A WIKILEAKS OFERECE RECOMPENSA POR VAZAR DOCUMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO BARACK
OBAMA
Raúl
Mourinho Kuyeri, 04 de Janeiro de 2017
A edição de hoje, dia 04 de Janeiro de
2017, a Agência francesa de notícias France
Press (AFP), refere que a organização
WikiLeaks anunciou ontem, dia 03 de
Janeiro de 2017, em mensagem divulgada no seu Twitter, uma valiosa recompensa a quem vazar documentos da Casa
Branca antes do fim do mandato do actual Presidente dos Estados Unidos da
América (EUA), Barack Obama, a 20 de Janeiro de 2017.
Segundo a AFP, o australiano Julian
Assange, fundador e patrono da WikiLeaks,
uma organização especializada na revelação de documentos secretos, actualmente
refugiado na Embaixada do Equador em Londres, no Reino Unido (UK), reafirmou
que a Rússia não está por detrás do vazamento dos e-mails da candidata presidencial democrata Hillary Clinton. Na sua
mensagem, Julian Assange, apela para o seguinte: "Aviso os administradores
informáticos: Não deixem a Casa Branca destruir novamente a história dos Estados
Unidos! Copiem os documentos agora e os enviem à WikiLeaks quando quiserem! Oferecemos uma recompensa de US$20 mil por
qualquer informação que permita a detenção ou o desmascaramento de qualquer
agente da administração Barack Obama que tenha destruído documentos importantes".
Por sua vez, a rede norte-americana de
televisão Fox News divulgou uma longa
entrevista com Julian Assange, gravada na Embaixada do Equador em Londres, onde
está refugiado desde junho de 2012. Julian Assange negou revelar a fonte que enviou
à WikiLeaks os e-mails de John Podesta, Director da Campanha Eleitoral de Hillary
Clinton. Entre eles constam três discursos da ex-Secretária de Estado Hillary
Clinton, remunerada pelo banco Goldman
Sachs, que dá evidência aos vínculos da candidata democrata com os círculos
do capital financeiro de Wall Street.
Hillary Clinton acusou o Governo russo
de ser o responsável pelos vazamentos, uma acusação compartilhada pela Administração
norte-americana que denuncia o envolvimento do Presidente russo Vladimir Putin
e que a WikiLeaks teria ajudado seu
adversário, candidato presidencial republicano Donald Trump, a vencer a eleição
presidencial do passado dia 08 de Novembro de 2016.
Durante a entrevista concedida à Fox News, Julian Assange reiterou que "a
fonte não é o governo russo", tendo considerado ser "impossível
dizer" se a revelação do conteúdo dos referidos e-mails teria favorecido a Donald Trump naquela eleição presidencial
de 08 de Novembro de 2016. Porém, ele referiu que, se isso aconteceu, o que teria
"dado uma guinada na eleição" foi o conteúdo das "verdadeiras
declarações" de Hillary Clinton e seu impacto na opinião pública
norte-americana.
A WikiLeaks
teria divulgado igualmente 20 mil e-mails
internos do Partido Democrata da candidata presidencial Hillary Clinton que
revelavam um tratamento preferencial dos líderes do partido à ela em detrimento
do seu arquirrival Bernie Sanders, o que provocou a renúncia do Presidente do Comité
Nacional dos Democratas.
Refira-se que Julian Assange, de 45 anos
idade, é cidadão australiano refugiado há cinco anos na Embaixada do Equador em
Londres, acusado de crimes sexuais e para evitar uma extradição para a Suécia,
que solicitou sua captura, após uma alegada denúncia de estupro apresentada por
uma mulher sueca em 2010. Julian Assange nega os factos e diz que se trata de
uma manobra para extraditá-lo aos EUA para ser julgado pela divulgação de
informações secretas, onde teme ser condenado por ter vazado cerca de 500 mil
documentos confidenciais sobre a invasão norte-americana no Iraque e no
Afeganistão em 2010, além de 250 mil comunicados diplomáticos que criaram
graves constrangimentos a Washington.
E-mails da Convenção Democrática Nacional
Julian
Assange explicou que, “no caso dos vazamentos de e-mails da Convenção Democrática Nacional (DNC), por exemplo, os
lançamos o mais rápido que pudemos, para tentar fazer isso antes da Convenção
Nacional Democrata, obviamente porque as pessoas têm o direito de saber em quem
estão votando. O mesmo ocorre aqui para o processo eleitoral dos Estados
Unidos”, acrescentou.
As
revelações de Julian Assange teriam embaraçado os Democratas e a actual
Administração norte-americana, o que levou a que o actual Presidente dos EUA,
Barack Obama, solicitasse, no dia 09 de Dezembro de 2016, uma investigação
completa dos actos de ataques cibernéticos durante todo o processo da eleição
presidencial de 08 de Novembro de 2016, do qual se alegava indícios de ingerência russa.
Na ocasião, a Assessora do Presidente Barack Obama para os Assuntos
de Segurança Interna, Luisa Monaco, afirmou, durante uma entrevista do Café da
Manhã com o jornal The Christian Science
Monitor, que “o Presidente ordenou à Comunidade de Inteligência que realize
uma investigação completa do que aconteceu durante o processo eleitoral de
2016". Luisa Monaco acrescentou que Barack Obama esperava por um relatório
de inquérito exaustivo antes do fim do seu mandato a 20 de Janeiro de 2017,
quando o republicano Donald Trump tomaria posse como o novo inquilino da Casa
Branca.
