UM EXTRATERRESTRE CHAMADO PAULO
AWADE
(fernando.mbanze@mediacoop.co.mz
MEDIA FAX – 02.03.2016
MEDIA FAX – 02.03.2016
Há momentos
em que o rumo que a vida toma, obriga-nos a reconhecer e a assumirmos que SOMOS
AZARADOS.
O país já
está a arder, com tiroteios, colunas militares ao longo da N1, perseguição e
assassinatos de dirigentes partidários (Frelimo e Renamo), refugiados ou
deslocados moçambicanos no Malawi e outros fenómenos que estão a tornar o
dia-a-dia dos moçambicanos um verdadeiro caos.
É de outros
tempos o provérbio segundo o qual “um mal nunca vem só”. Há sempre um
acompanhante que vem, negativamente, apimentar a já sofrida condição de vida
dos 25 milhões de moçambicanos.
Vem isto a
propósito das recentes declarações de um governador provincial que, por
qualquer equívoco, passou no casting da lista que foi parar às mãos de Filipe Nyusi.
Nome dele é Paulo Awade.
Não é a
primeira vez a vir publicamente dizer, à luz do dia e diante de câmaras de
televisão, tamanhas asneiras. Daquelas asneiras que, em Estados modernos, quem
o nomeou tinha a obrigação moral e profissional de, no dia seguinte, exarar um
despacho de exoneração.
Depois de em
outros tempos, Paulo Awade ter publicamente dito que “alguém o tentou subornar
em pleno gabinete de trabalho”, vem agora, o bom do governador, mostrar o seu
estado míope, a sua insanidade mental e o seu total e manifesto estado
esquizofrénico.
É que, não cabe, na cabeça de pessoas razoavelmente civilizadas e humanizadas, que um governador provincial venha dizer que o país não se deve preocupar com os quase sete mil moçambicanos que fugiram para o Malawi, pelo simples facto de serem “filhos e mulheres de homens armados da Renamo”.
Ou seja, para o insano governador, se um moçambicano é membro de um partido que não seja o seu (Frelimo), este moçambicano perde os direitos que a Constituição da República consagra a favor deste moçambicano.
As
declarações do governador vêm claramente confirmar as denúncias feitas pela
Renamo e, na primeira pessoa, pelas próprias populações, segundo as quais fogem
para o Malawi para escapar da perseguição das Forças de Defesa e Segurança.
As
populações já disseram que as suas casas e celeiros foram queimados, outros
mortos e outros ainda chamboqueados pelo simples facto de serem membros da
Renamo ou pelo simples facto de serem confundidos como tal. São acusados de
serem familiares de homens armados da Renamo, de alimentar e proteger os homens
armados, daí que devem ser castigados e expulsos da zona para se devolver a paz
e tranquilidade.
Tudo isto
foi confirmado por Paulo Awade, pois, na primeira pessoa disse: “Aqueles são
familiares, filhos e mulheres de homens armados”. Assim, não podem ser
considerados refugiados, mas sim familiares de criminosos.
O governador
disse tudo o que disse porque sabe que estamos num país em que não se
implementa o termo “responsabilização”. Ele sabia que poderia dizer o que
quisesse dizer, pois o seu chefe não vai, de maneira nenhuma, fazer nada.
Absolutamente nada.
E mais, sabe
que, se no dia seguinte as populações fossem manifestar a casa do governador,
exigindo a sua responsabilização, as FDS, sob sua alçada, iriam protegê-lo.
De facto, é
verdade. Só que, alguns governantes se esquecem que a panela continua a ferver
e quando atingir o ponto de ebulição, não existe tropa nem Polícia alguma que
vai conseguir impedir a revolta e a justiça popular. É que há momentos em que
se não é quem de direito a endireitar o que deve ser endireitado, será o povo a
dizer “basta” a governadores da estirpe de Paulo Awade.
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