QUEM SÃO OS QUE ATACARAM MOCÍMBOA DA PRAIA NO PASSADO DIA 05 DE OUTUBRO DE 2017?
RM Kuyeri, 10 de Outubro de 2017

Na madrugada de quinta-feira passada, dia 05 de Outubro de 2017, a vila de Mocímboa da Praia, a norte da Província de Cabo Delgado, acordou ao som de tiros. Os alvos foram as esquadras da polícia e o posto de controlo da Força de Guarda Fronteira. Os confrontos estenderam-se até sexta-feira, dia 06 de Outubro de 2017, e voltaram a ouvir-se tiros na tarde de sábado, dia 07 de Outubro de 2017. O saldo dos confrontos aponta para 16 mortos, dos quais 14 do lado dos atacantes e dois agentes da polícia, para além de vários feridos.

Logo, surgiram várias perguntas sobre quem eram os atacantes, de onde vinham e o que pretendia. De imediato, a polícia fez detenções e iniciaram-se as investigações para obter respostas das perguntas que se colocavam. Mas, a princípio, afastou qualquer hipótese de que os ataques foram perpetrados por membros de uma seita religiosa islâmica auto-denominada Al-Shabaab, como se tinha aventado à partida. A verdade é que todos os residentes daquela vila não têm a menor dúvida de que os ataques foram perpetrados pelos membros da referida seita Al-Shabaab.

No entanto, a dúvida se mantinha e particulares, naturais e residentes em Mocímboa da Praia, incluindo reportagens da imprensa, referiam que os atacantes não eram apenas os da etnia Mwani, mais sim uma variedade de grupos étnicos e estrangeiros ali residente e que professam a religião islâmica. De facto, em Mocímboa da Praia, além dos Mwani, vivem lá os Makonde e gente de outros lugares do país, incluindo numerosos estrangeiros, alguns dos quais envolvidos nas escaramuças e assassinatos que eram levados a cabo entre os garimpeiros da Mina de Rubi de Namanhumbiri.

As mesmas fontes referiam igualmente que as armas e munições que os atacantes islâmicos usaram contra Mocímboa da Praia foram provenientes de vários pontos da província de Cabo Delgado, tais como Macomia e Palma. O facto de os atacantes se expressarem em Kimwani é tão natural, pois esta língua funciona como uma espécie de língua franca na região litoral Norte entre Makonde, Ajawa, Makuwa, Mwani e outros cidadãos, embora a actual tendência é se falar mais para o Kiswahili e Makuwa.

Há indivíduos que fazem parte de um sector dos muçulmanos que desde há uns anos pretende introduzir no país e com algum sucesso a sua maneira peculiar de praticar a fé islâmica, formas de pregar e de rezar, diferentes daquelas formas secularmente conhecidas que se usam em todo o litoral Norte de Moçambique, o que inclui igualmente os distintos modos de pronunciar as frases em língua árabe. Eles se consideram conhecedores mais habilitados do islamismo e intérpretes fiéis do Corão. Alguns deles foram, ainda jovens, mandados estudar o islão na Arábia Saudita, Sudão e outros países, há uns anos. Quando de lá regressam, nada mais sabem fazer para o seu sustento, senão servirem apenas como “religiosos”, dirigindo as orações, pregando o islão nas mesquitas e ensinando os fundamentos islâmicos nas Madrassas, de acordo com o que aprenderam naqueles países.

Em Mocímboa da Praia a população e as autoridades têm conhecimento da sua existência. As pessoas comuns de Mocímboa da Praia, Ibo, Macomia, Quissanga, Pemba, designavam já este sector de novos islamitas do Al-Shabaab, em alusão ao grupo extremista islâmica da Somália, envolvido em ataques terroristas na vizinha Tanzania e no Quénia. Mas as autoridades não confirmavam que se tratasse mesmo de células do Al-Shabaab. Mas o que se sabe, porque foi visto e ouvido, é que, quando aqueles elementos praticavam os seus ataques, usam a expressão Allāhu akbar que os outros grupos de radicais também utilizam como grito de guerra santa.

Em Mocímboa da Praia são consistentes relatos segundo os quais, há algumas semanas, o tribunal local condenou 4 indivíduos pertencentes ao suposto grupo por prática de crimes comuns e cumpriram as suas penas, tendo saído em liberdade. Mas os seus correligionários mostraram-se descontente com a decisão judicial. Crê-se até que o assalto que se seguiu contra a residência da juíza do tribunal local tenha tido a ver com o facto, tal como as ameaças que ela e outros funcionários foram recebendo.

