- Obter link
- X
- Outras aplicações
REVELAÇÕES DOS PAPEIS DO PARAÍSO
FISCAL SOBRE OS SEGREDOS DE RIQUEZAS OCULTAS DA ELITE POLÍTICA MUNDIAL
RM
Kuyeri, 07 de Novembro de 2017
Um artigo tornado
público no passado dia 05 de Novembro de 2017, intitulado Paradise
Papers leak reveals secrets of the world elite's hidden wealth: Files
from offshore law firm show financial dealings of the Queen, big multinationals
and members of Donald Trump’s cabinet, de Juliette Garside, correspondente financeira do jornal
britânico The Guardian, que está a
investigar os documentos denominados Panama
Papers e os arquivos do HSBC Bank plc,
uma das maiores organizações de serviços bancários e financeiros do mundo, com
uma rede internacional que compreende cerca de 7.500 escritórios em mais de 80
países e territórios da Europa, refere que documentos de arquivos de um
escritório de advocacia offshore
mostram as relações financeiras da Rainha britânica Elisabeth II com as grandes
empresas multinacionais e membros do Governo do Presidente Donald Trump dos
EUA.
De acordo com Juliette Garside, os
maiores negócios mundiais envolvendo Chefes de Estado e de Governos, bem como
figuras políticas internacionais, organizações de entretenimento e de desportos
no mundo, acumularam riquezas secretas nos maiores paraísos fiscais que estão a
ser revelados durante esta semana numa nova e importante investigação sobre os
impérios offshore da Grã-Bretanha,
levada a cabo pelo International
Consortium of Investigative Journalism (ICIJ).
No mesmo dia 05.11.17, a ICIJ anunciou
que lançou uma nova investigação global sobre os segredos financeiros dos ricos
e poderosos do mundo, conhecidos por The
Paradise Papers. Juntamente com a Süddeutsche
Zeitung e 94 outros parceiros de media,
o ICIJ descobriu mais de 13.4 milhões de arquivos vazados da prestigiada
empresa de consultoria Offshore Appleby,
uma empresa de menor confiança e de propriedade familiar ASIACITI, que detém registos de empresas de 19 jurisdições sigilosas.
A investigação levada a cabo durante um
ano, expõe interesses e actividades offshore
de mais de 120 políticos e líderes mundiais, incluindo laços entre a Rússia e o
Secretário de Estado para o Comércio dos EUA, Wilbur Ross, o bilionário amigo do
Presidente Donald Trump, destacando-se ainda as actividades offshore de outros 12 aliados do
Presidente Donald Trump.
Refira-se que, durante a sua campanha
eleitoral sob o slogan “America First”, Donald Trump prometeu
aos eleitores norte-americanos que, na sua governação, colocaria os interesses
dos EUA em primeiro lugar. Mas, ao seu redor, faz-se acompanhar de membros que
usaram os paraísos fiscais para realizar negócios duvidosos que contrariam os
interesses económicos dos EUA.
Das duas empresas offshore que constam das 19 jurisdições secretas, com interesses
revelados nos 13.4 milhões de arquivos dos chamados papéis do paraíso fiscal que
expõem um vasto leque de segredos da elite global consta o Power Players interactivo
que explora as empresas offshore
ligadas a 40 políticos e seus familiares imediatos. Sobre esta investigação o ICIJ já dispõe das seguintes conclusões preliminares dos Paradise Papers:
·
Revelam
interesses e actividades no exterior de mais de 120 políticos e líderes mundiais,
incluindo a Rainha Elisabeth II do Reino Unido e 13 conselheiros, para além de principais
doadores e membros da Administração do Presidente Donald J. Trump dos EUA;
·
Expõem
a engenharia fiscal de mais de 100 empresas multinacionais, incluindo a Apple, Nike e Botox-maker Allergan;
·
Revelam
a existência de redes de compras de ónus fiscais por parte de empresas
multinacionais em África e Ásia, recorrendo a “empresas de escavações” nas
Maurícias e em Singapura, para reduzir os valores dos devidos impostos;
·
Destacam
as tidas brilhantes ofertas secretas a empresas ocultas ligadas à Glencore, o maior comerciante de commodities do mundo, e fornecem relatórios
detalhados das negociações da empresa na República Democrática do Congo para a
aquisição de valiosos recursos minerais;
·
Fornecem
detalhes de como os proprietários de jactos e iates, incluindo as estrelas dos
desportos e monarcas utilizaram as estruturas de evasão fiscal da Isle of Man (Ilha do Homem).
