A WIKILEAKS OFERECE RECOMPENSA POR VAZAR DOCUMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO BARACK OBAMA
Raúl Mourinho Kuyeri, 04 de Janeiro de 2017

A edição de hoje, dia 04 de Janeiro de 2017, a Agência francesa de notícias France Press (AFP), refere que a organização WikiLeaks anunciou ontem, dia 03 de Janeiro de 2017, em mensagem divulgada no seu Twitter, uma valiosa recompensa a quem vazar documentos da Casa Branca antes do fim do mandato do actual Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Barack Obama, a 20 de Janeiro de 2017.


Segundo a AFP, o australiano Julian Assange, fundador e patrono da WikiLeaks, uma organização especializada na revelação de documentos secretos, actualmente refugiado na Embaixada do Equador em Londres, no Reino Unido (UK), reafirmou que a Rússia não está por detrás do vazamento dos e-mails da candidata presidencial democrata Hillary Clinton. Na sua mensagem, Julian Assange, apela para o seguinte: "Aviso os administradores informáticos: Não deixem a Casa Branca destruir novamente a história dos Estados Unidos! Copiem os documentos agora e os enviem à WikiLeaks quando quiserem! Oferecemos uma recompensa de US$20 mil por qualquer informação que permita a detenção ou o desmascaramento de qualquer agente da administração Barack Obama que tenha destruído documentos importantes".

Por sua vez, a rede norte-americana de televisão Fox News divulgou uma longa entrevista com Julian Assange, gravada na Embaixada do Equador em Londres, onde está refugiado desde junho de 2012. Julian Assange negou revelar a fonte que enviou à WikiLeaks os e-mails de John Podesta, Director da Campanha Eleitoral de Hillary Clinton. Entre eles constam três discursos da ex-Secretária de Estado Hillary Clinton, remunerada pelo banco Goldman Sachs, que dá evidência aos vínculos da candidata democrata com os círculos do capital financeiro de Wall Street.

Hillary Clinton acusou o Governo russo de ser o responsável pelos vazamentos, uma acusação compartilhada pela Administração norte-americana que denuncia o envolvimento do Presidente russo Vladimir Putin e que a WikiLeaks teria ajudado seu adversário, candidato presidencial republicano Donald Trump, a vencer a eleição presidencial do passado dia 08 de Novembro de 2016.

Durante a entrevista concedida à Fox News, Julian Assange reiterou que "a fonte não é o governo russo", tendo considerado ser "impossível dizer" se a revelação do conteúdo dos referidos e-mails teria favorecido a Donald Trump naquela eleição presidencial de 08 de Novembro de 2016. Porém, ele referiu que, se isso aconteceu, o que teria "dado uma guinada na eleição" foi o conteúdo das "verdadeiras declarações" de Hillary Clinton e seu impacto na opinião pública norte-americana.

A WikiLeaks teria divulgado igualmente 20 mil e-mails internos do Partido Democrata da candidata presidencial Hillary Clinton que revelavam um tratamento preferencial dos líderes do partido à ela em detrimento do seu arquirrival Bernie Sanders, o que provocou a renúncia do Presidente do Comité Nacional dos Democratas.

Refira-se que Julian Assange, de 45 anos idade, é cidadão australiano refugiado há cinco anos na Embaixada do Equador em Londres, acusado de crimes sexuais e para evitar uma extradição para a Suécia, que solicitou sua captura, após uma alegada denúncia de estupro apresentada por uma mulher sueca em 2010. Julian Assange nega os factos e diz que se trata de uma manobra para extraditá-lo aos EUA para ser julgado pela divulgação de informações secretas, onde teme ser condenado por ter vazado cerca de 500 mil documentos confidenciais sobre a invasão norte-americana no Iraque e no Afeganistão em 2010, além de 250 mil comunicados diplomáticos que criaram graves constrangimentos a Washington.

E-mails da Convenção Democrática Nacional

Julian Assange explicou que, “no caso dos vazamentos de e-mails da Convenção Democrática Nacional (DNC), por exemplo, os lançamos o mais rápido que pudemos, para tentar fazer isso antes da Convenção Nacional Democrata, obviamente porque as pessoas têm o direito de saber em quem estão votando. O mesmo ocorre aqui para o processo eleitoral dos Estados Unidos”, acrescentou.

As revelações de Julian Assange teriam embaraçado os Democratas e a actual Administração norte-americana, o que levou a que o actual Presidente dos EUA, Barack Obama, solicitasse, no dia 09 de Dezembro de 2016, uma investigação completa dos actos de ataques cibernéticos durante todo o processo da eleição presidencial de 08 de Novembro de 2016, do qual se alegava indícios de ingerência russa.

Na ocasião, a Assessora do Presidente Barack Obama para os Assuntos de Segurança Interna, Luisa Monaco, afirmou, durante uma entrevista do Café da Manhã com o jornal The Christian Science Monitor, que “o Presidente ordenou à Comunidade de Inteligência que realize uma investigação completa do que aconteceu durante o processo eleitoral de 2016". Luisa Monaco acrescentou que Barack Obama esperava por um relatório de inquérito exaustivo antes do fim do seu mandato a 20 de Janeiro de 2017, quando o republicano Donald Trump tomaria posse como o novo inquilino da Casa Branca.

