Negociatas
na aquisição de aviões Embraer pela
LAM
EM MOÇAMBIQUE
HÁ QUEM RECEBEU USD 800 MIL EM SUBORNOS
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EMBRAER BRASIL |
Admitindo a ocorrência de actos
corruptos, a empresa brasileira aceitou pagar pesada multa à justiça americana
e entidades reguladoras.
Companhia
moçambicana de bandeira não se mostrou disponível a comentar o facto de ter
sido citada como parte do esquema de corrupção, que abarca outros três países.
Rafael Ricardo e
redacção, mediaFAX nº. 6171, Maputo, 26.10.2016
Cerca
de 800 mil dólares norte-americanos terão sido pagos, em 2008, a “altos
funcionários” moçambicanos ligados ao processo negocial que culminou com a
compra, pelas Linhas Áreas de Moçambique (LAM), de aviões da fabricante
brasileira, Embraer.

O
processo em investigação engloba o pagamento de propinas, igualmente, a outros países,
nomeadamente a República Dominicana, Arábia Saudita e Índia, num processo que
permitiu que a Embraer vendesse um
total de 16 unidades.
É
exactamente no âmbito da investigação de pagamento de propinas a altos
funcionários dos quatro países que a empresa brasileira aceitou o pagamento de
um total de 205 milhões de dólares norte-americanos à justiça americana.
Na Arábia
Saudita a empresa terá pago subornos de 1.7 milhão de dólares norte-americanos e
na República terá pago um total de 3.5 milhões de dólares a um “alto funcionário
oficial” para fechar um contrato de 92 milhões de dólares.
“A Embraer pagou milhões de dólares em
subornos para conseguir contratos com sectores aeronáuticos em três continentes
diferentes”, destacou a Procuradora-Geral Adjunta dos EUA, Leslie Caldwell, em
comunicado.

Para
encerrar os casos, a Embraer aceitou
pagar 107 milhões de dólares ao Departamento de Justiça dos EUA e outros 98
milhões de dólares em multas e compensações à agência reguladora do mercado de
valores (SEC, na sigla em inglês).
Como
parte do acordo, a Embraer se comprometeu a contratar, por um período de três
anos, um consultor externo que acompanhará as políticas internas sobre
transparência.
Jurisdição
A justiça
americana tem jurisdição nesses casos, já que a Embraer, que foi privatizada em 1994, embora o Governo brasileiro
tenha participação accionista, opera na Bolsa de valores de Nova York.
“Essa
investigação começou em 2010, quando a Embraer
foi questionada por autoridades norte-americanas em relação a potenciais inconformidades
em certas transacções comerciais no exterior. Desde então, a companhia realizou
uma ampla investigação interna, conduzida de maneira independente, por
escritórios de advocacia externos”, afirmou a Embraer.
A empresa
afirmou que recentemente concluiu uma investigação interna de seis anos.
Centenas de milhares de documentos foram analisados e mais de 100 entrevistas
com funcionários e terceiros foram realizadas”, relatou.
“A
companhia aprendeu e evoluiu com essa experiência e dará continuidade à sua
trajectória de sucesso, reconhecida ao longo dos seus quase 50 anos de
existência, na qual entregou mais de 8 mil aeronaves ao mercado em mais de 90
países” – diz a companhia.
No
Brasil, o caso foi acompanhado pela Procuradoria Federal e pela Comissão de
Valores (CVM).
Antes de
a Embraer assumir a meia culpa, as
autoridades moçambicanas já tinham mostrado a sua preocupação em relação a
citação das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) como parte de um negócio com
nuances corruptas.
Interpelado
recentemente pela imprensa moçambicana, o Ministro dos Transportes e Comunicações,
Carlos Mesquita, assegurou que as autoridades iriam trabalhar para apurar a
veracidade das denúncias do pagamento de propinas a altos funcionários do
país.

Ontem, o mediaFAX tentou chegar a fala com a Linhas Aéreas de Moçambique
no sentido de ter alguma reacção em relação ao facto de a Embraer ter admitido que recorreu ao pagamento de subornos para
conseguir os contratos. Entretanto, a companhia moçambicana de bandeira não se
predispôs a falar do assunto. Enquanto isso, ao nível governamental (Ministério
dos Transportes e Comunicações), tivemos promessa, mas, até ao fecho da presente
edição não foi satisfeita.
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