As mesmas fontes referem que o ataque ao comando da PRM terá tido como um dos objectivos imediatos libertar um sujeito, alegadamente membro do grupo, que estava ali detido e que os populares acreditam que, de facto, ele faz mesmo parte do mesmo grupo Al-Shabaab. Eles defendem que esta prática de importar o extremismo islâmico de países onde esta religião é oficial e o Estado não é secular, já provocou alguns incidentes que não se devia ter deixado passar sem o imediato e adequado tratamento.

A população local recorda de que, há uns anos, devido a essas divergências de índole religiosa islâmica, houve escaramuças entre muçulmanos dentro de uma mesquita em Montepuez, então coisa inédita no Norte de Moçambique. Mas também se deve recordar das intermináveis disputas sobre vários temas ligados à interpretação do Corão e ao islamismo nas mesquitas de Maputo.

Nos meios restritos da população local, sobretudo entre os mais pobres, o grupo tem gozado de alguma simpatia e atraído simpatias junto dos novos pregadores que, nas suas pregações, vão chamando a atenção para os males e para a injustiça que existem na sociedade. Nestes meios, o Estado e as autoridades são tidos como os principais visados, por causa dos abusos e desconsiderações a que os seus agentes os sujeitam, nomeadamente os agentes da Polícia, funcionários públicos e agentes do Estado. Muitos deles ainda não esqueceram do que os seus avós e pais passaram logo após a proclamação da Independência Nacional, quando foram expostos publicamente, apontados como traidores e considerados aliados dos colonialistas portugueses e foram enviados para os centros de reeducação de Ruarua, Bilibiza e outros lugares. Lá e nas suas aldeias de origem foram forçados a criar porcos, entre outras medidas então tidas revolucionárias, mas que lhe foram muito tristes e guardam na memória.

Tal como naquela época, hoje eles sentem ódio da autoridade do Estado e se acham ainda perseguidos pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), alegadamente por terem instruído a população para não seguir os seus ensinamentos de caris religiosa radical. Por isso, elementos deste grupo recebem ajuda por parte de alguns dos nativos para a identificação de polícias e outros agentes de segurança à paisana, numa manifesta atitude de cumplicidade.

As imagens dos atacantes capturados e abatidos pelas FDS denotam o seu amadorismo, enquanto grupo de guerrilha. Mas o problema não fica resolvido pela sua falta de perícia militar. É preciso que se possa ir o mais fundo da questão para identificar as suas raízes históricas, bem como suas relações étnicas, religiosas e sociais que este comportamento em relação o Governo que remonta de causas da antiga governação, para não cair na tentação da simplicidade dos rótulos e da estigmatização da religião muçulmana pela sua associação ao Al-Shabaab.

Resposta a algumas perguntas podem ser encontrada no Bairro Nandwadwa em Mocímboa da Praia, onde a seita Al-Shabaab tem a sua principal mesquita, cujo edifício ainda está em construção. No mesmo bairro, o grupo Al-Shabaab tem uma segunda mesquita feita de material precário. Quando iniciaram os ataques, todos os membros desta seita desapareceram e nunca mais foram às mesquitas para fazer as suas orações, quando quase todos passavam a maior parte do tempo naqueles locais de culto.


Em entrevista a imprensa, Hamina Aboobakar, uma idosa de 68 anos, cuja residência praticamente partilha o mesmo terreno com a referida mesquita do Al-Shabaab, diz que alguns elementos da seita apareceram na madrugada daquele dia e naquele local de armas em punho. Uma vez que ela já se encontrava fora da sua residência, os mesmos mandaram que ela voltasse para dentro da sua casa.

Outro entrevistado, Amade Mussa, também residente no mesmo bairro, disse que, por volta das 05:00 horas da manhã daquele dia, quando estava com outros crentes na mesquita a rezar, apareceu o líder espiritual da seita Al-Shabaab, acompanhado de quatro elementos devidamente armados, que disse que ele e os outros crentes não eram os alvos dos seus homens armados, mas sim membros das FDS, tendo deixado claro que só haviam de atacar os populares se os denunciassem às autoridades policiais.

