MINISTRO DOS TRANSPORTES E
COMUNICAÇÕES MENTIU SOBRE CORRUPÇÃO NA COMPRA DE AVIÕES PELAS LAM
Adérito Caldeira em @verdade,
13 de Outubro de 2016
O Ministro dos
Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita, confrontado com as suspeitas de que
funcionários públicos moçambicanos terão sido subornados para que as Linhas
Aéreas de Moçambique (LAM) comprassem dois aviões Embraer em 2008, disse que o Governo ainda não recebeu informação
oficial.
A verdade é
que isso nunca deverá acontecer, pois a investigação do Departamento de Justiça
dos EUA limita-se à empresa brasileira, pois essa é que está cotada na sua
bolsa de valores. Aliás o Ministro Mesquita mentiu quando afirmou que as contas
das LAM são devidamente apresentadas.
“Ainda não
temos evidência nenhuma. Eu próprio tive conhecimento da informação através das
redes sociais”, disse Carlos Mesquita a jornalistas, à margem de uma reunião do
seu partido político. O Ministro, desafiando o Departamento de Justiça
norte-americano, disse: “Quem é de direito terá que fazer uma avaliação, uma
investigação ou auditoria e trazer depois a informação certa para ser
devidamente tratada”.
Acontece que
a investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América da
Comissão de Valores Mobiliários resulta de averiguações dos órgãos
que fiscalizam o mercado norte-americano de acções, porque a empresa brasileira
de construção de aeronaves está cotada na Bolsa de Valores de Nova York e, por
isso, para a investigação em apreço, as Linhas Aéreas de Moçambique, e o nosso
País, não interessam aos investigadores.
Inclusivamente
a suspeita de corrupção no negócio com às LAM só surgiu após a investigação
norte-americana ter comprovado que, efectivamente, a Embraer pagou subornos numa venda de aviões militares à República
Dominicana.
Aliás, numa
evidente assumpção de culpa, a Embraer
tornou público nesta quarta-feira (14) que procura finalizar acordos com as
autoridades dos Estados Unidos da América e do Brasil para encerrar caso em que
a empresa é acusada de ter descumprido leis anti-corrupção.
Além disso,
de acordo com a agência Reuters, a
empresa disse estar a ultimar outro acordo com o Ministério Público Federal e a
Comissão de Valores Mobiliários do Brasil para a resolução de alegações de
descumprimento de determinadas leis brasileiras.
Entretanto,
ainda em declarações a jornalistas na Escola Central do Partido Frelimo, na
Matola, o titular dos Transportes e Comunicações aclarou que as contas das LAM
são devidamente apresentadas, o que não é verdade. A existirem Relatórios e
Contas das décadas de exercícios financeiros da companhia aérea nacional, esses
nunca foram divulgados publicamente como a Lei manda.
O Ministro Carlos
Mesquita, mais do que anunciar investigações, deve garantir que as LAM, onde os
moçambicanos são accionistas através do Estado, publiquem os seus Relatórios e
Contas passados para que se possa aferir, não só o negócio com a Embraer, mas todos os outros realizados
desde 1998.
“Há factos
que são inegáveis que são os processos de transacções, portanto o Governo
poderá, sem dúvidas, aferir esses valores através de relatórios ou processos de
aquisição e ver exactamente qual é a verdade que existe nesta informação”,
declarou também o Ministro dos Transportes e Comunicações induzindo em erro os
menos atentos.
A corrupção
neste caso com Embraer não tem a ver
com sobre-facturação ao Estado moçambicano, mas sim com “luvas” que terão sido
pagas a funcionários públicos moçambicanos. E o Ministro Carlos Mesquita, que continua
a ser um empresário privado (não se sabe se nos tempo livres ou em simultâneo
com o cargo que ocupa no Governo), ironicamente actuando em conflito de
interesses com o seu pelouro, sabe como são pagas as “luvas” para facilitar
negócios.
Dos factos
A brasileira Embraer é suspeita de ter pago suborno a funcionários públicos
moçambicanos para fecharem a primeira venda de aviões da empresa para o
continente africano, em 2008, num negócio com as Linhas Aéreas de Moçambique
(LAM), estimado em 75 milhões de dólares norte-americanos.
Na sequência de investigações
conduzidas pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América (EUA), em
curso desde 2010, e despoletada pela venda de aviões militares para a República
Dominicana, a Embraer é acusada de
pagar subornos em negócios na Arábia Saudita, Índia e em Moçambique, segundo noticia
a edição desta quinta-feira (06) do jornal Folha
de São Paulo.
