AINDA SOBRE O ASSASSINATO MACABRO
DE VALENTINA GUEBUZA! (1)
Nini Satar, in Facebook
Aos
meus amigos e fãs do Facebook, hoje
trago em exclusivo a acusação do Ministério Público (MP) contra Zófimo
Armando Muiuane, no processo de Querela n°01/2017/10ª.
Todavia, não
posso deixar de admirar a velocidade de foguetão que o MP teve para deduzir
esta acusação, quando é sabido que as cadeias moçambicanas estão prenhes de
milhares de nossos concidadãos que amargam há mais de meses ou anos sem
que tenham sido acusados formalmente.
Muitos,
pois, dirão que era de esperar. É sobejamente conhecido o progenitor de
Valentina. Por isso, o processo não iria deixar de ter um cunho político.
Ainda há que
ressalvar o que o pasquim “Canal de Moçambique” escreveu. Disse que, de fontes
suas, soube, no dia da legalização da prisão de Zófimo Muiuane, que este teria
dito ao juiz de instrução que não foi responsável pelos disparos que atingiram
fatalmente Valentina. Ela, sim, é que, na tentativa de arrancar a arma do seu
esposo, é que disparou contra si. Autêntica mentira, aliás, como tem sido muita
coisa publicada por este jornal que nada mais é que um boletim oficial da
Renamo.
Com a acusação
do MP cai por terra o que o jornal Canal tinha escrito (tudo mentira) quando
escrevo que o jornal Canal escreve mentiras há pessoas que dão algum voto ao
canal.
A seguir
passo a transcrever as partes relevantes da acusação:
Embora para
os demais a relação conjugal entre Zófimo Muiunane e Valentina Guebuza
parecesse normal, há muito que já se havia deteriorado. Tanto é que “no dia 17
de Novembro de 2016, a vítima contactou os seus padrinhos Amosse Baltazar Zita
e Feliciano Gundana, pedindo um encontro para abordar um assunto social.”
Rezam os
autos que os solicitados fizeram-se presentes ao encontro no dia seguinte,
acompanhados das respectivas esposas. Na ocasião, Valentina disse aos padrinhos
que solicitara o encontro para lhes colocar a par do que vivia no seu lar
conjugal. Aos padrinhos, revelou que “estava sujeita à violência
doméstica protagonizada pelo esposo, ora arguido (…)”.
Em uma data
não especificada nos autos, sabendo-se, contudo, que foi no mês de Outubro de
2016, “Zófimo Armando Muiuane arrancou e escondeu o passaporte, bilhete de
viagem e telemóveis da vítima, como forma de inviabilizar a sua viagem para a
República da África do Sul, onde já tinha consulta médica marcada.”
Os autos
revelam que Zófimo procedeu de tal forma porque insinuava que Valentina
“ia se encontrar com alguém”. E não foi só isso: foi a própria Valentina
que revelou aos padrinhos, no dia do encontro que solicitara, que o esposo
vigiava “os seus movimentos, chegando ao extremo de obrigar ao seu ajudante-de-campo
para lhe prestar toda a informação relativa aos locais por onde ela passava e
das pessoas com quem se encontrava”.
O encontro
solicitado pela vítima era no sentido de persuadir aos padrinhos para que
tentassem conversar com o seu esposo de modo a pôr ponto final à violência
doméstica que a submetia. Efectivamente, “os padrinhos da vítima diligenciaram
no sentido de marcar um encontro com o casal nos dias que se seguiram, todavia,
tal não foi possível pois o arguido já tinha uma viagem agendada
para o Japão”.
Do Japão,
Zófimo só regressou ao país no dia 11 de Dezembro do ano passado. Ao tomarem
conhecimento de que ele já estava em Maputo, os padrinhos ligaram-lhe para o
encontro, o qual decorreu na residência do casal, no dia 14 de Dezembro, por
volta das 18 horas.