O pedido de
investigação foi feito depois de a Bancada dos democratas no Congresso ter pressionado
o Governo do Presidente Barack Obama para que revelasse detalhes das invasões
virtuais russas durante o processo eleitoral. Foi assim que, a 07 de Outubro de
2016, Oficiais da Inteligência norte-americana emitiram um comunicado conjunto
do Departamento de Segurança Interna e do Gabinete do Director de Inteligência
Nacional (DNI), anunciando que a Rússia "dirigiu os recentes vazamentos de
e-mails de indivíduos e de
instituições norte-americanas, incluindo os de organizações políticas dos Estados
Unidos. Esses roubos e divulgações pretendem interferir no processo
eleitoral".
Aquele comunicado
referia-se ao vazamento, por parte da WikiLeaks
e de outros sites, de e-mails invadidos nas contas de John
Podesta, Assistente da candidata democrata Hillary Clinton, e do Comitê
Nacional Democrata. A exposição desse material colocou o partido e a própria
Hillary numa situação delicada, durante uma das mais agressivas e acirradas
campanhas eleitorais que o país já viu. Inúmeras vezes, Donald Trump rejeitou a
acusação de que Moscovo tenha tido algo a ver com esses vazamentos que
prejudicaram Hillary Clinton e que, segundo alguns analistas, teriam
contribuído para a sua derrota nas urnas a 08 de Novembro de 2016.
Na sequência das conclusões do Departamento
de Segurança Interna e do Gabinete do Director de Inteligência Nacional (DNI),
no passado dia 29 de Dezembro de 2016, o actual Presidente dos EUA, Barack
Obama, ordenou a expulsão de 35 diplomatas russos, alegadamente pelo seu
suposto envolvimento na interferência das eleições norte-americanas de 2016.
Tratou-se de diplomatas da Embaixada da Rússia em Washington DC e do Consulado da
Rússia em San Francisco que foram declarados persona non grata, devendo abandonar o país, junto com as
suas famílias, em 72 horas, de acordo com um Despacho do Departamento de Estado
dos EUA.
Anda na sequência da mesma decisão, foram
fechadas duas instalações russas em Nova Iorque e em Maryland, alegadamente
porque eram usadas para fins de espionagem. O acesso a elas foi bloqueado
desde a manhã do mesmo dia 29 de Dezembro de 2016. Pelas regras de
reciprocidade, já era esperado que a Rússia expulsasse também diplomatas norte-americanos
do seu território, depois de terem sido anunciadas ainda sanções contra nove
entidades e individualidades russas, entre as quais a Agência de Inteligência da
Rússia (FSB).
O Departamento do Tesouro norte-americano,
citando um despacho do Presidente Barack Obama, afirmou na ocasião que a medida
tem por alvo responsáveis por "minar os processos e as instituições
eleitorais. Estas acções seguem repetidos alertas públicos e particulares
que emitimos ao Governo russo e são uma resposta necessária e apropriada aos
esforços para prejudicar os interesses norte-americanos ao violar as normas
internacionais de comportamento estabelecidas. Estas acções não representam a
totalidade da nossa resposta às actividades agressivas da Rússia. Continuaremos
a adoptar uma variedade de medidas no momento e local de nossa escolha, algumas
delas não serão divulgadas", acrescentou o Tesouro norte-americano no seu
comunicado.
O Presidente Barack Obama havia
prometido antes adoptar medidas contra a Rússia, ao acusar autoridades daquele país
de estarem dirigir actividades dos hackers contra
o Partido Democrata e a campanha eleitoral da sua candidata presidencial
Hillary Clinton, o que teria culminado com a abertura daquela investigação sobre
todos os actos de ataques cibernéticos ocorridos durante o período eleitoral de
2016. O objectivo era ter um relatório exaustivo antes do fim do mandato do
actual Presidente dos EUA a 20 de Janeiro de 2017 com a tomada de posse do Presidente
eleito, o republicano Donald Trump.
A Rússia sempre negou o seu envolvimento
no caso e, em resposta às medidas tomadas por Washington, Kremlin disse que as
sanções "destroem as relações diplomáticas" entre os dois países.
FBI
descobre mais 14.900 e-mails não
divulgados por Hillary
De acordo com directivas presidenciais,
tornadas públicas a 22 de Agosto de 2016, as conclusões sobre a investigação da
natureza das mensagens dos e-mails
vazados no site da WikiLeaks deveriam ser publicadas pelo
Departamento de Estado antes das eleições presidenciais de 08 de Novembro de
2016. A Polícia Federal de Investigação dos EUA, (FBI) descobriu mais 14.900 e-mails de Hillary Clinton que não foram
entregues às autoridades norte-americanas pelos seus advogados. A candidata
democrata estava sendo investigada pelo uso indevido de um servidor privado de
mensagens quando actuava como Secretária de Estado na Administração de Barack
Obama, entre 2009 e 2013.
Estes novos e-mails foram uma adição significativa
às 30 mil mensagens que os advogados de Clinton entregaram ao FBI em 2014. De
acordo com o jornal Washington Post, as mensagens já estavam sendo escrutinadas
pelo Departamento de Estado, que precisava definir quais das informações estavam
relacionadas a questões de trabalho para poder divulgar os respectivos documentos.