“A apuração sobre a venda de aeronaves
em Moçambique permanecia em sigilo até o momento. Os investigadores se
concentraram nos negócios da Embraer
feitos com países estrangeiros entre 2008 e 2010. O caso moçambicano aconteceu
em 2008. A fabricante brasileira vendeu naquele ano dois jactos Embraer 190 às LAM”, reporta o jornal
brasileiro que indica que contribuíram para as investigações os depoimentos de
funcionários e colaboradores da construtora brasileira de aviões.
De acordo com o jornal, depois de ser
apanhada pelo pagamento de suborno a autoridades dominicanas, a Embraer passou a colaborar com o
Departamento de Justiça dos EUA e a SEC,
órgão que fiscaliza o mercado norte-americano de acções - os papéis da empresa
brasileira são negociados na Bolsa de Valores de Nova York.
A Embraer,
avança o Folha de São Paulo,
contratou uma empresa de advocacia para fazer uma auditoria nos negócios
estrangeiros da companhia, tendo enviado os resultados da investigação para o
Departamento de Justiça e para o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro. Em
Julho a Embraer divulgou um comunicado informando que pôs de lado 200 milhões
de dólares para pagar multas decorrentes do processo.
O jornal brasileiro refere que,
actualmente, a empresa está na fase final de negociação com as autoridades
americanas e brasileiras sobre o valor da multa a ser pago e qual a percentagem
dessa multa vai para o governo dos EUA e qual ficará no Brasil. Além da punição
financeira, a Embraer terá que
adoptar normas de "compliance" (medidas anti-corrupção) e será
fiscalizada por dois monitores externos, um brasileiro e outro norte-americano.
Sobre
o negócio
A empresa brasileira não quis dar
detalhes do processo referente à venda de dois aviões Embraer 190 para às LAM na altura dirigidas por José Viegas, na
qualidade de presidente do conselho de administração.
Em Agosto de 2009, quando a primeira
aeronave de fabrico brasileiro, Embraer
190, chegou a Maputo, o jornal Notícias
reportou que cada um dos dois aviões comprados, através de uma operação
financeira montada pelo Banco Comercial e de Investimentos (BCI), teriam
custado cerca de 35 milhões de dólares norte-americanos.
As contas das LAM não são públicas, a
empresa nunca publicou um Relatório e Contas como a lei prevê. O maior
accionista das LAM é o Estado moçambicano através do Instituto de Gestão das
Participações do Estado.
Na semana passada o Gabinete Central
de Combate a Corrupção de Moçambique anunciou estar a investigar a aquisição,
venda e aluguer de duas aeronaves Q 400, em 2008, durante a gestão de José
Viegas. Para apurar os detalhes do negócio, decorre uma auditoria que está a
ser conduzida pela Inspecção Geral de Finanças.
Conflito
de interesses
O Ministro Carlos
Alberto Fortes Mesquita está a violar a Lei da Probidade Pública ao ser titular
de participações em cinco sociedades comerciais que têm interesses em decisões
e negócios do Ministério dos Transportes e Comunicação, que ele dirige desde 19
de Janeiro de 2015.
Com a
cumplicidade silenciosa da Comissão Central de Ética Pública, Carlos Mesquita
criou inclusivamente uma dessas sociedades, (que se propõe, entre outras
actividades, a explorar terminais rodoviários, ferroviários, multimodais) já
depois de ocupar um lugar no Governo de Filipe Jacinto Nyusi, seu antigo colega
de escola e de trabalho.
Conhecido
pelo seu background no sector de
transportes ferroviários e portuários, Carlos Mesquita iniciou-se no sector
privado em 1996, numa sociedade denominada Danimo
- S.S. Danish-Mozambique - Service System, Limitada, com os irmãos Adelino
e Joaquim Manuel Fortes Mesquita.
O @Verdade apurou que, no ano seguinte,
Carlos Mesquita constituiu a Sociedade de
Consultoria, Serviços e Representação, Limitada (CONSER), com os irmãos
Paulo Jorge e Joaquim, alargada para um cidadão de nacionalidade finlandesa
Risto Martti Kontturi, um outro cidadão identificado pelo nome de Seppo Antero
Yliraisanen e ainda com o esposo da sua irmã, José Kataoo de Nascimento Amaral.
