FBI E MINISTÉRIO DA JUSTIÇA DOS EUA
INVESTIGAM BANCOS DE MOÇAMBIQUE
O jornal norte-americano Wall
Street Journal (WSJ) noticia que a polícia federal investigação criminal (Fedral Bureau of Investigation - FBI) e
o Departamento de Justiça dos EUA estão a investigar os bancos Credit Suisse, VTB e Paribas pelo alegado envolvimento nos
empréstimos secretos a Moçambique.
O FBI está a investigar se os três bancos facilitaram a
corrupção, ao permitir que as autoridades moçambicanas recebessem dinheiro
angariado na venda de dívidas, disseram fontes conhecedoras do processo, lê-se
na edição de hoje, dia 06 de Novembro de 2017 do WSJ.
No artigo, os jornalistas escrevem que esta investigação abre uma nova fase no
inquérito global ao negócio das dívidas ocultas moçambicanas, cujo âmbito se
alarga para eventual corrupção e potenciais acusações criminais, juntando-se às
investigações em curso pelos reguladores financeiros dos EUA, Suíça e Reino
Unido.
Os porta-vozes do
Credit Suisse, do VTB e do banco Paribas escusaram-se a comentar, o mesmo
acontecendo com o Governo de Moçambique.
Segundo noticia o
WSJ, as investigações começaram em Junho do ano passado, quando uma pequena
equipa do Departamento de Fraudes Financeiras do FBI foi a Maputo para
averiguar se os bancos facilitaram pagamentos inapropriados às autoridades
moçambicanas, de acordo com fontes não identificadas.
Os advogados de
uma unidade especializada em lavagem de dinheiro e recuperação de activos do
Departamento da Justiça dos EUA, em Washington, reuniram-se este verão com
investidores que transaccionaram a dívida moçambicana e pediram todas as
comunicações e documentos trocados com estes bancos, acrescenta-se na notícia
hoje publicada.
Os oficiais da
Justiça reuniram-se também com funcionários e advogados do VBT e do Credit Suisse em Londres, para debater
as transações e os acordos subsequentes com os investidores.
O escândalo das
dívidas ocultas surgiu em Abril de 2016, com a divulgação pelo WSJ de
empréstimos avalizados, mas não divulgados pelo Estado, no valor de USD622
milhões à Proindicus e USD535 milhões
à MAM, atirando Moçambique para uma crise sem precedentes nas últimas décadas.
Os parceiros
internacionais suspenderam apoios financeiros, a moeda desvalorizou a pique, as
agências de notação financeira desceram o rating
e a inflação subiu até 25% em 2016, agravando a vida naquele que é um dos
países mais pobres do mundo.
O reatamento das
ajudas internacionais ficou dependente da realização de uma auditoria
independente às dívidas, cujo Sumário Executivo foi distribuído em Julho pela
Procuradoria-Geral da República de Moçambique e que tem sido alvo de críticas
por parte de algumas das instituições envolvidas.
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