O processo de avaliação dos e-mails
terminou nos meses seguintes, obedecendo os prazos que haviam sido determinados
pelo juiz federal James E. Boasberg, para que fossem levados ao público antes
das eleições presidenciais de 08 de Novembro de 2016. O conteúdo da nova leva teria
prejudicado ainda mais a campanha de Hillary Clinton na disputa pela Casa
Branca contra o magnata Donald Trump, já que o caso era a principal arma do
candidato republicano contra Hillary Clinton.
Em reacção à descoberta
pelo FBI de mais 14.900 e-mails de Hillary Clinton, o porta-voz da campanha
democrata, Brian Fallon, declarou que o partido apoiava a divulgação das
novas mensagens: “Não temos certeza sobre quais materiais adicionais o
Departamento de Justiça pode ter localizado, mas se o Departamento de Estado
determinar que qualquer um deles é relacionado a trabalho, então obviamente
devem se tornar públicos”, afirmou em comunicado.
Refira-se
que em Julho de 2016, o FBI havia determinado
que Hillary Clinton não deveria ser indiciada judicialmente
pelo uso indevido do seu servidor de e-mails,
uma decisão acatada pela Procuradora-Geral dos EUA, Loretta Lynch. Na ocasião,
James Comey, Director do FBI, afirmou que a candidata foi “extremamente
descuidada”, mas que acreditava que os e-mails
não foram “intencionalmente excluídos” por Hillary Clinton. Ainda assim, o
episódio causou desconfiança do eleitorado e manchou a imagem da candidata
democrata na corrida à Presidência.
Assange diz que há “muito material” da campanha a ser revelado
No dia 26 de Julho de 2016, o fundador do site WikiLeaks concedeu uma entrevista à cadeia norte-americana de notícia CNN após o vazamento de e-mails que abalaram a Convenção Nacional do Partido Democrata Julian Assange tria afirmado à CNN que o seu site poderia revelar ainda “muito material” relevante da campanha eleitoral norte-americana. A sua declaração foi feita dias após o vazamento e divulgação pela WikiLeaks um conjunto de e-mails logo após a indicação de Hillary Clinton como candidata democrata para concorrer à Casa Branca a 08 de Novembro de 2016.
Quatro dias
antes, a 22 de Julho de 2016, a WikiLeaks
já havia divulgado mais de 20 mil e-mails
trocados entre os membros do Partido Democrata. As mensagens divulgadas
por um suposto hacker e,
posteriormente pelo site da WikiLeaks, revelavam que os líderes
democratas podem ter favorecido Hillary Clinton nas primárias do partido,
prejudicando o outro pré-candidato, Bernie Sanders. Os democratas acusaram o
Presidente russo, Vladimir Putin, de estar por detrás do vazamento, para
tentar favorecer o candidato republicano Donald Trump.
Na
entrevista à CNN, Julian Assange não negou nem confirmou se o vazamento tinha
sido obra de hackers russos. Com
uma resposta ambígua, o fundador da WikiLeaks
disse que “excluir certos actores, facilitaria o trabalho de descobrir quem são
as fontes”. O Kremlin negou estar por detrás dos vazamentos e chamou as
acusações dos democratas de que Moscovo teria como objectivo influenciar a
política dos EUA de “joguinhos de sempre” nas campanhas eleitorais norte-americanas.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que “isso não é nada bom para as
relações bilaterais”.
Julian Assange
afirmou que os democratas acusavam os russos para desviar a atenção do
conteúdo dos e-mails. Segundo ele,
faz parte do “instinto natural de Hillary Clinton tentar culpar os russos,
chineses etc., quando confrontada com graves escândalos políticos domésticos. Se
ela agir assim, enquanto estiver no governo, isso poderá causar
problemas”, acrescentou.
Das alegadas provas claras
Após as alegações dos democratas contra
os russos, Sean Spicer, porta-voz da equipe de transição de Donald Trump, pediu
à Casa Branca, em conferência telefónica com agências internacionais de
comunicação social, a partir do clube privado de Donald Trump de Mar-a-Lago, em
Palm Beach na Flórida, que os EUA apresentassem "provas claras" de
uma possível interferência russa nas eleições presidenciais do dia 08 de Novembro
de 2016 vencidas pelo magnata nova-iorquino. Na ocasião, Sean Spicer disse que "se
os EUA têm provas claras de que alguém interferiu nas nossas eleições, devemos
divulgá-las”.
Porque
se alega que hackers ligados ao
governo russo invadiram a eleição presidencial norte-americana
Quando o agente especial do FBI, Ardiam
Hawkins, telefonou para o Comité Nacional Democrata, em Setembro de 2015, para
transmitir notícias perturbadoras sobre a sua rede de computadores, ele foi
transferido, naturalmente, para o sector de atendimento. A sua mensagem foi
curta, mas alarmante. Pelo menos um sistema de computadores pertencente àquele
Comité tinha sido comprometido por hackers,
que os investigadores federais chamaram de Dukes,
uma equipe de contraespionagem pretensamente ligada ao Governo russo.