O pedido de investigação foi feito depois de a Bancada dos democratas no Congresso ter pressionado o Governo do Presidente Barack Obama para que revelasse detalhes das invasões virtuais russas durante o processo eleitoral. Foi assim que, a 07 de Outubro de 2016, Oficiais da Inteligência norte-americana emitiram um comunicado conjunto do Departamento de Segurança Interna e do Gabinete do Director de Inteligência Nacional (DNI), anunciando que a Rússia "dirigiu os recentes vazamentos de e-mails de indivíduos e de instituições norte-americanas, incluindo os de organizações políticas dos Estados Unidos. Esses roubos e divulgações pretendem interferir no processo eleitoral".

Aquele comunicado referia-se ao vazamento, por parte da WikiLeaks e de outros sites, de e-mails invadidos nas contas de John Podesta, Assistente da candidata democrata Hillary Clinton, e do Comitê Nacional Democrata. A exposição desse material colocou o partido e a própria Hillary numa situação delicada, durante uma das mais agressivas e acirradas campanhas eleitorais que o país já viu. Inúmeras vezes, Donald Trump rejeitou a acusação de que Moscovo tenha tido algo a ver com esses vazamentos que prejudicaram Hillary Clinton e que, segundo alguns analistas, teriam contribuído para a sua derrota nas urnas a 08 de Novembro de 2016.

Na sequência das conclusões do Departamento de Segurança Interna e do Gabinete do Director de Inteligência Nacional (DNI), no passado dia 29 de Dezembro de 2016, o actual Presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou a expulsão de 35 diplomatas russos, alegadamente pelo seu suposto envolvimento na interferência das eleições norte-americanas de 2016. Tratou-se de diplomatas da Embaixada da Rússia em Washington DC e do Consulado da Rússia em San Francisco que foram declarados persona non grata, devendo abandonar o país, junto com as suas famílias, em 72 horas, de acordo com um Despacho do Departamento de Estado dos EUA.

Anda na sequência da mesma decisão, foram fechadas duas instalações russas em Nova Iorque e em Maryland, alegadamente porque eram usadas para fins de espionagem. O acesso a elas foi bloqueado desde a manhã do mesmo dia 29 de Dezembro de 2016. Pelas regras de reciprocidade, já era esperado que a Rússia expulsasse também diplomatas norte-americanos do seu território, depois de terem sido anunciadas ainda sanções contra nove entidades e individualidades russas, entre as quais a Agência de Inteligência da Rússia (FSB).

O Departamento do Tesouro norte-americano, citando um despacho do Presidente Barack Obama, afirmou na ocasião que a medida tem por alvo responsáveis por "minar os processos e as instituições eleitorais. Estas acções seguem repetidos alertas públicos e particulares que emitimos ao Governo russo e são uma resposta necessária e apropriada aos esforços para prejudicar os interesses norte-americanos ao violar as normas internacionais de comportamento estabelecidas. Estas acções não representam a totalidade da nossa resposta às actividades agressivas da Rússia. Continuaremos a adoptar uma variedade de medidas no momento e local de nossa escolha, algumas delas não serão divulgadas", acrescentou o Tesouro norte-americano no seu comunicado.

O Presidente Barack Obama havia prometido antes adoptar medidas contra a Rússia, ao acusar autoridades daquele país de estarem dirigir actividades dos hackers contra o Partido Democrata e a campanha eleitoral da sua candidata presidencial Hillary Clinton, o que teria culminado com a abertura daquela investigação sobre todos os actos de ataques cibernéticos ocorridos durante o período eleitoral de 2016. O objectivo era ter um relatório exaustivo antes do fim do mandato do actual Presidente dos EUA a 20 de Janeiro de 2017 com a tomada de posse do Presidente eleito, o republicano Donald Trump.

A Rússia sempre negou o seu envolvimento no caso e, em resposta às medidas tomadas por Washington, Kremlin disse que as sanções "destroem as relações diplomáticas" entre os dois países.

FBI descobre mais 14.900 e-mails não divulgados por Hillary

De acordo com directivas presidenciais, tornadas públicas a 22 de Agosto de 2016, as conclusões sobre a investigação da natureza das mensagens dos e-mails vazados no site da WikiLeaks deveriam ser publicadas pelo Departamento de Estado antes das eleições presidenciais de 08 de Novembro de 2016. A Polícia Federal de Investigação dos EUA, (FBI) descobriu mais 14.900 e-mails de Hillary Clinton que não foram entregues às autoridades norte-americanas pelos seus advogados. A candidata democrata estava sendo investigada pelo uso indevido de um servidor privado de mensagens quando actuava como Secretária de Estado na Administração de Barack Obama, entre 2009 e 2013.