Sobre estas investigações dos Paradise Papers, refira-se que se trata
de uma investigação global sobre as actividades offshore de algumas personalidades e empresas mais poderosas do
mundo. As ligações de longo prazo do homem de negócios do Partido Liberal do
Canadá e sua famosa família, oferecem um tremendo contraste com a campanha do Primeiro-Ministro
canadense pela justiça fiscal e o facto de o Governo russo se manter silenciosamente
envolvido num interesse financeiro nos media
sociais dos EUA.
Porém, há ainda muito mais. Os
investigadores estão todos os dias a divulgar histórias sobre os escândalos
fiscais pela internet com detalhes das
manobras fiscais de empresas multinacionais e sobre como os ricos usam os paraísos
fiscais para evitar impostos na aquisição de aviões a jacto e iates.
As últimas notícias já refere que o escritório
de advocacia Magic Circle tem registos
de algumas falhas de conformidade e os investigadores vão iniciar imediatamente
o seu trabalho na empresa Appleby que
surgiu em 1889 na colónia britânica das Bermudas, com uma prática privada do
Major Reginald Woodifield Appleby. Reginald Woodifield Appleby é uma
personalidade que se alinha com “aqueles que olham para todo o imposto de renda
como o último refinamento da tortura do homem, para serem resistidos a todo
custo”.
O repórter do ICIJ,
Will Fitzgibbon, vai levar os leitores ao mundo do gerente das normas de
conformidade da Appleby, Robert Woods,
cujas primeiras impressões sobre a empresa são reveladas nas apresentações em Powerpoint que incluem comentários como:
“Algumas das coisinhas que aceitamos são incríveis, totalmente incríveis”.
Sobre o Secretário de Estado do
Comércio dos EUA, Wilbur Ross, os documentos Paradise Papers revelam que
este se beneficia de laços de negócios com o círculo interno do Presidente da
Rússia, Vladimir Putin, através do seu genro Kirill Shamalov.
Segundo os documentos, a empresa Navigator Holdings recebe milhões de
dólares norte-americanos por ano de receita de uma empresa cujos proprietários
principais incluem o genro de Vladimir Putin, Kirill Shamalov, casado com a
filha mais nova de Vladimir Putin. Kirill Shamalov está ligado a Gennady
Timchenko que, segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, é um oligarca
sancionado, ligado a actividades no sector de energia “directamente ligadas a Vladimir
Putin”.
O Secretário de Estado do Comércio dos
EUA, Wilbur Ross, despojou a maioria dos activos da sua empresa antes de se
juntar ao Governo de Donald Trump em Fevereiro de 2017, mas ele foi
proprietário de nove entidades offshore
através das quais ele possuía uma participação na empresa Navigator Holdings, incorporada nas Ilhas Mars no Pacífico Sul.
Refira-se que algumas empresas de
propriedade do Kremlin (Rússia) estão associadas a investimentos principais das
empresas Twitter e Facebook. Yuri Milner, um dos principais
investidores do Twitter e do Facebook, teve vínculos financeiros com
duas empresas de propriedade do Governo russo, conhecidas como veículos para os
negócios politicamente sensíveis do Kremlin.
O Banco VTB da Rússia, conhecido em
Moçambique pelo seu envolvimento nas propaladas dívidas ocultas, canalizou silenciosamente
USD191 milhões em fundo de investimento. O VTB usou o dinheiro para a compra de
uma grande participação no Twitter,
enquanto a empresa russa de indústria de gás, a Gazprom, financiou fortemente numa empresa offshore que se associou à DST
Global, num grande investimento no Facebook.
