O AFASTAMENTO DOS EUA DA LIDERANÇA DO MUNDO
Raúl M Kuyeri, 05 de Julho de 2017

Há quem diga ser o fim do império norte-americano com a presente Administração de Donald Trump nos EUA. É que, desde o início do seu mandato, o Presidente Donald Trump quebrou 70 anos da tradição norte-americana de compromisso com a liderança do mundo. Os sucessivos levantamentos em torno da Parceria Trans-Pacífica e do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, combinados com o potencial deslocamento do foco da NATO em relação às potências europeias, criam várias áreas de penumbras e risco político graves.

No seu discurso, a 01 de Junho de 2017, em torno do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, Donald Trump começou por referir-se ao ataque terrorista em Manila, uma situação que, segundo disse, era realmente muito triste este fenómeno que está a ocorrer em todo o mundo, cujo terror está a afectar os pensamentos e orações de todos.

Antes de se referir às questões concretas sobre as mudanças climáticas, Donald Trump disse que uma actualização sobre o “absolutamente tremendo progresso económico” dos EUA, desde o dia da sua eleição a o8 de Novembro de 2016. Enfatizou que a economia norte-americana estava a começar a voltar muito rapidamente, com um incremento adicional de US$3.3 triliões em valor nos mercado de acções e mais de um milhão de empregos no sector privado. Anunciou que acabava de regressar de uma viagem ao exterior bem sucedida, onde concluiu um acordo de quase US$350 biliões para o desenvolvimento militar e económico dos EUA, criando centenas de milhares de empregos.

Donald Trump informou que, nas suas reuniões com o G7, tomou medidas históricas para exigir um comércio justo e recíproco, que dê aos norte-americanos um campo equilibrado de jogo contra as outras nações e que estava a trabalhar muito para a paz no Oriente Médio, talvez até para a paz entre os israelitas e os palestinianos. Declarou que os seus ataques ao terrorismo são intensamente intensificados, comparativamente aos esforços da anterior administração de Barack Obama, incluindo a mobilização de muitos outros países para fazerem grandes contribuições na luta contra o terrorismo e que antes não o faziam.

Donald Trump enfatizou que, um por um, estava cumprindo com as suas promessas eleitorais que fiz ao povo norte-americano durante a sua campanha política para ser eleito Presidente. Anunciou que refreou os regulamentos do trabalho, fez tremenda remodelação no sector da justiça e no Supremo Tribunal, implementou novas e difíceis regras de ética, conseguiu uma redução recorde nos índices de imigração ilegal na fronteira sul do EUA com o México, repatriou muitos postos de trabalho e indústrias de volta aos EUA em números que ninguém pensava que fosse possível e os norte-americanos tinham iniciado a colher os frutos do seu trabalho a olhos vistos.

Sobre estas e outras questões, Donald Trump disse que estava cumprindo com os seus compromissos e não queria que nada o barrasse o caminho, porque estava a lutar, todos os dias, com os grandes povos do seu país. Portanto, para cumprir o seu dever solene de proteger os EUA e os seus cidadãos, a Casa Branca retiraria os EUA do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas começar negociações para novas modalidades de voltar a entrar no Acordo de Paris ou uma transacção realmente inteiramente nova, em termos justos para os EUA, os seus negócios, os seus trabalhadores, as suas pessoas e os seus contribuintes, de modo a alcançar um acordo justo e óptimo.

Donald Trump referiu que, como presidente, não podia colocar nenhuma outra consideração perante bem-estar dos cidadãos norte-americanos e que o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas é simplesmente o último exemplo de Washington a entrar num acordo com desvantagens para os EUA e para o benefício exclusivo de outros países, deixando os trabalhadores norte-americanos, que ele ama, e os contribuintes absorvem o custo em termos de empregos perdidos, salários mais baixos, fábricas fechadas e produção económica muito reduzida.

A partir daquele dia, os EUA cessaram toda a implementação do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, passando a não vincularem aos encargos económicos que o acordo impõe. A medida incluiu o encerramento da implementação da determinante contribuição ao Green Climate Fund, alegando que estava a custar aos EUA uma grande fortuna.