Alega-se que o FBI sabia muito bem e
tinha passado os últimos anos tentando afastar os Dukes do sistema de e-mails
não sigilosos da Casa Branca, do Departamento de Estado e até do Estado-Maior
General, uma das redes mais protegidas do governo americano. Yared Tamene, um
funcionário terceirizado de apoio tecnológico do Comité dos Democrata, que
atendeu ao telefonema, não era especialista em ataques cibernéticos. As suas primeiras
medidas foi verificar a presença dos Dukes
no Google e realizar uma busca
superficial do sistema de computadores do Comité dos Democratas, em busca de
pistas de uma invasão cibernética.
Segundo o seu relato, ele não examinou bem
as possíveis pistas, mesmo depois de Ardiam Hawkins ter ligado várias vezes ao
longo de várias semanas, em parte porque ele não tinha certeza de se a pessoa
era um verdadeiro agente do FBI e não um impostor. Nas suas declarações, Yared
Tamene deixou claro, num memorando interno, que o The New York Times teve acesso, que explica o seu contato com o FBI,
ao afirmar que “eu não tinha meios para distinguir o telefonema que eu recebi de
um trote”.
Esta declaração de Yared Tamene foi o
primeiro sinal crítico para o FBI de uma campanha de espionagem cibernética e
guerra de informações destinada a interferir na eleição presidencial norte-americana
de 2016. Esta foi igualmente a primeira tentativa do género de um governo
estrangeiro na história dos EUA. O que começou como uma operação de obtenção de
informações, segundo as autoridades da Inteligência norte-americana, afinal se
transformou num esforço para prejudicar uma candidata, a de Hillary Clinton, e
influenciar a eleição a favor do seu adversário, Donald Trump.
Assim como num outro famoso escândalo
eleitoral dos EUA, este incidente começou com uma invasão aos computadores do
Comité dos Democratas. A primeira vez ocorreu há 44 anos atrás, nos antigos
escritórios do mesmo Comité nos edifícios Watergate. Os invasores plantaram
equipamentos de escuta e vasculharam um armário de arquivos. Desta vez o
assalto foi conduzido de longe, dirigido alegadamente a partir de Kremlin, com e-mails falsos para obter informações e
códigos dos computadores.
Um exame feito pelo Times sobre a alegada operação russa, com base em entrevistas com
dezenas de actores visados no ataque, as autoridades norte-americanas de Inteligência
que investigaram o caso e os membros do Governo de Barack Obama, que avaliaram
qual seria a melhor reação, revela uma série de sinais que não foram levados em
conta e uma constante subestimativa da seriedade e gravidade dos ataques
cibernéticos.
O atrapalhado encontro do Comité dos
Democrata com o FBI seria a melhor oportunidade de deter a invasão russa, mas tudo
se perdeu. O fracasso em entender o âmbito dos ataques minou os esforços para
minimizar o seu impacto e a relutância da Casa Branca em reagir a tempo significou
que os russos não tiveram que pagar um alto preço pelos seus actos, uma decisão
que poderia ser crítica para evitar futuros ataques cibernéticos.
A abordagem discreta do FBI fez com que
os hackers russos vagassem livremente
pela rede de computadores do Comité durante quase sete meses, antes que as autoridades
competentes do Partido Democrata fossem alertadas sobre o ataque e contratassem
especialistas para proteger o seu sistema. Enquanto isso, os hackers avançaram para atingir alvos
fora daquele Comité, incluindo o Director da Campanha Eleitoral de Hillary
Clinton, John D. Podesta, cuja conta privada de e-mail foi invadida meses depois.
Até mesmo John D. Podesta, uma figura
importante de Washington que havia escrito em 2014 um relatório sobre a privacidade
no espaço cibernético para o Presidente Barack Obama, não compreendeu realmente
a gravidade da invasão. No último verão, os democratas viram com fúria
impotente os seus e-mails privados e
documentos confidenciais a aparecerem online,
dia após dia, obtidos alegadamente por agentes da Inteligência russa e postados
no WikiLeaks, bem como em outros sites citados nos media norte-americanos, incluindo o Times. Donald Trump citou com júbilo, durante sua campanha, muitos
dos e-mails saqueados.
Entre as consequências estão a renúncia
da deputada Debbie Wasserman Schultz, da Flórida, da Presidência do Comitê
Nacional Democrata e da maioria dos seus principais assessores. Os democratas
importantes foram postos de lado no auge da campanha, silenciados por
revelações de e-mails embaraçosos ou
consumidos pelas dificuldades para reagir à invasão. Embora pouco notados pelo
público, documentos confidenciais obtidos pelos hackers, alegadamente russos, da organização homónima do Comité dos
Democrata, o Comité de Campanha para o Congresso dos Democratas, apareceram em
disputas legislativas numa dúzia de Estados, manchando alguns deles com
acusações escandalosas.
Nos últimos dias, o cético Presidente-Eleito
dos EUA, Donald Trump, os Órgãos da Inteligência do país e os dois principais
partidos que disputaram no final a eleição presidencial, envolveram-se numa
extraordinária disputa pública sobre se há evidências de que o Presidente russo,
Vladimir Putin, passou da mera espionagem a tentar deliberadamente subverter a
democracia norte-americana e escolher o vencedor da eleição presidencial.
Muitos dos assessores mais próximos de
Hillary Clinton acreditam que o ataque russo teve um impacto profundo na
eleição, embora admitam que outros factores, como a fraqueza de Hillary Clinton
como candidata, o seu servidor de e-mails
privado, as declarações públicas de James B. Comey (Director do FBI) sobre a manipulação
de informação sigilosa, também foram importantes.