A Room
of Secrets revela mistérios da gigante Global
Commodity. A Glencore plc, por
exemplo, uma empresa multinacional de comércio e mineração anglo-suíça, com
sede operacional em Baar, na Suíça, e sede social em Saint Helier, Jersey, onde
está registada, é o gigante da mineração e da agricultura que foi um dos cinco
principais clientes da Appleby, de
acordo com os dados vazados nos Panama
Papers. Talvez não seja nenhuma surpresa que a sede da Appleby nas Bermudas já estivesse em Glencore Room, um escritório simples e desprotegido que deu à
organização uma “pegada física bem robusta” na ilha de zero impostos. Os
arquivos vazados também revelam uma série de outros segredos sobre as operações
desta empresa mineira no Congo.
O principal patrocinador do
Primeiro-Ministro do Canadá, Justin Trudeau, vinculado às manobras fiscais offshore, fez campanha numa mensagem de
equidade económica e tributária. Para financiar a sua campanha, ele se aproximou
ao seu amigo muito próximo, Stephen Bronfman. Nos documentos Paradise Papers sugere-se que a empresa
de investimento privado da Bronfman, Claridge, ajudou silenciosamente a transferir
milhões de dólares norte-americanos para o exterior e, alguns desses movimentos,
levantam questões sobre o cumprimento das regras de Justin Trudeau, de acordo
com especialistas em impostos.
De acordo com Juliette Garside, os
detalhes deste rol de histórias provêm de um vazamento de 13.4 milhões de documentos
dos arquivos que expõem os ambientes globais em que os abusos fiscais podem
prosperar e as formas complexas e aparentemente artificiais das corporações
mais ricas que podem proteger legalmente suas riquezas.
O material, proveniente de dois prestadores
de serviços offshore e os registos de
empresas de 19 paraísos fiscais, foi obtido pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung e compartilhado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas
de Investigação (ICIJ) e com parceiros que incluem os
jornais The Guardian, a BBC e o New York Times. O seu projecto designado
Paradise Papers revela o seguinte:
·
Milhões
de libras da propriedade privada da Rainha Elizabeth II foram investidos num
fundo das Ilhas Cayman e parte do seu dinheiro foi para um retalhista acusado
de explorar famílias pobres e pessoas vulneráveis;
·
Extensos
negócios offshore foram feitos pelos
membros do Governo do Presidente Donald Trump, seus conselheiros e doadores,
incluindo pagamentos substanciais de uma empresa co-propriedade do genro de Vladimir
Putin para o grupo de frete do Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross,
acima já referido;
·
As
empresas Twitter e Facebook receberam centenas de milhões
de dólares norte-americanos em investimentos que se remontam às instituições
financeiras do Estado russo;
·
A
confiança pelas Ilhas Cayman, que evitam os impostos, se deve a um escritório
de advogados administrado pelo gestor de contas do Primeiro-Ministro canadense,
Justin Trudeau;
·
O
outro escritório de advogados de confiança offshore
anteriormente desconhecido foi responsável por USD450 milhões de riqueza escondida
do Lord Michael Anthony P. Ashcroft, também
conhecido por Barão Ashcroft, KCMG, um empresário e político, ex-Vice-Presidente
do Partido Conservador;
·
Evasão
fiscal agressiva por empresas multinacionais, incluindo a Nike e a Apple;
·
Como
alguns dos maiores nomes das indústrias de filmes e televisão protegem as suas
riquezas com uma série de esquemas offshore;
·
Os
biliões de reembolsos de impostos pela Ilha de Man e Malta aos proprietários de
jactos particulares e iates de luxo;
·
O
empréstimo secreto e a aliança utilizados pela multinacional Glencore, listada em Londres, nos seus
esforços para conquistar direitos lucrativos na mineração na República
Democrática do Congo.
·
As
complexas redes offshore usadas por
dois bilionários russos para comprar participações nos clubes de futebol do Arsenal e Everton.