Estes novos e-mails foram uma adição significativa às 30 mil mensagens que os advogados de Clinton entregaram ao FBI em 2014. De acordo com o jornal Washington Post, as mensagens já estavam sendo escrutinadas pelo Departamento de Estado, que precisava definir quais das informações estavam relacionadas a questões de trabalho para poder divulgar os respectivos documentos. O processo de avaliação dos e-mails terminou nos meses seguintes, obedecendo os prazos que haviam sido determinados pelo juiz federal James E. Boasberg, para que fossem levados ao público antes das eleições presidenciais de 08 de Novembro de 2016. O conteúdo da nova leva teria prejudicado ainda mais a campanha de Hillary Clinton na disputa pela Casa Branca contra o magnata Donald Trump, já que o caso era a principal arma do candidato republicano contra Hillary Clinton.

Em reacção à descoberta pelo FBI de mais 14.900 e-mails de Hillary Clinton, o porta-voz da campanha democrata, Brian Fallon, declarou que o partido apoiava a divulgação das novas mensagens:  “Não temos certeza sobre quais materiais adicionais o Departamento de Justiça pode ter localizado, mas se o Departamento de Estado determinar que qualquer um deles é relacionado a trabalho, então obviamente devem se tornar públicos”, afirmou em comunicado.

Refira-se que em Julho de 2016, o FBI havia determinado que Hillary Clinton não deveria ser indiciada judicialmente pelo uso indevido do seu servidor de e-mails, uma decisão acatada pela Procuradora-Geral dos EUA, Loretta Lynch. Na ocasião, James Comey, Director do FBI, afirmou que a candidata foi “extremamente descuidada”, mas que acreditava que os e-mails não foram “intencionalmente excluídos” por Hillary Clinton. Ainda assim, o episódio causou desconfiança do eleitorado e manchou a imagem da candidata democrata na corrida à Presidência.

Assange diz que há “muito material” da campanha a ser revelado

 No dia 26 de Julho de 2016, o fundador do site WikiLeaks concedeu uma entrevista à cadeia norte-americana de notícia CNN após o vazamento de e-mails que abalaram a Convenção Nacional do Partido Democrata Julian Assange tria afirmado à CNN que o seu site poderia revelar ainda “muito material” relevante da campanha eleitoral norte-americana. A sua declaração foi feita dias após o vazamento e divulgação pela WikiLeaks um conjunto de e-mails logo após a indicação de Hillary Clinton como candidata democrata para concorrer à Casa Branca a 08 de Novembro de 2016.

Quatro dias antes, a 22 de Julho de 2016, a WikiLeaks já havia divulgado mais de 20 mil e-mails trocados entre os membros do Partido Democrata. As mensagens divulgadas por um suposto hacker e, posteriormente pelo site da WikiLeaks, revelavam que os líderes democratas podem ter favorecido Hillary Clinton nas primárias do partido, prejudicando o outro pré-candidato, Bernie Sanders. Os democratas acusaram o Presidente russo, Vladimir Putin, de estar por detrás do vazamento, para tentar favorecer o candidato republicano Donald Trump.

Na entrevista à CNN, Julian Assange não negou nem confirmou se o vazamento tinha sido obra de hackers russos. Com uma resposta ambígua, o fundador da WikiLeaks disse que “excluir certos actores, facilitaria o trabalho de descobrir quem são as fontes”. O Kremlin negou estar por detrás dos vazamentos e chamou as acusações dos democratas de que Moscovo teria como objectivo influenciar a política dos EUA de “joguinhos de sempre” nas campanhas eleitorais norte-americanas. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que “isso não é nada bom para as relações bilaterais”.

Julian Assange afirmou que os democratas acusavam os russos para desviar a atenção do conteúdo dos e-mails. Segundo ele, faz parte do “instinto natural de Hillary Clinton tentar culpar os russos, chineses etc., quando confrontada com graves escândalos políticos domésticos. Se ela agir assim, enquanto estiver no governo, isso poderá causar problemas”, acrescentou.

Das alegadas provas claras


Após as alegações dos democratas contra os russos, Sean Spicer, porta-voz da equipe de transição de Donald Trump, pediu à Casa Branca, em conferência telefónica com agências internacionais de comunicação social, a partir do clube privado de Donald Trump de Mar-a-Lago, em Palm Beach na Flórida, que os EUA apresentassem "provas claras" de uma possível interferência russa nas eleições presidenciais do dia 08 de Novembro de 2016 vencidas pelo magnata nova-iorquino. Na ocasião, Sean Spicer disse que "se os EUA têm provas claras de que alguém interferiu nas nossas eleições, devemos divulgá-las”.

Porque se alega que hackers ligados ao governo russo invadiram a eleição presidencial norte-americana

Quando o agente especial do FBI, Ardiam Hawkins, telefonou para o Comité Nacional Democrata, em Setembro de 2015, para transmitir notícias perturbadoras sobre a sua rede de computadores, ele foi transferido, naturalmente, para o sector de atendimento. A sua mensagem foi curta, mas alarmante. Pelo menos um sistema de computadores pertencente àquele Comité tinha sido comprometido por hackers, que os investigadores federais chamaram de Dukes, uma equipe de contraespionagem pretensamente ligada ao Governo russo.