Embora não haja como ter a certeza do
impacto definitivo da invasão cibernética, ficou claro que uma arma de baixo
custo e alto impacto que a Rússia terá testado nas eleições da Ucrânia foi testada
nos EUA com uma eficácia devastadora. Para a Rússia, supostamente com uma
economia enfraquecida e um arsenal nuclear que não pode usar sem deflagrar uma
guerra total, o poder cibernético se mostrou a arma perfeita e barata, difícil
de perceber e de localizar. Daí que o Almirante Michael S. Rogers, Director da
Agência de Segurança Nacional dos EUA e Comandante do Comando Cibernético dos
EUA, disse em uma conferência, após a eleição de Donald Trump, que "não deveria
haver nenhuma dúvida na mente de ninguém. Isto não foi algo feito casualmente,
não foi algo feito por acaso, não foi um alvo escolhido arbitrariamente. Foi
uma iniciativa consciente de um país para tentar alcançar um efeito específico".
Para as pessoas cujos e-mails foram roubados, esta nova forma
de sabotagem política deixou um rasto de choque e danos profissionais. Neera
Tanden, Presidente do Centro para o Progresso Americano e uma importante apoiante
de Hillary Clinton, lembra ter entrado nos agitados escritórios e testemunhado Hillary
Clinton humilhada, ao ver o seu rosto nas telas da televisão, enquanto
analistas discutiam um e-mail vazado
em que ela se referiu estar "abaixo de óptimos" os seu instintos de
concorrer para a Casa Branca. Neera Tanden comentou que "era apenas um
soco no estômago de traição todos os dias", dias. Foi a pior experiência
profissional da minha vida".
Os EUA também realizaram ataques
cibernéticos. Em décadas passadas, a Agência Central de Inteligência (CIA),
tentou subverter, nalguns casos com sucesso, as eleições de países estrangeiros.
Mas o ataque russo é cada vez mais visto em todo o espectro político como um
marco histórico terrível, com uma notável excepção: Donald Trump rejeitou as
conclusões dos Órgãos da Inteligência norte-americana que, em breve,
supervisionará como "ridículas", insistindo que o hacker pode ser tanto norte-americano como
chinês, mas que "eles não têm ideia".
A propósito, Donald Trump citou os
relatados desacordos entre as agências sobre se Vladimir Putin pretendia ajudar
a elegê-lo, tendo, no passado dia 13 de Dezembro de 2016, um porta-voz do Governo
russo repetido a zombaria de Donald Trump. Maria Zakharova, porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores da Rússia, escreveu no seu Facebook que "essa história de hackers parece uma briga banal entre as autoridades
de segurança norte-americanas sobre esferas de influência".
Por sua vez, Julian Assange, o editor da
WikiLeaks, resistiu à conclusão de
que o seu site se tornou num atalho
para os hackers russos que trabalham
para o Governo de Vladimir Putin ou que ele deliberadamente tentou minar a
candidatura de Hillary Clinton. Porém, as evidências em ambos os casos parecem
fortes. Pois, quatro importantes senadores, dois republicanos e dois
democratas, nomeadamente John McCain, Lindsey Graham, Chuck Schumer e Jack Reed,
uniram forças para prometer uma investigação, enquanto ignoravam as alegações
céticas de Donald Trump, ao referirem que "Democratas e Republicanos devem
trabalhar juntos e, através das linhas jurisdicionais do Congresso, examinarem totalmente
estes incidentes recentes e criarem soluções abrangentes para deter e
defender-se de novos ataques cibernéticos. Isto não pode se tornar uma questão
partidária. As apostas são altas demais para o nosso país".
Enquanto o ano chegava ao fim, parecia agora
possível que haja diversas investigações sobre a invasão cibernética russa, que
inclui a revisão os resultados do inquérito da Inteligência que o Presidente
Barack Obama ordenou e que deve terminar antes de 20 de Janeiro de 2017, dia em
que ele deixará o cargo, e um ou mais inquéritos no Congresso terão lugar. Eles
vão se debater com, entre outras coisas, os alegados motivos de Vladimir Putin.
Na percepção dos norte-americanos,
Vladimir Putin tentou prejudicar a marca da democracia norte-americana para
evitar o activismo anti-russo, para beneficiar os russos e seus aliados, na
perspectiva de enfraquecer o próximo presidente norte-americano, já que
supostamente Vladimir Putin não tem motivo para duvidar das previsões norte-americanas
de que Hillary Clinton venceria com facilidade as eleições. Assim como concluiu
a CIA no mês passado, analistas acreditam que os ataques cibernéticos russos
visaram uma tentativa deliberada de eleger Donald Trump e que, na verdade, o
esquema russo atingiu estes três objetivos.
O que parece claro é que a invasão
cibernética russa, diante do seu sucesso, não vai parar. Há duas semanas, o Director
da Inteligência da Alemanha, Bruno Kahl, advertiu que a Rússia poderia visar as
eleições alemãs no próximo ano. Segundo Bruno Kahl, "os perpetradores têm
interesse em deslegitimar o processo democrático como tal. A Europa está no
foco dessas tentativas de distúrbio e a Alemanha numa medida especialmente
grande".