Amade Mussa disse ainda que, no momento, questionaram as razões para os ataques, ao que o líder do grupo respondeu que querem que passe a vigorar a lei islâmica, denominada sharia, tendo explicado o seguinte: “Se eu tiver problemas com a minha mulher, não é para ir à esquadra, tem de haver aqueles monhés de assuntos de casados e não ir ao comando da Polícia. Quando tiveres problemas de crime, não é para você ir no comando da Polícia, tem que se usar a lei islâmica. É isso que nós queremos”.

Amade Mussa disse igualmente que eles exigem que sejam retiradas as estátuas dos Presidentes Samora Machel e Eduardo Mondlane erguidas na vila e aquela cruz cristã que está na entrada da vila deve ser destruída, porque dizem que aqui é uma zona dominada por muçulmanos e não pode haver símbolos de cristãos. Estes pronunciamentos teriam sido confirmados pela Dona Hamina: “eles não querem aquela bandeira do governo, não querem falar com o governo, só querem eles sozinhos a governar esta região. Não querem polícias, não querem chefes, nem directores, nem ministros, muito menos crianças irem à escola. Só querem o Al-Shabaab viver sozinho assim. Se você entrar no Al-Shabaab, a tua família não pode falar contigo. Mesmo que os teus pais fiquem doentes, e até podem morrer, eles preferem que sejam deixados ali na rua e serem comidos por cães”, continuou Dona Hamina, que diz ter ouvido todas essas informações nas reuniões que o grupo realizava na aludida mesquita.

Issufo John, um cidadão nigeriano que é comerciante em Mocímboa da Praia, diz que o grupo apareceu em 2014 e viu os seus amigos a aderirem ao mesmo. E, a partir desse momento, afastaram-se dele e passaram a andar apenas com outros membros daquela seita religiosa. Segundo Issufo, já nessa altura, demonstravam sinais de ser um grupo violento.

Amade Mussa diz que o grupo, quase na totalidade, é composto por jovens naturais de Mocímboa da Praia, com idades que variam entre 20 e 35 anos. O líder do grupo é um comerciante local que nunca foi militar, tendo destacado o seguinte: “eles todos são daqui de Mocímboa da Praia e os conhecemos. Outros vêm de Mocoche, em Macomia, outros vêm de Palma, Nangade e Montepuez. Os outros são daqui mesmo e os conhecemos. mas, desde o dia 06 de Outubro de 2017, fugiram para locais incertos. Se tem pessoas que vêm da Somália ou outro país, não sei. Só que eu estou admirado, onde esses homens arranjaram as armas? se vêm do estrangeiro, de onde passaram? Porque, aqui, nós temos governo com segurança. como eles conseguiram passar com as armas? São armas novas e com balas novas. como eles conseguiram trazer as armas até aqui em Mocímboa da Praia?”, questiona Amade, que garante que eles não atacaram nenhum civil no seu bairro.

A versão de Amade e de outros residentes de Mocímboa da Praia é confirmada pelo Presidente do Município de Mocímboa da Praia, Fernando Neves, que disse que os atacantes são jovens naturais de Mocímboa da Praia e de outros distritos circunvizinhos: “são todos moçambicanos. pode haver um ou dois estrangeiros, mas a maioria são naturais de Mocímboa e amigos de distritos vizinhos. São jovens que pensam que, quando fazem aquilo, pertencem àquele grupo, mas eles não têm nenhuma ligação”, esclareceu.

Questionado, se o grupo já existia há três anos, porque não foram tomadas medidas para prevenir situações de violência, Fernando Neves respondeu que o governo, ao receber informações da existência do grupo que colocava em causa a autoridade do Estado naquele local, desacreditando as leis e querendo impor as suas próprias regras, identificou no grupo alguns estrangeiros, os quais foram repatriados, quase todos provenientes da Tanzânia. Esta informação é confirmada por Amade Mussa, segundo o qual, as únicas pessoas de idade avançada no grupo eram comerciantes provenientes da Tanzânia, mas já não se encontram naquela vila há já algum tempo. Entretanto, a Governadora Celmira da Silva diz que foram tomadas medidas.

Segundo aquela Governadora de Cabo Delgado, o governo tomou as medidas adequadas no momento em que soube da existência do tal grupo, estando a trabalhar para esclarecer todas as informações e está a recorrer a várias fontes disponíveis, incluindo os detidos. Mas, neste momento, não pode assumir que o grupo que protagonizou os ataques pertence à referida seita Al-Shabaab, apesar da população acreditar nisso, seja efectivamente o Al-Shabaab.