As divulgações destes segredos dos paraísos fiscais poderão pressionar os líderes mundiais, incluindo Donald Trump e a Primeira-Ministra britânica, Theresa May, a se comprometerem para conter os agressivos esquemas de evasão fiscal.
A publicação desta investigação, para
a qual mais de 380 jornalistas passaram um ano vasculhando dados que remontam
aos 70 anos do século passado, ocorre num momento de crescentes desigualdades na
renda global. Enquanto isso, as empresas multinacionais estão exportando uma
participação crescente de lucros para o exterior, por exemplo, na ordem de €600
biliões apenas no ano passado.
O economista sénior Gabriel Zucman irá
revelar, num estudo a ser publicado ainda esta semana, os contornos deste tipo
de evasão fiscal secreta. Segundo Gabriel Zucman, “os paraísos fiscais são um
dos principais motores do aumento das desigualdades globais. À medida que as
desigualdades aumentam, a evasão fiscal offshore
está se tornando um desporto das elites”.
No centro de todo este processo de vazamento
de documentos sobre a evasão fiscal, está a Appleby,
um escritório de advocacia com postos avançados nas Bermudas, Ilhas Cayman,
Ilhas Virgens Britânicas, Ilha de Man, Jersey e Guernsey. Em contraste com o Mossack Fonseca, a empresa desacreditada no centro da investigação de
documentos do Panama Papers no ano
passado, a Appleby se orgulha de ser
um dos principais membros do “círculo mágico” dos principais fornecedores de
serviços offshore.
A Appleby
actuou no estabelecimento de offshores,
fornecendo as estruturas que ajudaram a reduzir legalmente as suas facturas
fiscais. A Appleby diz que investigou
todas as alegações e descobriu que “não há provas de qualquer erro, seja por
parte de nós mesmos ou dos nossos clientes”, acrescentando: “Somos um
escritório de advocacia que aconselha os clientes sobre formas legítimas e
legais de conduzir os seus negócios. Não toleramos comportamentos ilegais”.
Após as revelações do passado dia
06.11.17, de que o Secretário de Estado para o Comércio dos EUA, Wilbur Ross,
teve vínculos comerciais com a Rússia, este refutou ontem, dia 06.11.17, todas
as alegações e afirmou haver algo de errado nisso: “Não há nada impróprio sobre
o Navigator ter um relacionamento com
a Sibur”, disse ele à BBC. “Se o
nosso Governo decidiu sancioná-los, seria uma história diferente” e que não
havia enganado o Congresso.
O Director Executivo da Apple Inc., Tim Cook, disse a um
subcomité do Senado dos EUA em 2013 que a sua empresa de tecnologia pagou todos
os impostos que devia. No entanto, o Paradise
Papers revela que, meses depois, a Apple
levou a cabo uma operação offshore de
transferência de valores dos impostos para paraísos fiscais, numa tentativa de
manter as suas taxas de imposto muito baixas. A Apple socorreu-se da Appleby
para obter ajuda e os documentos mostram a natureza sensível do trabalho que
esta empresa teve com aquele gigante tecnológico.
A próxima multinacional que consta dos
Paradise Papers é a Nike. O fabricante de calçados desportivos
transferiu biliões em lucros daquela marca registada entre as subsidiárias para
evitar pagar altos impostos na Europa. A organização começou a usar um CV
holandês que a maioria dos países vê como uma empresa regular sujeita a
impostos nos Países Baixos. No entanto, a lei neerlandesa considera que os
lucros estão sujeitos a tributação fora dos Países Baixos. Consequentemente, as
organizações tornam-se quase apátridas e minimizam os seus impostos.
Por sua vez, o campeão da Fórmula 1,
Lewis Hamilton, adora o seu jacto de cor maçã-vermelho-maçã no adquirido no valor
de USD27 milhões. Mas ele obteve um reembolso sobre o imposto do valor agregado
(IVA) depois que os advogados da Appleby
se juntaram a Ernst & Young para
evitar a cobrança do competente imposto.
Comentários
Enviar um comentário