Alega-se que o FBI sabia muito bem e tinha passado os últimos anos tentando afastar os Dukes do sistema de e-mails não sigilosos da Casa Branca, do Departamento de Estado e até do Estado-Maior General, uma das redes mais protegidas do governo americano. Yared Tamene, um funcionário terceirizado de apoio tecnológico do Comité dos Democrata, que atendeu ao telefonema, não era especialista em ataques cibernéticos. As suas primeiras medidas foi verificar a presença dos Dukes no Google e realizar uma busca superficial do sistema de computadores do Comité dos Democratas, em busca de pistas de uma invasão cibernética.

Segundo o seu relato, ele não examinou bem as possíveis pistas, mesmo depois de Ardiam Hawkins ter ligado várias vezes ao longo de várias semanas, em parte porque ele não tinha certeza de se a pessoa era um verdadeiro agente do FBI e não um impostor. Nas suas declarações, Yared Tamene deixou claro, num memorando interno, que o The New York Times teve acesso, que explica o seu contato com o FBI, ao afirmar que “eu não tinha meios para distinguir o telefonema que eu recebi de um trote”.

Esta declaração de Yared Tamene foi o primeiro sinal crítico para o FBI de uma campanha de espionagem cibernética e guerra de informações destinada a interferir na eleição presidencial norte-americana de 2016. Esta foi igualmente a primeira tentativa do género de um governo estrangeiro na história dos EUA. O que começou como uma operação de obtenção de informações, segundo as autoridades da Inteligência norte-americana, afinal se transformou num esforço para prejudicar uma candidata, a de Hillary Clinton, e influenciar a eleição a favor do seu adversário, Donald Trump.

Assim como num outro famoso escândalo eleitoral dos EUA, este incidente começou com uma invasão aos computadores do Comité dos Democratas. A primeira vez ocorreu há 44 anos atrás, nos antigos escritórios do mesmo Comité nos edifícios Watergate. Os invasores plantaram equipamentos de escuta e vasculharam um armário de arquivos. Desta vez o assalto foi conduzido de longe, dirigido alegadamente a partir de Kremlin, com e-mails falsos para obter informações e códigos dos computadores.

Um exame feito pelo Times sobre a alegada operação russa, com base em entrevistas com dezenas de actores visados no ataque, as autoridades norte-americanas de Inteligência que investigaram o caso e os membros do Governo de Barack Obama, que avaliaram qual seria a melhor reação, revela uma série de sinais que não foram levados em conta e uma constante subestimativa da seriedade e gravidade dos ataques cibernéticos.

O atrapalhado encontro do Comité dos Democrata com o FBI seria a melhor oportunidade de deter a invasão russa, mas tudo se perdeu. O fracasso em entender o âmbito dos ataques minou os esforços para minimizar o seu impacto e a relutância da Casa Branca em reagir a tempo significou que os russos não tiveram que pagar um alto preço pelos seus actos, uma decisão que poderia ser crítica para evitar futuros ataques cibernéticos.

A abordagem discreta do FBI fez com que os hackers russos vagassem livremente pela rede de computadores do Comité durante quase sete meses, antes que as autoridades competentes do Partido Democrata fossem alertadas sobre o ataque e contratassem especialistas para proteger o seu sistema. Enquanto isso, os hackers avançaram para atingir alvos fora daquele Comité, incluindo o Director da Campanha Eleitoral de Hillary Clinton, John D. Podesta, cuja conta privada de e-mail foi invadida meses depois.

Até mesmo John D. Podesta, uma figura importante de Washington que havia escrito em 2014 um relatório sobre a privacidade no espaço cibernético para o Presidente Barack Obama, não compreendeu realmente a gravidade da invasão. No último verão, os democratas viram com fúria impotente os seus e-mails privados e documentos confidenciais a aparecerem online, dia após dia, obtidos alegadamente por agentes da Inteligência russa e postados no WikiLeaks, bem como em outros sites citados nos media norte-americanos, incluindo o Times. Donald Trump citou com júbilo, durante sua campanha, muitos dos e-mails saqueados.

Entre as consequências estão a renúncia da deputada Debbie Wasserman Schultz, da Flórida, da Presidência do Comitê Nacional Democrata e da maioria dos seus principais assessores. Os democratas importantes foram postos de lado no auge da campanha, silenciados por revelações de e-mails embaraçosos ou consumidos pelas dificuldades para reagir à invasão. Embora pouco notados pelo público, documentos confidenciais obtidos pelos hackers, alegadamente russos, da organização homónima do Comité dos Democrata, o Comité de Campanha para o Congresso dos Democratas, apareceram em disputas legislativas numa dúzia de Estados, manchando alguns deles com acusações escandalosas.

Nos últimos dias, o cético Presidente-Eleito dos EUA, Donald Trump, os Órgãos da Inteligência do país e os dois principais partidos que disputaram no final a eleição presidencial, envolveram-se numa extraordinária disputa pública sobre se há evidências de que o Presidente russo, Vladimir Putin, passou da mera espionagem a tentar deliberadamente subverter a democracia norte-americana e escolher o vencedor da eleição presidencial.

Muitos dos assessores mais próximos de Hillary Clinton acreditam que o ataque russo teve um impacto profundo na eleição, embora admitam que outros factores, como a fraqueza de Hillary Clinton como candidata, o seu servidor de e-mails privado, as declarações públicas de James B. Comey (Director do FBI) sobre a manipulação de informação sigilosa, também foram importantes.