Mas, de acordo com testemunhos das populações locais, o Governo pode ter menosprezado as informações acerca do grupo. A Dona Amina Aboobacar refere que, por várias vezes, a população do bairro Nandwadwa alertou, em reuniões com o Governo sobre o perigo que a seita Al-Shabaab representa, mas ninguém dava ouvidos e sublinhou: “Sempre alertámos o governo que aqui um dia vai acontecer qualquer coisa. Não podem deixar crescer essas coisas e é melhor fazer alguma coisa antes. Ele respondia está bem, está bem, estamos a ouvir. E hoje aconteceu o que dizíamos na reunião. Em todas as reuniões, nós falávamos disso e agora aconteceu, não aconteceu?”, disse a idosa, visivelmente agastada com a falta de esforços para evitar a violência.

A informação da Dona Amina é reiterada pelo Sheik Shumar Alifa, um dos principais líderes religiosos dos muçulmanos de Mocímboa da Praia que disse: “Temos apresentado sempre as nossas reclamações acerca desses do Al-Shabaab, que se dizem muçulmanos, e tudo estava ao critério do governo, porque nós temos sempre reportado o que tem acontecido. Ora discriminam-nos, oram chamam-nos de hipócritas, descrentes, etc., etc.. Nós não tínhamos força para fazer nada, porque sempre fizemos chegar o nosso sentimento ao Estado moçambicano. Agora não sei se o Estado não agiu porque tinha provas ou não as tinha, mas agora acho que eles já passaram a acreditar naquilo que nós muçulmanos lhes dizíamos”. O Sheik não tem dúvidas sobre o que aconteceu em Mocímboa da Praia: “Isto para os muçulmanos é um terror. E não estamos satisfeitos” e explica o que significa Al-Shabaab: “Significa um rapaz que tem força, saudável. E eles deram-se esse nome de Al-Shabaab como aqueles bandidos que estão lá na Somália. Assim, eles passaram a amarrar aqueles lenços, andar com catanas, armas, que são símbolo da ‘jihad’. Mas, no nosso dicionário, Al-Shabaab não é uma pessoa confusa como eles”.

Um texto do Pinnacle News (www. pinnaclenews79@gmail.com) que circula nas redes sociais, intitulado SÍNTESE DAS ENCRUZILHADAS DOS AL-SHABAABS: COMO FUNCIONA A REDE DE AL-SHABAAB DE CABO DELGADO?, esclarece como funciona e refere que a seita islâmica na qual, parte de crentes muçulmanos professa, não concorda com ídolos e símbolos do Estado. A título de exemplo, a bandeira nacional, as cruzes suásticas, os heróis nacionais e mesmo outros pertencentes a outras ceitas religiosas são proibidos. Para tal, estas instruções, são dadas a todos inclusive aos seus descendentes. Por conseguinte, estas explicações são fáceis de serem repelidas, desde que não se vá às escolas ou se resolvam qualquer tipo de conflitos sociais, por via das quais o Governo moçambicano crê.

De acordo com o Pinnacle News, esta seita religiosa não tem apoio algum do exterior, como se pense, por não haver nexo algum, e que a compra de armas é feita em mercados negros e, sobretudo, armas não registadas em algum quartel, foram adquiridas com dinheiro sujo e em troca de marfim, por exemplo, e que várias quantidades dos mesmos entraram na Tanzânia, para posteriormente serem introduzidas em Moçambique. A ideia era que os compradores dessem mais armas aos caçadores furtivos para que o abate de elefantes fosse em grande quantidade e as regras se sofisticaram até este ponto.

Segundo o Pinnacle News, já faz anos que elementos do Al-Shabaab existem em Moçambique, a começar por Macomia, no povoado de Quiterajo, onde dois irmãos bem-sucedidos nos negócios de compra e venda de pescado numa mercearia, chamados Abacar e Abdala, que conseguiram convencer os seus primeiros oito elementos para passarem a ser dez membros do núcleo fundador do Al-Shabaab, num distrito Pacato, longe do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), bem como de qualquer suspeita de serem notados.