No entanto, refere-se que a Rússia de
modo algum esqueceu o seu alvo norte-americano. Um dia depois da eleição
presidencial norte-americana, a empresa de segurança cibernética Volexity relatou cinco novas ondas de e-mails do tipo phishing, evidentemente da série Cozy Bear, apelido de um
dos dois grupos de hackers russos que
a outra empresa de segurança cibernética CrowdStrike
encontrou dentro da rede do Comité dos Democrata, visando atingir grupos de
pensadores e entidades sem fins lucrativos nos EUA. Um deles seria da
Universidade Harvard, com um trabalho falso anexado e intitulado "Por que
as eleições americanas são imperfeitas".
Conspiração
ou espionagem? O que se sabe sobre a acusação de que a Rússia interferiu na
eleição de Trump
Através de Twitter, o Presidente-eleito dos EUA, Donald Trump, inflamou ainda
mais a polémica sobre as suspeitas de que hackers
russos influenciaram a eleição presidencial. Ele afirmou que "você consegue
imaginar se o resultado da eleição fosse o oposto e nós estivéssemos tentando
usar a carta da Rússia/CIA. Isso seria chamado de teoria da conspiração!"
No fim-de-semana passado, as duas
principais agências de segurança dos EUA (FBI e CIA) teriam alegadamente descoberto
intervenções da Rússia nas eleições do país para promover a vitória de Donald Trump.
As informações foram divulgadas em dois importantes jornais dos EUA com base em
relatórios das duas agências.
Recorde-se que em Outubro último, o Governo
dos EUA já havia apontado a responsabilidade da Rússia nesses ataques e acusado
o país de interferir na campanha do Partido Democrata. Mas, segundo as novas
informações divulgadas pela imprensa norte-americana, a Rússia tinha como
motivação ajudar Donald Trump. Mas o que se sabe até ao momento sobre a
acusação de Moscou ter, de facto, agido para promover a vitória do bilionário?
Em entrevista televisiva e através do seu
Twitter, o republicano criticou e
colocou em xeque as informações contidas nos relatórios do FBI e da CIA. Falando
à rede Fox News, Donald Trump disse
que os democratas estavam divulgando documentos "ridículos", porque
estavam envergonhados com a escala da derrota que sofreram nas eleições. Ele
disse que a Rússia poderia estar por detrás dos ataques, mas que era impossível
saber. Segundo ele, "eles não fazem ideia se foi a Rússia, a China ou
alguém sentado numa cama em algum outro lugar".
A equipa do Presidente-eleito também
criticou as agências de Inteligência dos EUA referindo que "essas são as
mesmas pessoas que disseram que Saddam Hussein tinha armas de destruição em
massa". Deste modo, Donald Trump usou o seu Twitter para questionar o porquê de as acusações não terem sido
divulgadas antes da eleição, "a não ser que você pegue os hackers no acto. Contrário é muito
difícil determinar quem estava por detrás da acção. Por que então isso não veio
à tona antes?"
O que dizem outros republicanos
Republicanos experientes se têm juntado
aos democratas para pedir investigações sobre o caso. O senador republicano
John McCain disse, num comunicado conjunto com os líderes democratas, que o
relatório da CIA "deveria deixar qualquer americano alarmado". Ele
afirmou que o Congresso deveria abrir uma investigação e que esta deveria ser
ainda mais minuciosa do que a que será conduzida pela Casa Branca.
Nesta semana, o Presidente Barack Obama
ordenou uma apuração exaustiva sobre uma série de ataques cibernéticos que teriam
sido promovidos pela Rússia durante a campanha eleitoral nos EUA. De acordo com
a Casa Branca, o relatório deverá ser uma "sondagem profunda sobre um
possível padrão de uma crescente actividade maliciosa na internet durante a temporada eleitoral". Estas acusações foram
negadas por funcionários do Governo russo.
Entretanto, de acordo com o jornal The New York Times, os dois
órgãos concluíram que "seguramente houve uma participação russa no apoio
aos hackers no roubo de
informações". Segundo o jornal reitera, entre os documentos obtidos pelos hackers estariam as contas de e-mails do Comité Nacional dos Democratas
e do Director da Campanha Eleitoral de Hillary Clinton, John Podesta. O The New
York Times afirma ainda que as agências de Inteligência acreditam
que essas informações teriam sido repassadas pelos russos à WikiLeaks, que vazou o conteúdo na internet.
Outro jornal norte-americano, o Washington Post, afirma que um outro relatório da CIA chegou a conclusões parecidas.
O jornal cita um oficial do Governo dos EUA a afirmar que "a análise das
agências de Inteligência é de que o objectivo da Rússia era favorecer um dos candidatos
sobre o outro e ajudar para vitória de Donald Trump". Os novos detalhes
teriam surgido durante a apresentação dos relatórios pelas agências de Inteligência
aos senadores na semana passada. A reunião teria ocorrido a portas fechadas,
mas, segundo o Washington Post,
as informações teriam sido passadas por um funcionário do Governo que não quis
se identificar.
O que dizem os democratas
Na época da campanha eleitoral, e-mails da candidata democrata Hillary
Clinton e dos seus assessores sofreram acções dos hackers e o seu conteúdo foi tornado público pela WikiLeaks na internet. A divulgação causou problemas à campanha dos democratas.
A então candidata passou boa parte dos debates se explicando sobre os referidos
e-mails, especialmente sobre as
revelações de que ela teria quebrado as regras oficiais ao trabalhar com
informações secretas usando um servidor privado a partir da sua casa em Nova
Iorque, quando ainda era Secretária de Estado.