Embora não haja como ter a certeza do impacto definitivo da invasão cibernética, ficou claro que uma arma de baixo custo e alto impacto que a Rússia terá testado nas eleições da Ucrânia foi testada nos EUA com uma eficácia devastadora. Para a Rússia, supostamente com uma economia enfraquecida e um arsenal nuclear que não pode usar sem deflagrar uma guerra total, o poder cibernético se mostrou a arma perfeita e barata, difícil de perceber e de localizar. Daí que o Almirante Michael S. Rogers, Director da Agência de Segurança Nacional dos EUA e Comandante do Comando Cibernético dos EUA, disse em uma conferência, após a eleição de Donald Trump, que "não deveria haver nenhuma dúvida na mente de ninguém. Isto não foi algo feito casualmente, não foi algo feito por acaso, não foi um alvo escolhido arbitrariamente. Foi uma iniciativa consciente de um país para tentar alcançar um efeito específico".

Para as pessoas cujos e-mails foram roubados, esta nova forma de sabotagem política deixou um rasto de choque e danos profissionais. Neera Tanden, Presidente do Centro para o Progresso Americano e uma importante apoiante de Hillary Clinton, lembra ter entrado nos agitados escritórios e testemunhado Hillary Clinton humilhada, ao ver o seu rosto nas telas da televisão, enquanto analistas discutiam um e-mail vazado em que ela se referiu estar "abaixo de óptimos" os seu instintos de concorrer para a Casa Branca. Neera Tanden comentou que "era apenas um soco no estômago de traição todos os dias", dias. Foi a pior experiência profissional da minha vida".

Os EUA também realizaram ataques cibernéticos. Em décadas passadas, a Agência Central de Inteligência (CIA), tentou subverter, nalguns casos com sucesso, as eleições de países estrangeiros. Mas o ataque russo é cada vez mais visto em todo o espectro político como um marco histórico terrível, com uma notável excepção: Donald Trump rejeitou as conclusões dos Órgãos da Inteligência norte-americana que, em breve, supervisionará como "ridículas", insistindo que o hacker pode ser tanto norte-americano como chinês, mas que "eles não têm ideia".

A propósito, Donald Trump citou os relatados desacordos entre as agências sobre se Vladimir Putin pretendia ajudar a elegê-lo, tendo, no passado dia 13 de Dezembro de 2016, um porta-voz do Governo russo repetido a zombaria de Donald Trump. Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, escreveu no seu Facebook que "essa história de hackers parece uma briga banal entre as autoridades de segurança norte-americanas sobre esferas de influência".

Por sua vez, Julian Assange, o editor da WikiLeaks, resistiu à conclusão de que o seu site se tornou num atalho para os hackers russos que trabalham para o Governo de Vladimir Putin ou que ele deliberadamente tentou minar a candidatura de Hillary Clinton. Porém, as evidências em ambos os casos parecem fortes. Pois, quatro importantes senadores, dois republicanos e dois democratas, nomeadamente John McCain, Lindsey Graham, Chuck Schumer e Jack Reed, uniram forças para prometer uma investigação, enquanto ignoravam as alegações céticas de Donald Trump, ao referirem que "Democratas e Republicanos devem trabalhar juntos e, através das linhas jurisdicionais do Congresso, examinarem totalmente estes incidentes recentes e criarem soluções abrangentes para deter e defender-se de novos ataques cibernéticos. Isto não pode se tornar uma questão partidária. As apostas são altas demais para o nosso país".

Enquanto o ano chegava ao fim, parecia agora possível que haja diversas investigações sobre a invasão cibernética russa, que inclui a revisão os resultados do inquérito da Inteligência que o Presidente Barack Obama ordenou e que deve terminar antes de 20 de Janeiro de 2017, dia em que ele deixará o cargo, e um ou mais inquéritos no Congresso terão lugar. Eles vão se debater com, entre outras coisas, os alegados motivos de Vladimir Putin.

Na percepção dos norte-americanos, Vladimir Putin tentou prejudicar a marca da democracia norte-americana para evitar o activismo anti-russo, para beneficiar os russos e seus aliados, na perspectiva de enfraquecer o próximo presidente norte-americano, já que supostamente Vladimir Putin não tem motivo para duvidar das previsões norte-americanas de que Hillary Clinton venceria com facilidade as eleições. Assim como concluiu a CIA no mês passado, analistas acreditam que os ataques cibernéticos russos visaram uma tentativa deliberada de eleger Donald Trump e que, na verdade, o esquema russo atingiu estes três objetivos.

O que parece claro é que a invasão cibernética russa, diante do seu sucesso, não vai parar. Há duas semanas, o Director da Inteligência da Alemanha, Bruno Kahl, advertiu que a Rússia poderia visar as eleições alemãs no próximo ano. Segundo Bruno Kahl, "os perpetradores têm interesse em deslegitimar o processo democrático como tal. A Europa está no foco dessas tentativas de distúrbio e a Alemanha numa medida especialmente grande".