A casa na qual funcionava a referida mercearia de mariscos pertencia a primeira esposa de Bacar, capturado pela Policia ontem, dia 09 de Outubro de 2017, nas suas incursões de resgate de alguns membros do Al-Shabaab. O mesmo teria usado atalhos por onde a ANADARKO pretende fazer estrada asfaltada que ligue Palma à cidade de Pemba. A Policia teve informações sobre as suas incursões e o emboscou, tendo Bacar e outros integrantes sido neutralizados em plena mata densa.

De acordo com a Pinnacle News, as armas usadas nestas incursões do Al-Shabaab em Mocímboa da Praia são provenientes da Tanzânia, como ficou evidente, bem como os seus instrutores. Os dois irmãos frequentavam a Tanzania duas ou três vezes ao ano, usando permites, para entrar e sair da Tanzânia. As armas eram colocadas em sacos de cereais transportados em camionetas sem passageiros. Dai que nenhum polícia os revistava, quando passassem, segundo confidenciou ao Pinnacle News um membro da família da esposa divorciada de Bacar, ora preso em Mocímboa da Praia. Para o efeito usaram duas viaturas de caixa aberta de marca Mitsubish Canter, uma delas se encontra nas mãos da Polícia do mesmo distrito e a outra encontra-se em local incerto com o irmão de Bacar e outros membros e crente deste núcleo do Al-Shabaab em Moçambique.

Supostas fontes da Pinnacle News teriam revelado que a mata de Macomia é vasta e densa para acobertar os até então considerados islamitas caçadores furtivos pelos aldeões, cujas armas eram exibidas a população local como sendo fruto da caçada e destinadas à caça, pois, há naquelas matas de Macomia tantos animais selvagens e gigantes que têm sido abatidos por estes “muçulmanos” em treinos. Parte de populares de Mucojo, Quiterajo e Pangane não tinham a ideia de que estes elementos estavam em treinos militares.

Dentre varia possíveis respostas avançadas pela Pinnacle News sobre a escolha de Macomia para os seus treino e Mocímboa da Praia para sua sede, adianta que 95% dos munícipes de Mocímboa da Praia são muçulmanos, segundo atestam dados do último recenseamento geral da população. Ademais, são falantes da mesma língua e se pretendia que, por meio das línguas Kimwani, Makonde, Makuwa ou Kiswahil, a mensagem sobre a implantação da sua seita religiosa, que conserve os princípios do Al-Shabaab, fosse de fácil transmissão e em curto tempo. Por isso, primeiramente tentou-se por vias democráticas para convencer a cada um dos muçulmanos e conservadores do alcorão, mas, com o tempo, acharam que já era momento de pressionar as populações por via armada para aderirem aos seus princípios doutrinários naquele bairro mais populoso e histórico daquele Município. Trata-se do Bairro Nandwadwa, onde implantaram o seu quartel, a icónica mesquita por eles construída e em fase terminal, com espaços reservados para que funcionem salas de aulas junto do maior mercado de Mocímboa Praia e onde se concentra grande parte de infra-estruturas do Estado.

Após os ataques de 05 de Outubro de 2017, a Polícia conseguiu desdobrar-se e controla a situação. Nos espaços onde se reuniam e recebiam mantimentos, concretamente em Mocímboa da Praia e Macomia, estão momentaneamente encerrados e despovoados. Por exemplo, no dia 08 de Outubro de 2017, um contingente policial, transportado em dois carros, patrulhou o arrozal de Messalo e Macomia, áreas de onde havia informações de que parte dos insurgentes fugidos de Mocímboa da Praia, estava prestes a entrar na vila sede de Macomia.

Refira-se que, de Mucojo em Macomia a Mocímboa da Praia, via marítima, são quatro milhas, ou seja menos de seis quilómetros. Foi por esta mesma via que as armas entraram naquele distrito em surdina e o Governo não sabe quantas armas foram escondidas nas matas, quando os mesmos se puseram em fuga. No entanto, acredita-se que, doravante, o Governo vai estar atento a este fenómeno. Para tal, o SISE e outras personalidades influentes tradicionais vão funcionar ou serão activadas para cooperarem na garantia integridade patriótica moçambicana. Veja-se que, na zona litoral da Província de Cabo Delgado, sobretudo nas zonas de conflito, já ninguém quer deixar barba grande ou usar “maleia” ou “hijab”, o que leva a acreditar que alguma lição ficou e vai levar o seu tempo.

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