LÍDER DA RENAMO DEVE MOSTRAR QUE QUER A PAZ
NOTÍCIAS – 27.08.2015
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O LÍDER da Renamo, Afonso Dhlakama, deve mostrar que quer a paz para os moçambicanos e para o bem do país, respondendo positivamente ao convite que lhe foi formulado esta semana pelo Presidente da República, apelaram ontem alguns dirigentes da oposição extraparlamentar contactados pela nossa Reportagem.

Nesse encontro, de acordo com os entrevistados, as partes deverão encontrar uma solução definitiva para o clima de tensão político-militar que se vive no país, caracterizado por ataques perpetrados pelas forças residuais da Renamo contra as Forças de Defesa e Segurança e que já provocaram o deslocamento de centenas de civis da província de Tete para o Malawi à procura de segurança.

DHLAKAMA QUER PROTAGONISMO – YÁ-QUB SIBINDY

O presidente do PIMO-Bloco da Oposição Construtiva, Yá-Qub Sibindy, disse que as declarações feitas pelo líder da Renamo segunda-feira em Quelimane, exigindo ao Chefe do Estado uma agenda detalhada do encontro e proferindo palavras que tentam comparar o alto magistrado da nação a uma criança, numa clara falta de respeito à sua figura, constituem um autêntico protagonismo.

Sibindy afirmou que Afonso Dhlakama sabe muito bem e tem a consciência de que está a violar a Constituição da República, a mãe de todas as leis, o que é sinal inequívoco e definitivo de que não consegue conviver com a democracia.

“O que ele quer é protagonismo. Eu conheço-o muito bem, é meu tio. Desde a sua infância escolar, sempre gostou de ter protagonismo. Quando fala, gosta sempre de se personificar”, disse Yá-Qub Sibindy, acrescentando que perante as actuais circunstâncias o Estado moçambicano deve lidar com ele tendo em conta esta sua natureza.

O presidente do PIMO-Bloco da Oposição Construtiva entende que com o seu comportamento e manobras, o líder da Renamo está a demonstrar, mais uma vez, que não possui nenhuma agenda para a governação do país.

“Apesar de ter audiência por onde passa, ele não tem discurso. Um discurso de um homem que lutou pela democracia, um homem que quer a paz. O líder da Renamo só pensa em humilhar a Frelimo e tudo o que faz é uma forma de pressionar para ser ouvido. Estou ciente de que ele há-de comparecer ao encontro com o Chefe do Estado, o qual espero que seja o ponto final ao clima de tensão político-militar que se vive no país e que Dhlakama volte à ordem constitucional e ajude o Presidente da República a governar tranquilamente, usando um discurso construtivo”, disse.

AUSÊNCIA SERIA DEMÉRITO – JOÃO MASSANGO

Para João Massango, do Partido Ecologista (PEC-MT), uma eventual ausência de Afonso Dhlakama no encontro com o Presidente da República seria demérito total para o líder do maior partido da oposição no país.

“Se ele não comparecer ao encontro ser-lhe-á retirado todo o mérito. Ele tem de comparecer ao encontro, por uma questão de compromisso com o povo moçambicano que quer a paz e sossego. O líder da Renamo tem o dever de ir a esse encontro, cuja agenda fundamental é a paz”, disse, manifestando a esperança de que o mesmo mude o rumo da actual situação política que se vive em Moçambique.

O dirigente do PEC-MT considerou uma vergonha que 20 anos depois a Renamo continue a protagonizar ataques, semeando um clima de terror nas populações, obrigando-as a se refugiarem nos países vizinhos em busca de segurança e tranquilidade.

João Massango disse, entretanto, que é fundamental que os conselheiros do Chefe do Estado transmitam ao Presidente da República a mensagem de que a Renamo não deve ser ignorada, numa perspectiva de inclusão.

ESPERAMOS SOLUÇÃO DEFINITIVA – ANDRÉ BALATE

André Balate, do Partido para a Reconciliação Nacional (PARENA), disse que espera que do almejado encontro entre o Presidente da República e o líder da Renamo saia uma solução definitiva para a preservação e consolidação da paz em Moçambique como condição fundamental para o desenvolvimento do país.

“O líder da Renamo deve comparecer ao encontro predisposto a dialogar com franqueza e com a convicção de que desta vez irá sair uma solução definitiva para a paz em Moçambique. Não é a primeira vez que se encontram. Nós continuamos a apelar para que as partes encontrem uma saída para esta situação de tensão que vivemos, revisitando o Acordo Geral de Paz assinado em Roma, que serviu em algum momento”, disse.

Aquele dirigente político-partidário afirmou que Afonso Dhlakama não se deve cansar na busca da paz para os moçambicanos. Manifestou-se, mais uma vez, satisfeito com a abertura do Chefe do Estado para o diálogo com o líder da Renamo e deplorou a linguagem usada por Dhlakama no tratamento do Chefe do Estado.

“Filipe Nyusi é o Presidente da República. Merece todo o nosso respeito, mesmo que estejamos na oposição. Aliás, toda a pessoa merece respeito e tratamento com delicadeza. É bom que o presidente da Renamo respeite o alto magistrado da nação, pois se ele estivesse no poder também gostaria que fosse tratado com urbanidade”, disse André Balate.

DHLAKAMA É CONTROVERSO – MARCOS JUMA

Para Marcos Juma, presidente do PANAMO, o líder da Renamo é um homem controverso e imprevisível, daí que dele tudo se pode esperar.

“Ele hoje diz uma coisa, mas dia seguinte diz outra. Assume hoje um compromisso, mas a seguir o desfaz. Portanto, é um homem imprevisível. Mas ele deve saber que paciência também tem limites. O Presidente da República demonstrou, desde a sua tomada de posse, que é uma pessoa que quer a paz para o seu povo. Já se reuniu com ele por duas vezes. O Chefe do Estado está à procura da paz efectiva para os moçambicanos e isso deve ser correspondido”, disse.

Marcos Juma também espera que do encontro saia uma solução para pôr termo à tensão político-militar que se vive no país, com destaque para a província de Tete, nos dias que correm.

“Os moçambicanos vivem com os corações nas mãos. A tensão político-militar está a causar deslocamentos da população de Tete para o vizinho Malawi e isso é desumano. Não é assim que se vive em democracia. Foi assinado um acordo de cessação das hostilidades, mas não foi implementado na sua componente de desmilitarização da Renamo. Portanto, espero que o encontro nos traga em definitivo uma solução para tudo isto”, afirmou.

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