Um ano
depois, Carlos Mesquita, em sociedade com os irmãos Joaquim, Adelino, Paulo
Jorge, Leonel e o cidadão de nacionalidade finlandesa Risto Martti Kontturi,
criou, em Março de 1998, uma empresa para o transporte de cargas, passageiros e
turistas em Moçambique e para o estrangeiro, denominada Transportes Carlos Mesquita, Limitada, vulgarmente conhecida como
TCM.
Carlos
Mesquita passa para a gestão da Cornelder
de Moçambique Sarl, uma sociedade
entre a empresa holandesa Cornelder B.V e os Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), a quem foi atribuída a
concessão da gestão das infra-estruturas ferro-portuárias e a exploração dos
terminais de contentores e de carga geral no Porto da Beira, em Outubro de
1998. Informações não documentadas dão conta de que o antigo Presidente de
Moçambique, Armando Emílio Guebuza, será também um dos sócios desta empresa.
Entretanto,
começara a exploração de carvão mineral em Tete que, para chegar aos mercados,
tem de ser transportado pelo sistema ferroviário precário do centro. Camiões de
grande tonelagem também foram usados pelas multinacionais que não pouparam
dinheiro para que o carvão chegasse ao Porto da Beira e daí ser exportado.
O início do
império
Passam seis
anos e o actual Ministro dos Transportes e Comunicações cria, em Julho de 2004,
a sociedade Cornelder Quelimane, SARL,
que já nasceu com o objecto social de gestão e operação do Porto de Quelimane.
Por uma feliz ironia do destino, o seu padrinho de casamento vence as eleições
e torna-se Presidente de Moçambique.
O @Verdade apurou que a Cornelder Quelimane, além de ser
participada pela multinacional holandesa Cornelder
e pelos Caminhos-de-Ferro de Moçambique,
tem como sócios o actual Ministro dos Transportes e Comunicações, Rui Fonseca
(que na altura da constituição da sociedade era Presidente do Conselho de
Administração dos CFM), Domingos Bainha (que na altura da constituição da
sociedade era membro do Conselho de Administração dos CFM) e ainda Miguel
Matabele.
Parece coincidência uma
empresa de membros seniores dos Caminhos-de-Ferro
de Moçambique ter ganho a concessão da gestão do Porto de Quelimane,
atribuída justamente pelos Caminhos-de-Ferro
de Moçambique.
Em finais de
2006 os irmãos Mesquita, e o marido da irmã Célia, criam uma nova empresa do ramo
de transportes, a Danmo Service System,
Limitada. Segundo o @Verdade
apurou, além da exploração de oficinas de manutenção e reparação de
equipamentos para a indústria de transporte e manuseamento de cargas e o
fornecimento, em regime de aluguer, de equipamento para a indústria de
transporte e manuseamento de cargas, esta sociedade também tem no seu objecto
social a “exploração de terminais marítimos, ferroviários, rodoviários e
multimodais, de carácter nacional, internacional e de trânsito” e ainda a “exploração
de portos secos, vulgarmente denominadas dry
ports”.
Em Fevereiro de 2007 a sociedade Transportes Carlos Mesquita, Limitada,
recebeu como sócios mais dois irmãos Mesquita (Celso e Célia) e o esposo da
irmã. O @Verdade apurou que a
sociedade alargou o seu objecto social para quase todos os ramos de actividade:
“O exercício da actividade de transporte rodoviário, marítimo e aéreo de cargas
e de passageiros nas rotas nacionais e internacionais; A exploração de oficinas
de reparação e de manuseamento de cargas; A exploração de parques de
estacionamento de viaturas; Comercialização de peças e acessórios para viaturas
e equipamentos; A exploração de terminais marítimos, ferroviários, rodoviários
e multimodais, de carácter nacional, internacional e de trânsito; A exploração
de portos secos, vulgarmente denominadas dry
ports; Prestação de serviços de armazenagem, processamento de cargas e de
logística; Prestação de serviços especializados de operação de equipamentos de
manuseamento de carga portuária em terra e a bordo de navios; Venda ou aluguer,
de equipamentos especializados para actividades portuárias, ferroviárias,
rodoviárias e aeroportuárias; Prestação de serviços de assistência técnica
especializada em matéria de gestão e operação portuária, ferroviária e
rodoviária; Exercício da actividade de exportação e importação de mercadorias e
comércio geral; Exercício da actividade industrial nos ramos alimentar,
metalomecânica e madeireiro; A exploração de unidades agro-pecuárias; Exercício
da actividade hoteleira, mobiliária e turística; A exploração de unidades de
extracção e processamento de minérios; Representação de sociedades comerciais
domiciliadas ou não no território da República de Moçambique; Representação e
comercialização de marcas nacionais e internacionais; Construção e manutenção
de vias rodoviárias, ferroviárias e pontes”, e também a prestação de qualquer
outro serviço relacionado, directa ou indirectamente, com o seu objecto social.
