REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
PROVÍNCIA DE TETE
DISTRITO DE MARARA
PROJECTO DE CRIAçãO DA
DANÇA “KUPULA”
MARARA, MARÇO DE 2015
Autor: VÍCTOR MANEJO JÓIA
I – INTRODUÇÃO:
A riqueza cultural de um povo ou de uma
comunidade é avaliada pela diversidade, qualidade e quantidade das suas
manifestações culturais. Para que a quantidade seja expressiva, as cumunidades
devem libertar as suas iniciativas criadoras e as capacidades de imaginação
para fazerem surgir novas manifestações culturais.
Com vista a promover iniciativas que visam
o surgimento de novos números de cantos e danças tradicionais, o autor deste
projecto concebeu a dança “kupula” para ser praticada de forma popular e
colectiva pelas populações nyungwe e outras que a apreciarem.
II – SIGNIFICADO DA
PALAVRA “KUPULA”:
A palavra “kupula” na língua nacional nyungwe
significa debulhar a machoeira. Portanto, “kupula” é o processo através do qual
se procede à separação do cereal da espiga da machoeira. Trata-se da fase que
marca o cíclo final da produção da machoeira, findo o qual, o cereal é
depositado em celeiros. Esta fase, geralmente, é realizada por mulheres, num
lugar especialmente preparado para o efeito (mbuwa). É uma das etapas mais
trabalhosa e mais delicada do processo da produção da machoeira, sem, porém, obuscurar
a etapa da sacha.
A mulher que executa este
trabalho (kupula), veste-se e realiza movimentos peculiares, de pilador em
mãos, com as pernas e depois com a penela. São estes movimentos que foram
explorados para darem o nome a dança, na fase da sua maior animosidade
(kuguesera).
III – TÍTULO DO PROJECTO:
- Criação da dança “kupula”.
IV – TITULAR DO PROJECTO:
Víctor Manejo Jóia,
solteiro, nascido aos 25.09.1963, natural de Marara, filho Manejo Jóia e de
Lianora António, portador do B.I. nº 050010862F, emitido aos 04.01.2006 pelo Arquivo de Identificação Civil de Maputo,
residente na cidade de Tete, Bairro Francisco Manyanga, Unidade Sérgio Vieira, cell.
828503010, endereço electrónico: amanejojoia15@gmail.com ; é o titular
do presente projecto.
III – DESCRIÇÃO:
“Kupula” é o nome que foi atribuido à uma nova dança originária do
Distrito de Marara, a fim de ser introduzida e praticada pelas comunidades de
várias aldeas do Distrito. Trata-se de uma dança cuja coreografia e cantos
versam sobre o cíclo da produção do
cereal da machoeira, dando maior realce a fase da separação do cereal da espiga
(Kupula). Foi elaborado um manual que orienta o modo e as ocasiões em que esta
deve ser praticada, sem no entanto, definir restrições no respeitante as
iniciativas com vista ao seu enriquecimento.
Para dar maior sentido e
vivacidade à dança, recoreu-se á todo o cíclo da produção da cultura da
machoeira, isto é, a partir do trabalho da lavoura (kulima mphesi), sementeira
(kubzala), afogentar galinhas do mato (kupswamira nkanga), sacha (kusakula),
afogentar passarinhos (kupswamira mbalame), corte e deposito das espigas no
alpendre (kubvuna) e entra-se então, na fase que dá nome à dança (kupula). Nesta parte da dança
entra-se em grande estilo e com muita animosidade (kuguesera). Esta é a parte ligeramente
mais demorada em relação as outras, para seguidamente entrar-se no processo de
ensacamento e deposito do cereal nos celeiros. Esta é, praticamente, a parte
final da dança, seguida do processo de fabrico do “pombe” e uma festa para a
qual são convidados: o líder comunitário, os familiares directos, amigos e
vizinhos que comem e bebem ao rítimo da dança tradicional “khalakata” e
dispersam-se (cimuaza nsasa). Chega-se assim, ao término da dança.
“Kupula” é uma dança de fácil
aprendizagem nas escolas bem como nas comunidades, pois, as fases da produção
da machoeira são bem conhecidas no seio da população do distrito, o que vai
permitir esta, libertar mais iniciativas para o enriquecimento da dança e a
massificação da sua prática.
A salientar que os praticantes dão a
graça artistica à cada parte da dança sem qualquer tipo de restrição.
Na verdade, esta dança interpreta
todas as fases do cíclo da produção da machoeira, todavia, o processo “kupula”
dá lhe o nome pela sua delicadeza e importância final de todo este processo da
produção do cereal.