Aos
recebê-los em sua casa, rezam os autos, Zófimo quis dar a entender aos
padrinhos que a relação dele com a esposa era saudável ao que, “reagindo,
Valentina da Luz Guebuza desmentiu o seu esposo revelando todos os maus tratos
a que o arguido Zófimo Armando Muiuane lhe sujeitava”.
Ademais, “no
auge do diálogo e diante dos padrinhos, o arguido chamou a vítima de …estúpida,
maluca e burra….”.
Diante de
tudo isto, Valentina manifestou o desejo de viver separada do esposo por algum
tempo até que a situação se normalizasse. E nisso, Zófimo é que teria que sair
de casa, já que esta era da propriedade de Valentina. Ele negou. Dentre outras
coisas, afirmou que não podia sair de casa já que a sua havia arrendado.
Não havendo
consenso, os padrinhos aconselharam-no a pautar pelo diálogo, tolerância e
ponderação. Aos se despedirem, por volta das 19:00 horas, os padrinhos
acordaram com o casal que teriam um novo encontro em breve.
Tendo ficado
a sós, na altura Valentina orientou a empregada para que fosse dar de comer à
filha menor à cozinha. “Volvidos 10 minutos, depois da empregada ter descido à
cozinha com a bebé, Valentina gritou agoniada”.
Na
sequência, “a ajudante-de-campo, de nome Raquel, subiu ao quarto da vítima. À
sua chegada encontrou Valentina da Luz estatelada no chão e a escorrer sangue
do tórax. Valentina ainda tentou articular algumas palavras, porém, não
conseguia, uma vez que estava em agonia”.
Zófimo, o
maridão, estava ao pé da vítima e havia largado ao pé dela a arma de fogo. A
ajudante-do-campo o questionou porquê havia feito aquilo ao que respondeu
“…já fiz…me ofendeu muito em frente dos padrinhos… ela me humilhou…”.
Os autos
rezam ainda que “o arguido Zófimo Armando Muiuane tinha a arma consigo
carregada mesmo durante o encontro que tiveram com os padrinhos ”.
Aliás, logo
que os padrinhos saíram, Zófimo “desferiu um golpe com recurso às suas mãos,
atingindo a vítima com um soco na zona corpórea da cabeça (…) acto contínuo,
desferiu outro golpe com recurso à coronha da pistola que detinha, produzindo
uma escoriação linear de 1,5 cm (…)”.
Os golpes
desferidos por Zófimo Muiuane contra a vítima foram tantos, segundo os autos.
De maneira que, não satisfeito com tudo isso, ele “efectuou vários disparos
contra a vítima, tendo-a atingido com dois projécteis, um no tórax e outro no
abdómen”.
Retirei dos
autos as partes que julguei necessárias para a compreensão deste macabro crime.
É que vários foram os boatos. Mas o que consta nos autos é o que aqui trago. E
parte disto é a confissão parcial de Zófimo Armando Muiuane, as declarações de
Amosse Baltazar Zita, Feliciano Gundana, Rosa Fernando Chongo, Eulália Celeste
de Sansão Mutemba Gundana, Raquel João Martins Alves, Regina Alexandre
Mucavele, Osvaldo João Nhanala, Mussumbuluko Armando Guebuza, Manuel Muhesse e
Hélder André Costa.
Consta
também dos autos como prova, o laudo do exame tenatológico e o relatório do
exame balístico.
Aqui está
exposto, meus senhores. Ao que tudo indica, Zófimo agiu deliberadamente. É
verdade que ainda não o podemos condenar, mas as provas aqui vertidas são
irrefutáveis. Há-de amargar na cadeia por uma situação que tinha outra forma de
abordagem. Aliás, isto deve servir de exemplo para muitos dos que têm na
violência doméstica (contra a mulher ou homem) uma forma de resolução dos
problemas. A falar é que a gente se entende.
P.S. Zofimo
pode vir a ser condenado com uma pena de 24 anos prisão. Estes anexos deixam
cair todas as mentiras que o jornal Canal (jornalistas de meia tigela) tentou
mentir aos leitores.
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