No entanto, refere-se que a Rússia de modo algum esqueceu o seu alvo norte-americano. Um dia depois da eleição presidencial norte-americana, a empresa de segurança cibernética Volexity relatou cinco novas ondas de e-mails do tipo phishing, evidentemente da série Cozy Bear, apelido de um dos dois grupos de hackers russos que a outra empresa de segurança cibernética CrowdStrike encontrou dentro da rede do Comité dos Democrata, visando atingir grupos de pensadores e entidades sem fins lucrativos nos EUA. Um deles seria da Universidade Harvard, com um trabalho falso anexado e intitulado "Por que as eleições americanas são imperfeitas".

Conspiração ou espionagem? O que se sabe sobre a acusação de que a Rússia interferiu na eleição de Trump

Através de Twitter, o Presidente-eleito dos EUA, Donald Trump, inflamou ainda mais a polémica sobre as suspeitas de que hackers russos influenciaram a eleição presidencial. Ele afirmou que "você consegue imaginar se o resultado da eleição fosse o oposto e nós estivéssemos tentando usar a carta da Rússia/CIA. Isso seria chamado de teoria da conspiração!"
No fim-de-semana passado, as duas principais agências de segurança dos EUA (FBI e CIA) teriam alegadamente descoberto intervenções da Rússia nas eleições do país para promover a vitória de Donald Trump. As informações foram divulgadas em dois importantes jornais dos EUA com base em relatórios das duas agências.

Recorde-se que em Outubro último, o Governo dos EUA já havia apontado a responsabilidade da Rússia nesses ataques e acusado o país de interferir na campanha do Partido Democrata. Mas, segundo as novas informações divulgadas pela imprensa norte-americana, a Rússia tinha como motivação ajudar Donald Trump. Mas o que se sabe até ao momento sobre a acusação de Moscou ter, de facto, agido para promover a vitória do bilionário?

Em entrevista televisiva e através do seu Twitter, o republicano criticou e colocou em xeque as informações contidas nos relatórios do FBI e da CIA. Falando à rede Fox News, Donald Trump disse que os democratas estavam divulgando documentos "ridículos", porque estavam envergonhados com a escala da derrota que sofreram nas eleições. Ele disse que a Rússia poderia estar por detrás dos ataques, mas que era impossível saber. Segundo ele, "eles não fazem ideia se foi a Rússia, a China ou alguém sentado numa cama em algum outro lugar".

A equipa do Presidente-eleito também criticou as agências de Inteligência dos EUA referindo que "essas são as mesmas pessoas que disseram que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa". Deste modo, Donald Trump usou o seu Twitter para questionar o porquê de as acusações não terem sido divulgadas antes da eleição, "a não ser que você pegue os hackers no acto. Contrário é muito difícil determinar quem estava por detrás da acção. Por que então isso não veio à tona antes?"

O que dizem outros republicanos


Republicanos experientes se têm juntado aos democratas para pedir investigações sobre o caso. O senador republicano John McCain disse, num comunicado conjunto com os líderes democratas, que o relatório da CIA "deveria deixar qualquer americano alarmado". Ele afirmou que o Congresso deveria abrir uma investigação e que esta deveria ser ainda mais minuciosa do que a que será conduzida pela Casa Branca.

Nesta semana, o Presidente Barack Obama ordenou uma apuração exaustiva sobre uma série de ataques cibernéticos que teriam sido promovidos pela Rússia durante a campanha eleitoral nos EUA. De acordo com a Casa Branca, o relatório deverá ser uma "sondagem profunda sobre um possível padrão de uma crescente actividade maliciosa na internet durante a temporada eleitoral". Estas acusações foram negadas por funcionários do Governo russo.

Entretanto, de acordo com o jornal The New York Times, os dois órgãos concluíram que "seguramente houve uma participação russa no apoio aos hackers no roubo de informações". Segundo o jornal reitera, entre os documentos obtidos pelos hackers estariam as contas de e-mails do Comité Nacional dos Democratas e do Director da Campanha Eleitoral de Hillary Clinton, John Podesta. O The New York Times afirma ainda que as agências de Inteligência acreditam que essas informações teriam sido repassadas pelos russos à WikiLeaks, que vazou o conteúdo na internet.
Outro jornal norte-americano, o Washington Post, afirma que um outro relatório da CIA chegou a conclusões parecidas. O jornal cita um oficial do Governo dos EUA a afirmar que "a análise das agências de Inteligência é de que o objectivo da Rússia era favorecer um dos candidatos sobre o outro e ajudar para vitória de Donald Trump". Os novos detalhes teriam surgido durante a apresentação dos relatórios pelas agências de Inteligência aos senadores na semana passada. A reunião teria ocorrido a portas fechadas, mas, segundo o Washington Post, as informações teriam sido passadas por um funcionário do Governo que não quis se identificar.

O que dizem os democratas


Na época da campanha eleitoral, e-mails da candidata democrata Hillary Clinton e dos seus assessores sofreram acções dos hackers e o seu conteúdo foi tornado público pela WikiLeaks na internet. A divulgação causou problemas à campanha dos democratas. A então candidata passou boa parte dos debates se explicando sobre os referidos e-mails, especialmente sobre as revelações de que ela teria quebrado as regras oficiais ao trabalhar com informações secretas usando um servidor privado a partir da sua casa em Nova Iorque, quando ainda era Secretária de Estado.