Hillary Clinton e sua equipa não se cansaram
em acusar os rivais republicanos e de que os russos estavam por detrás da
invasão às contas de e-mail dos
democratas. Um dos críticos mais severos foi John Podesta, Director da Campanha
Eleitoral de Hillary Clinton, cuja conta também foi invadida pelos hackers. Na época, ele acusou o Governo russo
de responsabilidade pelo vazamento e disse que a equipa da campanha eleitoral de
Donald Trump já sabia a respeito.
No entanto, o correspondente da BBC em
Washington, Anthony Zurcher, apesar de Donald Trump dizer o contrário, ele
entrará na Casa Branca numa situação complicada e a derrota de Hillary Clinton na
votação popular de 2.8 milhões de votos é apenas um dos factores que colaboraram
para isso. Ele defende que "esse cenário provavelmente explica o porquê de
a equipa de Donald Trump estar a responder de maneira tão incisiva as acusações
de que hackers russos influenciaram a
política norte-americana, numa tentativa para favorecer o candidato
presidencial republicano”. Aquele repórter afirmou ainda que “assim como a
recontagem dos votos, isso pode ser visto como outra maneira de minar a
legitimidade da vitória de Donald Trump".
Para Anthony Zurcher, “não importa que seja
bem pouco provável que a recontagem altere os resultados das eleições ou que os
ataques dos hackers estejam lá no fim
da lista dos motivos que causaram a derrota de Hillary Clinton. Os twitters raivosos de Donald Trump e a
indignação dos seus partidários são evidência suficiente de que o Presidente-eleito
se sente ameaçado. No caso da Rússia, no entanto, os comentários raivosos de Donald
Trump podem custar um alto preço político".
Porque os EUA acreditam que hackers da Rússia influenciaram a eleição presidencial norte-americana
Entre os
escândalos sexuais que deram o tom no debate dos candidatos à Presidência dos EUA,
os hackers estiveram no centro da
cena por alguns minutos. Hillary Clinton e Donald Trump trocaram farpas a
respeito da acusação de que agentes virtuais ao serviço do Governo russo
estariam tentando influenciar a eleição de 08 de Novembro último. Durante o fim-de-semana,
o chefe do principal dos Serviços de Inteligência dos EUA tinha acusado o Presidente
russo pelas intrusões dos hackers nos
sistemas informáticos norte-americanos de gestão de registos eleitorais em dois
Estados.
A história
teve início em Maio de 2016, quando o Comité Nacional do Partido Democrata
desconfiou que algo estava errado na sua rede de computadores e pediu uma auditoria
a uma firma de segurança electrónica. A varredura encontrou dois grupos de hackers no sistema, um deles presente há
quase um ano. O Director de Segurança da empresa Crowdstrike e ex-Director do FBI, Shawn Henry, disse à BBC que "descobrimos
que a rede tinha sido invadida e as comunicações, bem como o perfil de
candidatos tinham sido expiados. Acreditamos que o Governo russo esteja por de trás
da operação e que esteja envolvido numa campanha de obtenção de dados de inteligência
contra os candidatos".
Mas depois
de o partido e a Crowdstrike se
pronunciarem publicamente, parte do material foi publicado na internet, o que mudou o foco da simples
espionagem para o que parece ser uma operação de influência. Logo, especialistas
da Inteligência no Ocidente referiram que há algum tempo que têm alertado para
este tipo de actividade ligada à Rússia. Eles destacaram que "estamos vendo
um uso mais aberto e agressivo de ataques cibernéticos, em que a informação se
transforma numa arma de influência", segundo explicou David Omand, ex-Director
do Government
Communications Headquarters (GCHQ), um dos principais Órgãos de Inteligência
do Reino Unido.
Por sua vez,
o Director do Departamento de Inteligência Nacional dos EUA, James Clapper,
disse abertamente em comunicado que o roubo de informações tinha como objectivo
"interferir no processo eleitoral. Esses roubos não é coisa nova para
Moscovo. Os russos já usaram técnicas similares na Europa e na Ásia, por
exemplo, para influenciar a opinião pública por lá. Dado o escopo e a
sensibilidade dessas informações, acreditamos que apenas autoridades de alto
escalão do Governo russo poderiam ter autorizado estas actividades". O Governo
russo voltou a rejeitar as acusações, que as catalogou de "sem
sentido".
Uma
preocupação adicional das autoridades norte-americanas é que a informação
roubada possa ser adulterada antes de ser vazada. Dados falsos podem ser inseridos
no meio de informações genuínas, para serem divulgados sem que as pessoas
tenham oportunidade de os verificar. Alguns Estados norte-americanos relataram
tentativas de invasão nos respectivos bancos de dados relativos aos seus eleitores,
mas as autoridades de inteligência se recusaram a culpar Moscovo por tais actos.
Informaram que seria muito difícil alguém realizar fraudes eleitorais, por
causa do sistema de protecção contra ataques cibernéticos e a descentralização
do sistema de contagem de votos.
Mas mesmo a
mera possibilidade de invasões pode ser suficiente para causar problemas num
ano eleitoral e em que a disputa pela presidência estava longe de ser
considerada simples. A esse respeito, David Omand refere que "a única
razão que vejo para alguém fazer isso é tentar semear dúvidas sobre o resultado
da votação. Se você está num Distrito Eleitoral, que usa urnas eletrônicas, e
você sabe que o sistema foi invadido, você vai realmente confiar no resultado?