Em Abril de 2008, Carlos Mesquita
alarga o seu portfólio de negócios para o “fomento e desenvolvimento da
actividade agro-pecuária, processamento, distribuição e comercialização de
produtos agro-pecuários”, com a constituição de uma sociedade individual Rancho Muxikita, Sociedade Unipessoal
Limitada.
Empresas à medida das necessidades dos
Caminhos-de-Ferro de Moçambique
Ainda naquele ano, em Agosto, os
irmãos Mesquita e o cunhado criaram uma nova empresa de transportes: a Multiserviços, Limitada. De acordo com
as investigações do @Verdade, o
objecto social desta nova empresa é em quase tudo similar ao da Danmo Service System, Limitada também
propriedade dos mesmos sócios.
Embora não tenha sido possível comprovar, há fortes indicações de que estas empresas, com objecto social vocacionado ao fornecimento de serviços no ramo dos transportes marítimos e ferroviários, foram criadas à medida para fornecerem serviços à única empresa que detém o sistema ferro-portuário em Moçambique: os Caminhos-de-Ferro de Moçambique, que desde o final da década de noventa começou a transferir a gestão dos portos e dos caminhos-de-ferro para empresas privadas.
Carlos Mesquita é quadro dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique há
vários anos, onde desempenhou, entre outras funções, a de Director dos CFM na
Beira, antes de passar para a gestão da Cornelder
de Moçambique Sarl, na qual desempenhou as funções de Director, Presidente do
Conselho de Administração e Administrador Delegado. O seu irmão, Adelino
Mesquita, também é quadro da empresa ferro-portuária em que, entre outras
funções, foi Administrador. Ambos exerceram altos cargos de chefia e decisão
nos CFM, enquanto paralelamente mantêm interesses em empresas privadas cujo
objecto é fornecer bens e serviços ferro-portuários. Com a saída de Carlos
Mesquita da Cornelder de Moçambique Sarl
para o Governo, entrou para a empresa o seu irmão Adelino Mesquita.
O @Verdade
apurou que, no ano de 2013, Carlos Mesquita constituiu mais duas sociedades com
os seus irmãos Joaquim, Adelino, Paulo Jorge, Celso, Célia e ainda o cunhado
José Amaral. Em Março criaram a Mespar, Limitada
para, entre outras actividades, gerir participações financeiras e, em Agosto,
criaram o Grupo Mesquita, S.A. também
para a gestão de participações financeiras e gestão de empresas, entre outras
actividades.
Afilhado de Guebuza e colega de Nyusi
Entretanto, termina o último mandato
do padrinho Armando Guebuza e ascende ao poder em Moçambique Filipe Jacinto
Nyusi que, por mais uma feliz coincidência do destino de Carlos Mesquita, foi
seu colega. Primeiro na Escola Secundária Samora Machel na cidade da Beira, em
1981, depois deram aulas na Escola Técnica, actual Escola Industrial e
Comercial da Beira, estiveram também juntos durante algum tempo na Universidade
Eduardo Mondlane e trabalharam juntos nos Caminhos-de-Ferro
de Moçambique. Agora Carlos Mesquita e Filipe Nyusi voltaram a trabalhar
juntos, no Governo de Moçambique.
O @Verdade apurou que, no dia 29 de Janeiro de 2015, dez dias após tomar posse como Ministro, “foi constituída, entre Grupo Mesquita, S.A. e Mespar, Limitada, uma nova sociedade comercial por quotas de responsabilidade limitada denominada Mozambique Logistic Park, Limitada”.
Com sede na cidade da Beira, na
avenida Base N´Tcinga, nº 2575, no Bairro Munhava, na zona Industrial, o @Verdade apurou que a sociedade “tem por
objecto principal a exploração de terminais de carga rodoviária, ferroviária e
multimodais de carácter nacional e internacional em trânsito, a exploração de
portos secos, vulgarmente denominados dry
ports, exploração de armazéns de regime aduaneiro de trânsito, o
fornecimento, em regime de aluguer, de equipamentos para a indústria de
transporte e manuseamento de cargas”.