Hillary Clinton e sua equipa não se cansaram em acusar os rivais republicanos e de que os russos estavam por detrás da invasão às contas de e-mail dos democratas. Um dos críticos mais severos foi John Podesta, Director da Campanha Eleitoral de Hillary Clinton, cuja conta também foi invadida pelos hackers. Na época, ele acusou o Governo russo de responsabilidade pelo vazamento e disse que a equipa da campanha eleitoral de Donald Trump já sabia a respeito.

No entanto, o correspondente da BBC em Washington, Anthony Zurcher, apesar de Donald Trump dizer o contrário, ele entrará na Casa Branca numa situação complicada e a derrota de Hillary Clinton na votação popular de 2.8 milhões de votos é apenas um dos factores que colaboraram para isso. Ele defende que "esse cenário provavelmente explica o porquê de a equipa de Donald Trump estar a responder de maneira tão incisiva as acusações de que hackers russos influenciaram a política norte-americana, numa tentativa para favorecer o candidato presidencial republicano”. Aquele repórter afirmou ainda que “assim como a recontagem dos votos, isso pode ser visto como outra maneira de minar a legitimidade da vitória de Donald Trump".

Para Anthony Zurcher, “não importa que seja bem pouco provável que a recontagem altere os resultados das eleições ou que os ataques dos hackers estejam lá no fim da lista dos motivos que causaram a derrota de Hillary Clinton. Os twitters raivosos de Donald Trump e a indignação dos seus partidários são evidência suficiente de que o Presidente-eleito se sente ameaçado. No caso da Rússia, no entanto, os comentários raivosos de Donald Trump podem custar um alto preço político".

Porque os EUA acreditam que hackers da Rússia influenciaram a eleição presidencial norte-americana

Entre os escândalos sexuais que deram o tom no debate dos candidatos à Presidência dos EUA, os hackers estiveram no centro da cena por alguns minutos. Hillary Clinton e Donald Trump trocaram farpas a respeito da acusação de que agentes virtuais ao serviço do Governo russo estariam tentando influenciar a eleição de 08 de Novembro último. Durante o fim-de-semana, o chefe do principal dos Serviços de Inteligência dos EUA tinha acusado o Presidente russo pelas intrusões dos hackers nos sistemas informáticos norte-americanos de gestão de registos eleitorais em dois Estados.


A história teve início em Maio de 2016, quando o Comité Nacional do Partido Democrata desconfiou que algo estava errado na sua rede de computadores e pediu uma auditoria a uma firma de segurança electrónica. A varredura encontrou dois grupos de hackers no sistema, um deles presente há quase um ano. O Director de Segurança da empresa Crowdstrike e ex-Director do FBI, Shawn Henry, disse à BBC que "descobrimos que a rede tinha sido invadida e as comunicações, bem como o perfil de candidatos tinham sido expiados. Acreditamos que o Governo russo esteja por de trás da operação e que esteja envolvido numa campanha de obtenção de dados de inteligência contra os candidatos".

Mas depois de o partido e a Crowdstrike se pronunciarem publicamente, parte do material foi publicado na internet, o que mudou o foco da simples espionagem para o que parece ser uma operação de influência. Logo, especialistas da Inteligência no Ocidente referiram que há algum tempo que têm alertado para este tipo de actividade ligada à Rússia. Eles destacaram que "estamos vendo um uso mais aberto e agressivo de ataques cibernéticos, em que a informação se transforma numa arma de influência", segundo explicou David Omand, ex-Director do Government Communications Headquarters (GCHQ), um dos principais Órgãos de Inteligência do Reino Unido.

Por sua vez, o Director do Departamento de Inteligência Nacional dos EUA, James Clapper, disse abertamente em comunicado que o roubo de informações tinha como objectivo "interferir no processo eleitoral. Esses roubos não é coisa nova para Moscovo. Os russos já usaram técnicas similares na Europa e na Ásia, por exemplo, para influenciar a opinião pública por lá. Dado o escopo e a sensibilidade dessas informações, acreditamos que apenas autoridades de alto escalão do Governo russo poderiam ter autorizado estas actividades". O Governo russo voltou a rejeitar as acusações, que as catalogou de "sem sentido".

Uma preocupação adicional das autoridades norte-americanas é que a informação roubada possa ser adulterada antes de ser vazada. Dados falsos podem ser inseridos no meio de informações genuínas, para serem divulgados sem que as pessoas tenham oportunidade de os verificar. Alguns Estados norte-americanos relataram tentativas de invasão nos respectivos bancos de dados relativos aos seus eleitores, mas as autoridades de inteligência se recusaram a culpar Moscovo por tais actos. Informaram que seria muito difícil alguém realizar fraudes eleitorais, por causa do sistema de protecção contra ataques cibernéticos e a descentralização do sistema de contagem de votos.

Mas mesmo a mera possibilidade de invasões pode ser suficiente para causar problemas num ano eleitoral e em que a disputa pela presidência estava longe de ser considerada simples. A esse respeito, David Omand refere que "a única razão que vejo para alguém fazer isso é tentar semear dúvidas sobre o resultado da votação. Se você está num Distrito Eleitoral, que usa urnas eletrônicas, e você sabe que o sistema foi invadido, você vai realmente confiar no resultado? Eu vejo uma série de razões pelas quais a Rússia adoraria causar este tipo de inconveniência aos EUA".

