MUGABE FOI QUEM CONVENCEU DHLAKAMA A
NEGOCIAR A PAZ, REVELA ANTIGO GOVERNANTE AMERICANO
VOA – 07.09.2015
Revelação está
no livro de antigo secretário de Estado Adjunto americano para os Assuntos
Africanos no livro "The Mind of the African Strongman: Conversations with
dictators, statesmen, and fahter figures".
Os antigos
presidentes do Zimbabwe, Robert Mugabe, e do Quénia, Daniel Arap Moi,
desempenharam um papel fundamental em convencer o líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, a negociar um acordo de paz com o Governo moçambicano em 1992.
A revelação
é do antigo secretário de Estado Adjunto americano para os Assuntos Africanos
Herman Cohen, segundo o qual, ao mesmo tempo, Estados Unidos mantiveram no
Malawi uma série de encontros secretos com Dhlakama com o mesmo objectivo.
No seu livro
The Mind of the African Strongman: Conversations with dictators, statesmen,
and fahter figures (A mente do homem forte africano: conversa com ditadores,
estadistas e figuras paternal), Cohen afirma que o Presidente George Bush
convenceu o então Chefe de Estado Joaquim Chissano que as negociações eram o
único meio a por fim à guerra civil em Moçambique.
Num encontro
que manteve com o então presidente do Quénia Daniel Arap Moi, Cohen queixou-se
de que Dhlakama era um dirigente com quem “não se comunicava facilmente”.
Dhlakama,
escreve Cohen,“suspeitava das relações entre os países ocidentais e o governo
da Frelimo”.
Nesse
encontro, Herman Cohen recordou a Arap Moi que a reputação da Renamo no
Ocidente era “muito negativa” devido às suas alegadas violações de direitos
humanos pelo que apoio às negociações não seria fácil.
Moi rejeitou
as acusações feitas contra Dhlakama e afirmou que era um cristão evangélico.
Ele escreve:
“ fiquei com a certeza então de qual seria a nossa conduta com Dhlakama”.
A partir de
então, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Quénia, Bethwel Kipalagat, foi“ a
nossa ligação”, diz Cohen.
Segundo o
antigo dirigente americano, a ajuda discreta de Moi e Kipalagat foi “essencial”
para os encontros organizadores no Malawi, país que a África do Sul usava como
base de trânsito para armas e logística enviadas à Renamo”.
“Nesses
encontros consegui convencer Dhlakama de que nós iríamos trabalhar para
negociações, nas quais todos ganhariam e que levariam a eleições em
Moçambique”, escreve o antigo diplomata americano.
Noutro capítulo
do seu livro, Herman Cohen afirma, contudo, que nesses encontros secretos no
Malawi com o líder da Renamo no Malawi “nunca o consegui persuadir totalmente a
aceitar as negociações e a entrar na vida política”.
Dhlakama
possuía “uma grande paranóia e esperava ser assassinado pelos militares
moçambicanos se entrasse na vida política”.
“A pessoa
que conseguiu convencer Dhlakama foi Robert Mugabe”, revela Herman Cohen.
“Eu pedi a
Mugabe que levasse a cabo essa tarefa porque ele e Dhlakama são do mesmo grupo
étnico, o Shona”, escreve Cohen, acrescentando que “Mugabe teve sucesso onde
muitos de nós falhamos”.
O antigo
secretário de Estado Adjunto americano para os Assuntos Africanos revela ainda
no seu livro que a polícia secreta do Zimbabwe fez gorar uma tentativa de
agentes do então dirigente do Iraque Saddam Hussein para assassinar o
embaixador americano em Harare.
O Zimbabwe
transportou esses agentes iraquianos para Chipre a fim de serem interrogados
pelos americanos, conclui Herman Cohen, cujo livro foi lançado este ano nos
Estados Unidos.
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