DETIDA EX-PCA DO FUNDO DE DESENVOLVIMENTO
AGRÁRIO
O PAÍS, A verdade como notícia, 27 de Setembro de 2016
Um
comunicado do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) confirma que a
ex-Presidente do Conselho de Administração do Fundo de Desenvolvimento Agrário
(FDA), Setina Titosse foi detida, na semana passada.
“As ex-PCA,
em coordenação com os outros arguidos, forjaram a existência de projectos
agro-pecuários, aos quais seriam, supostamente, desembolsados valores
monetários a título de financiamento por parte do FDA. Entretanto, os arguidos
apoderavam-se ilicitamente dos referidos valores monetários, não tendo lugar os
projectos almejados”, lê-se no documento.
A PGR revela
ainda que nalgumas ocasiões, os referidos projectos eram implantados em parte,
através da aquisição de gado. Isto fazia com que 50 a 70% do financiamento
concedido pelo fundo aos mutuários, uma vez disponibilizado nas contas destes,
fossem transferidos ou levantados indevidamente, para depois serem encaminhados
à Titosse.
“Outras
vezes, mediante acordos prévios com os proprietários de determinadas empresas
contratadas pelo FDA, a ex-PCA logrou receber dos mesmos, entanto que
fornecedores de serviços, contrapartidas financeiras a título de luvas (conferir
vantagem ou preferência a um negócio determinado), uma vez ser a mesma quem
adjudicava o vencedor e rubricava os contractos em representação do FDA”, diz o
comunicado do GCCC.
A ex-PCA é
ainda acusada de ter ordenado, ao longo do exercício de 2014, a concessão de
subsídios equivalentes a mais um salário em determinadas datas festivas, tais
como o 1° de Maio, 25 de Junho. Estes subsídios destinavam-se a si e aos demais
funcionários, sem qualquer base legal.
“Titosse
ordenou, igualmente, ao Departamento de Finanças do FDA, que efectivasse o
pagamento de despesas de deslocações de nível interno, em moeda estrangeira,
dólar norte-americano, em seu benefício, auferindo valores monetários
superiores aos devidos, nos termos da tabela em vigor no Aparelho do Estado,
aplicável por sinal ao FDA”, avança o comunicado.
Para além de
Setina Titosse, o documento do Gabinete Central de Combate à Corrupção revela
que há outros 11 arguidos detidos em conexão com crimes de corrupção, peculato
e tráfico de influências.
EDITORIAL
HÁ MAIS FRUTAS PODRES NESSA ÁRVORE
@Verdade, 30 de Setembro de2016
A notícia
que dá conta da prisão da ex-Presidente do Conselho de Administração do Fundo
de Desenvolvimento Agrário (FDA) não nos deve distrair dos inúmeros problemas
de corrupção que infesta o aparelho do Estado. Aliás, este caso é paradigmático
do que, nestes últimos tempos, tem estado a acontecer nas instituições públicas
ou do Estado. Ou seja, é a prova cabal do que sempre fazem todos os indivíduos
sem entranhas de humanidade quando lhes são confiados a coisa pública.
Os
dirigentes moçambicanos, após a sua nomeação, a primeira coisa que
invariavelmente fazem, diga-se de passagem com mestria, é espoliar a pátria de
todos nós de modo a satisfazer os seus insaciáveis estômagos e garantir que os
seus descendentes venham ficar a cobertos de preocupações financeiras no
futuro.
Moçambique
continua a liderar o ranking dos
piores países do mundo, devido a esse bando de corruptos que tomaram conta do
Estado moçambicano. Na verdade, o caso da ex-PCA da FDA veio revelar aos
moçambicanos que a corrupção organizada continua aí, aparentemente sem rosto, a
decidir sobre os destinos dos moçambicanos e da pátria. Se o Gabinete de
Combate à Corrupção fizer o seu trabalho sem ameias ideológicas que o amarram,
certamente irá neutralizar toda essa imoralidade que grassa no país e, sem sombras
de dúvidas, faltarão celas para encarcerar todos os corruptos que continuam
impunes.
Não há outra
maneira de salvarmos Moçambique, que não seja através da exigência de prestação
de contas por parte dos nossos dirigentes. Só os moçambicanos organizados e
unidos forçarão a mudança do comportamento desses corruptos que continuam a
dirigir os destinos deste país.
Até agora,
os moçambicanos têm abdicado da sua responsabilidade e da sua iniciativa
política em relação à pátria amada porque nunca se acharam capazes de se
afirmar perante os seus superiores hierárquicos devido à debilidade das
estruturas de governação. Na verdade, limitamo-nos sempre a dizer viva e ámen
às perversas decisões e a obedecer aos chefes amantes do latrocínio cometido em
nome do partido no poder.
Não devemos
aceitar que uma minoria corrupta continue a dirigir a nau das instituições
públicas e do Estado e a ampliar o seu património pessoal até para lá do
inaceitável em detrimento dos legítimos interesses da maioria. Cabe a nós, como
povo, derrubá-los do trono.
Portanto,
jamais devemos permitir que o nosso país continue a ser visto como uma das mais
infame das rameiras sobre o planeta terra por causa de meia dúzia de pessoas
que estão na origem de toda a injustiça estrutural em Moçambique.
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