Corrida cibernética

A Rússia é tida como a pioneira em técnicas híbridas de guerra cibernética, como o teria demonstrado nos conflitos recentes na Geórgia e na Ucrânia. Os Serviços de Inteligência russos têm ainda uma longa história de "operações de influência", desde a Guerra Fria. Porém, o espaço cibernético oferece novos meios de perseguir essa agenda. Por isso, especialistas de todo o mundo se preocupam com a corrida armamentista cibernética, quando os norte-americanos responderem aos ataques russos. Daí que Shawn Henry refira que "precisamos de uma discussão diplomática sobre o que é aceitável ou não. Ou veremos uma corrida armamentista no espaço cibernético que não será boa para ninguém".

Os EUA acusam oficialmente a Rússia de estar por detrás dos recentes ataques cibernéticos contra partidos políticos e congressistas norte-americanos, com o objectivo de interferir negativamente no seu sistema político. A Comunidade de Inteligência norte-americana tem quase a certeza de que o Governo russo é que tem dirigido os ataques cibernéticos contra políticos e organizações norte-americana, segundo os comunicados do Departamento de Segurança Interna e do Gabinete do Director de Inteligência Nacional. Eles ocorrem alegadamente na senda das reiteradas actividades de Moscovo, em que os russos usam táticas e técnicas similares na Europa e na Eurásia, por exemplo, para influenciar a opinião pública. Os norte-americanos acreditam, com base no escopo e na sensibilidade de tais ataques cibernéticos, que apenas as mais altas autoridades russas podem ter autorizado tais actividades.

Refira-se que alegadas actividades dos hackers russos teriam já causado a queda da líder do Comité Nacional dos Democratas, Debbie Wasserman Schultz, nas vésperas da Convenção do Partido Democrata que consagrou Hillary Clinton como a candidata do partido à Presidência dos EUA. Em seguida, teriam sido vazados conteúdos de e-mails e dados telefônicos de congressistas democratas. Alguns Estados norte-americanos também relataram ter detectado que os seus sistemas de votação foram violados por intrusos cibernéticos.

Em entrevista à agência norte-americana de notícias financeiras, Bloomberg News, em Dezembro Último, o Presidente russo, Vladimir Putin, negou ter qualquer envolvimento com o caso. Contudo, a Administração de Barack Obama e as agências de Inteligência dos EUA, como a CIA, o FBI e a Agência de Segurança Nacional (NSA), reiteram terem provas de que hackers russos, supostamente a mando de Kremlin, roubaram informações particulares da candidata democrata à Presidência do país, Hillary Clinton, prejudicando-a nas eleições presidenciais de 08 de Novembro último.

Diplomatas russos expulsos dos EUA


No passado dia 29 de Dezembro de 2016, Washington determinou a expulsão de 35 diplomatas russos, acusados pelo Presidente Barack Obama de terem participado numa alegada campanha de ataques informáticos orquestrados por Kremlin para influenciar a eleição presidencial dos EUA. O avião com 35 diplomatas russos expulsos dos EUA deixou Washington no passado dia 01 de Janeiro de 2017 e a Rússia já avisou que vai expulsar igualmente 35 diplomatas americanos em resposta à medida adotada por Washington pela suposta interferência de Moscovo nas eleições presidenciais dos EUA, segundo revelou o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, no passado dia 30 de Dezembro de 2016. Entretanto, o Presidente russo, Vladimir Putin disse que não iria expulsar nenhum diplomata norte-americano do seu território.

A reciprocidade é regra diplomática nas relações internacionais. Por isso, não se entende porque Vladimir Putin não deseja declarar igualmente persona non grata a nenhum funcionário da Embaixada dos EUA em Moscovo e no Consulado norte-americano em São Petersburgo, como havia anunciado o seu Ministro Sergei Lavrov. A medida do Ministério incluía a proibição de os diplomatas norte-americanos utilizarem uma casa de campo perto de Moscovo e um edifício usado como armazém na capital russa. Na altura Sergei foi contundente ao afirmar que a Rússia não iria deixar as sanções sem resposta e que as alegações de que o seu país interferiu na eleição norte-americana eram infundadas.

Refira-se que o FBI culpou directamente os Serviços de Inteligência da Rússia de interferirem na eleição presidencial de 2016 nos EUA, após ter divulgado, no dia 29 de Dezembro de 2016, o relatório preliminarmente tido definitivo sobre a operação, que incluiu amostras de códigos nocivos de computador que teriam sido usados numa ampla campanha de invasões cibernéticas.

Recorde-se que, a partir de meados de 2015, a Agência de Inteligência Externa russa (FSB), é acusada de ter mandado um link nocivo por email para mais de mil destinatários, entre eles alvos do Governo dos EUA, de acordo com declarações da Polícia Federal norte-americana, constantes de um relatório de 13 páginas do Departamento de Segurança Interna dos EUA.

Comentários

Mensagens populares deste blogue