Eu vejo uma série de razões pelas quais a Rússia adoraria causar este tipo de
inconveniência aos EUA".
Corrida cibernética
A Rússia é tida como a pioneira em técnicas híbridas
de guerra cibernética, como o teria demonstrado nos conflitos recentes na
Geórgia e na Ucrânia. Os Serviços de Inteligência russos têm ainda uma
longa história de "operações de influência", desde a Guerra Fria.
Porém, o espaço cibernético oferece novos meios de perseguir essa agenda. Por
isso, especialistas de todo o mundo se preocupam com a corrida armamentista
cibernética, quando os norte-americanos responderem aos ataques russos. Daí que
Shawn Henry refira que "precisamos de uma discussão diplomática sobre o
que é aceitável ou não. Ou veremos uma corrida armamentista no espaço cibernético
que não será boa para ninguém".
Os EUA acusam
oficialmente a Rússia de estar por detrás dos recentes ataques
cibernéticos contra partidos políticos e congressistas norte-americanos,
com o objectivo de interferir negativamente no seu sistema político. A Comunidade
de Inteligência norte-americana tem quase a certeza de que o Governo russo é
que tem dirigido os ataques cibernéticos contra políticos e organizações
norte-americana, segundo os comunicados do Departamento de Segurança Interna e do
Gabinete do Director de Inteligência Nacional. Eles ocorrem alegadamente na
senda das reiteradas actividades de Moscovo, em que os russos usam táticas e
técnicas similares na Europa e na Eurásia, por exemplo, para influenciar a
opinião pública. Os norte-americanos acreditam, com base no escopo e na
sensibilidade de tais ataques cibernéticos, que apenas as mais altas
autoridades russas podem ter autorizado tais actividades.
Refira-se
que alegadas actividades dos hackers
russos teriam já causado a queda da líder do Comité Nacional dos Democratas, Debbie Wasserman Schultz,
nas vésperas da Convenção do Partido Democrata que consagrou Hillary Clinton
como a candidata do partido à Presidência dos EUA. Em seguida, teriam sido vazados
conteúdos de e-mails e dados
telefônicos de congressistas democratas. Alguns Estados norte-americanos também
relataram ter detectado que os seus sistemas de votação foram violados por
intrusos cibernéticos.
Em
entrevista à agência norte-americana de notícias financeiras, Bloomberg News, em Dezembro Último, o Presidente russo, Vladimir Putin, negou
ter qualquer envolvimento com o caso. Contudo, a Administração de Barack Obama
e as agências de Inteligência dos EUA, como a CIA, o FBI e a Agência de
Segurança Nacional (NSA), reiteram terem provas de que hackers russos, supostamente a mando de Kremlin, roubaram
informações particulares da candidata democrata à Presidência do país, Hillary
Clinton, prejudicando-a nas eleições presidenciais de 08 de Novembro último.
Diplomatas russos expulsos dos EUA
No passado dia 29 de Dezembro de 2016,
Washington determinou a expulsão de 35 diplomatas russos, acusados pelo
Presidente Barack Obama de terem participado numa alegada campanha de ataques
informáticos orquestrados por Kremlin para influenciar a eleição presidencial
dos EUA. O
avião com 35 diplomatas russos expulsos dos EUA deixou Washington no passado
dia 01 de Janeiro de 2017 e a Rússia já avisou que vai expulsar igualmente 35
diplomatas americanos em resposta à medida adotada por Washington pela suposta
interferência de Moscovo nas eleições presidenciais dos EUA, segundo revelou o
Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, no passado dia 30 de
Dezembro de 2016. Entretanto, o Presidente russo, Vladimir Putin disse que não iria expulsar nenhum diplomata norte-americano do seu território.
A reciprocidade é regra diplomática nas
relações internacionais. Por isso, não se entende porque Vladimir Putin não
deseja declarar igualmente persona non
grata a nenhum funcionário da Embaixada dos EUA em Moscovo e no Consulado norte-americano
em São Petersburgo, como havia anunciado o seu Ministro Sergei Lavrov. A medida
do Ministério incluía a proibição de os diplomatas norte-americanos utilizarem
uma casa de campo perto de Moscovo e um edifício usado como armazém na capital
russa. Na altura Sergei foi contundente ao afirmar que a Rússia não iria deixar
as sanções sem resposta e que as alegações de que o seu país interferiu na
eleição norte-americana eram infundadas.
Refira-se que o FBI culpou directamente os
Serviços de Inteligência da Rússia de interferirem na eleição presidencial de
2016 nos EUA, após ter divulgado, no dia 29 de Dezembro de 2016, o relatório preliminarmente
tido definitivo sobre a operação, que incluiu amostras de códigos nocivos de
computador que teriam sido usados numa ampla campanha de invasões cibernéticas.
Recorde-se que, a partir de meados de
2015, a Agência de Inteligência Externa russa (FSB), é acusada de ter mandado
um link nocivo por email para mais de mil destinatários,
entre eles alvos do Governo dos EUA, de acordo com declarações da Polícia
Federal norte-americana, constantes de um relatório de 13 páginas do
Departamento de Segurança Interna dos EUA.
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