O objecto desta mais recente sociedade
inclui também, entre outras actividades de transporte ferroviário e rodoviário,
a “Prestação de serviços de assistência técnica especializada em gestão e
operação portuária, ferroviária, rodoviária e multimodal; Prestação de assessoria
e consultoria em tecnologia e gestão portuária, ferroviária, rodoviária e
multimodal; Aluguer de equipamentos especializados para utilização em terminais
portuários, ferroviários, rodoviários e multimodais”.
Conflito de interesses patrimoniais e
de parentesco
O @Verdade
procurou, sem sucesso, ao longo de várias semanas, obter um comentário de
Carlos Mesquita, particularmente sobre se o Ministro tem consciência de que,
como funcionário público que é, está em conflito de interesses de acordo com os
artigos 37 e 39 da Lei da Probidade Pública.
“Existe conflito de interesse
decorrente de relações de parentesco quando o servidor público tenha de tomar
decisões, praticar um acto ou celebrar um contrato em que nele tenha interesse
financeiro ou de qualquer outra natureza: c) qualquer parente até ao 2º grau da
linha colateral”, número 1 do artigo 37.
“Para efeitos da presente Lei
considera-se existirem relações patrimoniais passíveis de criar conflito de
interesses quando o servidor público: a) seja titular ou representante de
outras pessoas em participações sociais ou acções em qualquer sociedade
comercial, civil ou cooperativa, que tenha interesse numa decisão, negócio ou
qualquer tipo de relação de natureza patrimonial, com a entidade a que pertence
e que tenha interesse na decisão a tomar”, artigo 39.
Comissão de ética não aplica a Lei
Não foi possível também obter uma
reacção da Comissão de Ética Pública, criada exclusivamente para aplicar a Lei
16/2012 de 14 de Agosto, com o objectivo de assegurar a moralidade, a
transparência, a imparcialidade e a probidade públicas pela Assembleia da
República. A assessoria de imprensa informou que o presidente da Comissão
recebeu o pedido do @Verdade mas
ainda não se disponibilizou para responder às nossas questões.
O @Verdade
procurou apurar que trabalho foi realizado por esta Comissão composta por nove
membros - Evaristo Mário, Adriano Silvestre, Elsa Alfaia, Rafael Sebastião,
David Sibambo, Sinai Nhatitima, Carlos Machill, Jamisse Taimo e André Magibire
- que está em funções desde 24 de Janeiro de 2013 e cujo mandato termina este
ano.
Nada de palpável encontrámos, quando
existem pelo menos dois ministros em conflitos de interesses, salvo o que
apresentaram no encontro que tiverem com o Presidente Nyusi, “análise e
reflexão de algumas denúncias recebidas, realização de campanhas de
sensibilização e a expansão do órgão ao nível local e dos sectores de
actividade”, e também estará a acompanhar o processo da declaração de bens por
parte dos titulares dos órgãos de Estado e de soberania bem como dos
magistrados judiciais e do Ministério Público.
A Lei da Probidade Pública não prevê nenhuma penalização clara para os funcionários públicos em conflito de interesses, diz apenas o que não devem e podem fazer no exercício das suas funções. “A sanção que existe é que quem estiver em conflito de interesses deve ser obrigado a conformar-se com a Lei (…) caso contrário entram em desobediência”, explicou-nos Baltazar Fael, do Centro de Integridade Pública.
Recordando que, no seu discurso de
tomada de posse, o Presidente Nyusi prometeu um Governo “firme na defesa do
interesse público” e que iria assegurar que as instituições estatais e públicas
fossem “o espelho da integridade e transparência na gestão da coisa pública, de
modo a inspirar maior confiança no cidadão”. É preocupante a existência de dois
ministros em claro conflito de interesses, o que viola a Lei de Probidade
Pública, como é o caso do Ministro Celso Correia, e a passividade, não só do
Chefe de Estado, como também das instituições que é suposto assegurarem o
cumprimento da Lei.
Mais preocupante ainda é quando
olhamos para o Plano Quinquenal do Governo de Nyusi e notamos que, entre os
objectivos estratégicos, estão alguns potenciais negócios para o clã Mesquita:
reabilitar, expandir e construir portos em Nacala-Porto, Pemba e Macuse;
iniciar a construção da linha férrea Tete-Macuse; reabilitar as linhas férreas
de Cuamba / Lichinga, Machipanda e Ressano Garcia.
Portanto o Ministro Carlos Mesquita
deve demitir-se ou então o mais alto Magistrado da Nação, e empregado do povo
moçambicano, deve fazer cumprir a Lei e demiti-lo.
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