Outrossim, com base nos actos
praticados em cada fase do cíclo de produção da machoeira, poderão ser montadas
peças de teatro, escultura, poesia, contos, etc.
IV – MODO DE PRATICAR:
1.
É espécie de uma montagem dançada e cantada do cíclo que
compreende a produção da machoeira.
2.
São mobilizados e usados vários instrumentos musicais
locais (goma, ngotxo,nsuau, etc).
3.
É uma dança com características mixilâneas, isto é,
durante a sua execução, vão ser encorporadas à dança, as várias fases da produção
da machoeira e várias coreografias de
dança tradicionais locais.
4.
São usados vestes póprios que traduzem a forma de vestir-se
na fase de “kupula” (de preferência
vestes tradicionais da zona-nkwende).
5.
As canções (incluindo “ugulo”) e os movimentos dos
dançarinos, traduzem as várias etapas do cíclo do cultivo e produção da
machoeira.
6.
É uma dança alegre, por conseguinte, só praticada em
ocasiões de alegria (festas), de forma colectiva (entre 10 e 15 pessoas), de
todas as idades e com movimentos rápidos e uniformes.
7.
A fase de “kupula” é o auge da dança (kuguesera).
8.
Na parte final as canções e os movimentos dos dançarinos
espelham a festa e a alegria após colheita (comes e bebes -“ cimuaza nsasa”).
V – O PORQUE DA
DENOMINAÇÃO “KUPULA” À ESTA DANÇA:
Conforme anteriormente se
disse,”kupula” é o processo através do qual se efectua a separação do cereal da
machoeira da espiga. A machoeira é um cereal potencialmente produzido e
consumido no distrito de Marara e em todos outros distritos ao Sul da Província
de Tete. O cultivo da machoeira tem sido a “tábua de salvação” das populações
destes distritos nos anos que chove menos, pelo facto de ser resistente à seca.
Uma das fases mais importante e trabalhosas da produção deste cereal é
“kupula”, daí o nome da dança realçar esta fase e promover a produção da machoeira
nas regiões que chovem menos.
VI – OBJECTIVOS:
O projecto visa dispertar iniciativas
que permitam o surgimento de novas manifestações culturais a fim de ingrossarem
o vasto património cultural do Distrito de Marara, bem como para promover o
cultivo da machoeira nas outras regiões do País onde chove menos.
VII – IMPORTÂNCIA:
Testemunhar e reafirmar o empenho de
uma geração no processo de criação, inovação, promoção, valorização,
desenvolvimento, investigação, enriquecimento, divulgação e perpetuação das
manifestações culturais do distrito de Marara.
VIII – CUSTOS:
Os custos com a crianção da nova dança
(kupula) tem a ver com:
1.
Gastos com deslocações do mentor do projecto aos Postos
Administrativos, às Localidades e aldeas a fim de dar a conhecer e mobilizar os
populares para aderirem ao projecto da nova dança.
2.
Mobilizar população para aderir ao projecto de uma dança
nova e desconhecida não é uma tarefa fácil. Para motivá-las à aderí-lo será
adoptada a estratégia de premiação aliciante aos grupos culturais participantes
e os vencedores dos 03 primeiros lugares desta dança, costituindo assim,
encargo financeiro.
3.
Será escolhida uma data e um local onde se encontrarão e
competirão os grupos que aderirem ao projecto para apresentarem o seu trabalho.
Será necessário providenciar condições logísticas para este evento.
4.
Gastos com o processo de acompanhamento dos melhores
grupos para efeitos de aperfeiçoamento da dança para servirem de modelo para a
massificação da mesma nas comunidades do Distrito.
Os gastos
globais para a concretização deste projecto estão avaliados em 500.000,00 Mt (quinhentos mil meticais).
IX – CONCLUSÃO:
Em jeito de conclusão, apelar a todas instituições
e organizações responsáveis pela promoção da cultura, pessoas singulares e
colectivas amantes da cultura em geral e àqueles que se identificam com este
tipo de iniciativas em especial, para não pouparem esforços em patrocinar este
projecto (com a certeza de que não irão se arrepender) a fim de somarmos mais
um número de dança tradicional no capítulo do património cultural do Distrito
de Marara e do País em geral.
Este é apenas o começo, pois, mais
iniciativas deste gênero estão por vir, dependendo do sucesso que for o
presente projecto.
Marara,
Março de 2015
Víctor
Manejo Jóia
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