
se alegram com os meus débitos dirão que é uma acção persecutória contra
Afonso Dhlakama, quiçá por ser o monarca do segundo maior partido da oposição
em Moçambique, mas aqueles que perscrutam a informação e estudam os factos,
pautarem pelos juízos de valores, concordarão comigo que o líder da Renamo é o
primeiro responsável pelo fraco desenvolvimento político e social do país,
porque não ama a paz.
Em outras
palavras, Dhlakama está a minar o estado da nossa democracia.
Quem evita o
diálogo e quem esquiva das conversações, não está apto para liderar os destinos
da nação. Na política (aprendi isso durante a peregrinação académica nas terras
lusas) é preciso ter a calma e a paciência de um relojoeiro para conquistar o
poder.
Uma guerra
injusta, sem razão de ser e que não traga benefícios libertários para o povo,
nunca é a melhor saída para a resolução dos conflitos, porquanto causa danos
irreparáveis aos pilares que suportam o Estado moçambicano, destrói preciosas
vidas humanas e atrasa o progresso do país.
Imaginemos
que Dhlakama decida “incendiar” o país como tem propalado, não restará pedra
sobre pedra para ele construir o seu futuro palácio presidencial.
O povo que
votou em Nyusi e na Frelimo pegará em armas para restituir a justiça. Desta
forma, o país cairá numa espiral de conflito armado e a Somália, que é considerado
um Estado falhado, será inferior a Moçambique em matéria de destruição.
Alguns
belicistas da Renamo estão com pressa de chegar ao poder e querem fazê-lo
recorrendo às armas, esquecendo-se de que as cicatrizes causadas pelas guerras
rancorosas dificilmente são curadas. Veja-se o caso da guerra entre Israel e a
Palestina. É o expoente máximo da vergonha humana.
José Hermano
Saraiva, um destacado historiador português, dizia que “Uma guerra tem duas
utilidades: serve para uns morrer e para outros ficarem ricos.” Morrerão os
desfalecidos (lembrando que o exército moçambicano é constituído por operários
e camponeses, ou seja, filhos de pobre), enquanto outros, as elites, ficarão
“podres de ricos.”
Não pense,
caro amigo leitor, que os caminhos da perdição da Renamo trarão “leite e mel”,
porque não será legal e fundar-se-á na inconstitucionalidade. A Renamo não tem machambas
de diamantes, não tem barris com pepitas de ouro, não tem dinheiro que pague a
todos salários competitivos, sendo por isso que não passará de impostor.
Os que
seguem a Dhlakama carregam uma gigantesca frustração. É justa. A Frelimo em
algum momento da sua história esqueceu-se da componente social. Alimentou a
estatística económica, mas marginalizou os aspectos sensíveis da sociedade:
habitação, emprego, agricultura, justiça, etc.
A Frelimo
criou um exército de frustrados. Isto deve ser condenado. O pior de tudo, é que
os erros não estão a ser corrigidos. Saem e entram ministros. Os ministros
menos competentes que deviam estar nas “prateleiras do esquecimento”, como
símbolos de abuso contra o povo, são resgatados para dar testemunhos.
Virou moda
viral consultar-se os antigos dirigentes que delapidaram o erário público. É
preciso dizer basta a essas situações.
É
claro que não me esqueci da pergunta que faz título a esta Centelha “quem vai ganhar,
entre o lobo bom e mau”?
Ganhará
aquele que o presidente Dhlakama mais alimentar.
Zicomo
(obrigado).
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