O
SENTIDO DE HUMANIDADE DO PRIMEIRO MUNDO
(O
exemplo da França)
Por
RM Kuyeri, 29 de Abril de 2019

Para
o primeiro mundo, em especial além da França os EUA, onde uma
jornalista teve que implorar o Presidente Donald Trump para olhar
para a catástrofe que se abatia contra Moçambique e prometeu
informar-se, isso nada significou. Mesmo uma semana semana depois,
com todo o aparato de agências especializadas de informações que
os EUA têm em todo o mundo, inclusive em Moçambique, o Presidente
Donald Trump fingiu que não sabia de nada do que se estava a passar
em Moçambique, Malawi e Zimbabwe.
Tudo
bem. É normal. Especialmente quando se trata de África, onde sua
gente, desde os tempos da escravatura, não é constituída por seres
humanos!


Engraçado,
não é!
A
mesma França, que desde 1957 e após 62 anos das independências das
suas colónias francesas em África, cobra às suas ex-colónias 85%
das suas reservas nacionais. Trata-se de 15 países africanos que
constituem a Comunidade Francófona que continuam a pagar um
salvo-conduto à França todo o ano. Alguns desses países passam por
devastadoras destruições devido a guerras e fome, como são os
casos de Benim, Burquina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger,
Senegal, Togo, Camarões, República Centro Africana, Chade, Congo,
Guiné Equatorial e Gabão.
As
ex-colónias francesas em África são obrigadas a transferir para a
França 60% das suas reservas que ficam depositadas no Banco Central
da França e só podem usar 15% do valor ao ano, ficando para a
França os restantes 85%. Se usarem mais do que os 15% das suas
reservas depositadas no Banco Central da França, aquelas ex-colónias
francesas são obrigadas a pagarem uma taxa de 65% de juros a favor
da França, como se estivessem a contrair empréstimos, quando se
trata do seu próprio dinheiro.

Por
exemplo, até 2004, o Haiti, sua ex-colónia na América Central,
tinha de pagar o valor equivalente em induto à França, o que gerou
mais de USD77 mil milhões aos cofres da Pátria da Torre Eiffel e do
amor – a França. Para quem gosta de números, isso é o mesmo que
dizer que, daquele valor, USD500 mil milhões ficaram para caixa do
erário público da Pátria-Mãe”, a França, em cada ano! Não
tenho informações do que se passa depois de 2004 no Haiti, por
exemplo. Agora, imagine-se o que estará a passar nas ex-colónias
francesas em África.
Mas
isso não é tudo.
Para
piorar, toda e qualquer descoberta mineral nas ex-colónias francesas
em África pertence à França. Todo o equipamento militar e
treinamento das forças de defesa e segurança das ex-colónias
francesas têm que ser franceses para se garantir a sua fidelidade à
Paris, a verdadeira capital da África da francofonia que mantém o
Franco como moeda nacional.

Então,
você que está “desamparado” com Notre Dame, relaxa, que
as crianças africanas vão pagar a conta para os brancos europeus
poderem ter uma igreja aonde se prega a igualdade, liberdade e
fraternidade e o exemplo já iniciou com o maior filantropo africano,
Apha Conté, que já doou €100 milhões e nada se está importando
com o sofrimento do seu povo.
Infelizmente,
alguns de nós africanos preferimos não ler e dedicarmo-nos à
bebidas importadas como o champagne e vinhos espumantes
franceses, outros vinhos e cervejas. Depois chamam simplesmente a
estas realidades de Fake News,
já que está na moda tratar
por Fake News tudo o
que não for do nosso agrado.
Porém,
gostaria convidar para que, enquanto sorvem o vosso champagne,
vinhos, espumantes e cervejas franceses, sigam com os vossos
smartphones o link que se segue e vejam no site
do próprio Governo francês. Na nota 40 da última página, os
próprios franceses confirmam que, se não fosse o dinheiro
africano, a França seria um país de terceiro mundo:
https://www.diplomatie.gouv.fr/IMG/pdf/24_Lombart.pdf).
Trata-se de um documento em francês, disponível em formato pdf
de 15 páginas, intitulado LA POLITIQUE EXTÉRIEURE DU
PRÉSIDENT JACQUES CHIRAC DANS UN MONDE AMÉRICANO-CENTRÉ, da
autoria de Laurent Lombart, que traduzido é: “A Política Externa
do Presidente Jacques Chirac no Mundo da América Central”.
Para
quem quiser ler mais e aprofundar sobre o assunto, pode se divertir
com os links
https://afrolegends.com/2017/05/01/the-11-components-of-the-french-colonial-tax-in-africa/amp/
e
https://blogs.mediapart.fr/jecmaus/blog/300114/franceafrique-14-african-countries-forced-france-pay-colonial-tax-benefits-slavery-and-colonization
ou procure, através do pesquisador Google,
assuntos relacionados com: colonial tax france.
Esta
é a pura realidade, para a qual alguns europeus, com especial
destaque para alguns deputados italianos, já se insurgiram
publicamente contra a política externa da França em relação às
suas ex-colónias africanas, ainda estes ano, em torno da greve dos
coletes amarelos na França. O assunto já foi motivo de animosidades
diplomáticas entre a França e a Itália.
Comentários
Enviar um comentário