Donald Trump alegou ainda que o cumprimento dos termos do Acordo de Paris e as onerosas restrições de energia que custariam aos EUA a perda de 2.7 milhões de postos de trabalho até 2025, de acordo com dados do National Economic Research Associates, que incluía a redução de 440 mil postos de emprego na indústria de manufactura, em especial nos sectores de automóveis e na paralisação de indústrias vitais norte-americanas, nas quais inúmeras comunidades dependem.

De acordo com o National Economic Research Associates, citado por Donald Trump, até 2040 o cumprimento dos compromissos assumidos pela administração de Barack Obama reduziria a produção nos seguintes sectores: cerca de 12% na indústria de papel, 23% na de cimentos, 38% na de ferro e aço, 86% na de extracção de carvão, 31% na de produção de gás natural, entre outros sectores. O custo para a economia norte-americana na altura era estimada em cerca de US$3 triliões do PIB e 6.5 milhões de empregos industriais, enquanto as famílias teriam uma redução da sua receita média em US$7 mil por ano.

Para Donald Trump, Acordo não só este Acordo sujeita os norte-americanos a duras restrições económicas, como não consegue colmatar os ideais ambientais dos EUA, que se preocupam profundamente com o meio ambiente, como ele próprio não consegue, em boa consciência, apoiar um Acordo que punha os EUA no líder mundial na protecção ambiental, sem impor nenhuma obrigação significativa no mundo aos principais poluidores. Citou como exemplo que, sob este Acordo, a China poderá aumentar as suas emissões por um impressionante número de 13 anos 13 a fazer o que quiser, a Índia faz depender a sua participação à recepção de biliões e biliões de dólares de ajuda externa dos países desenvolvidos, além de muitos outros exemplos, e a conclusão de Donald Trump foi que o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas é muito injusto, ao mais alto nível, para EUA.

Além disso, Donald Trump adiantou que, enquanto o actual Acordo bloqueia efectivamente o desenvolvimento a exploração do carvão limpo na América e as minas estão começando a se abrir, os EUA estavam tendo uma grande abertura em apenas duas semanas na Pensilvânia, Ohio, Virgínia Ocidental, e tantos outros lugares, para a exploração de novas minas de carvão, facto que não aconteceu durante muitos anos.

Donald Trump disse que a China está a ser a permissão para a construção de centenas de centrais térmicas a carvão adicionais. Portanto, segundo ele, os EUA estavam a ser impedidos de construir novas centrais térmicas a carvão por foça deste Acordo. A Índia está a ter o direito de duplicar a sua produção de carvão em 2020 e os EUA não o devem, quando mesmo a Europa pode continuar a construir centrais térmicas a carvão. Ou seja, naqueles países e regiões, em suma, o Acordo não reduzia os postos de trabalho na indústria do carvão mineral, apenas transferia tais postos de empregos para fora da América e dos EUA em benefício de países estrangeiros.

Para Donald Trump, este Acordo é apenas a favor de outros países para ganharem vantagens financeiras sobre os EUA. Para isso o resto do mundo aplaudiu quando os EUA assinaram o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas e ficaram selvaticamente tão felizes, pelo simples motivo de colocar os EUA numa grave desvantagem económica muito grande. Para ele, tal não passou de um cinismo que alegou o óbvio motivo para os concorrentes económicos dos EUA e o seu desejo de manter a nação norte-americana presa no acordo para que os norte-americanos continuassem a sofrer essa grande ferida económica auto-infligida, ao colocarem-se numa situação muito difícil de competirem com outros países de outras partes do mundo.

Donald Trump referiu que os EUA têm reservas de energia mais abundantes do planeta, suficientes para salvar milhões de trabalhadores norte-americanos da pobreza. No entanto, de acordo com o Acordo, os EUA estavam efectivamente colocando as suas reservas a sete chaves, tirando a grande e fenomenal riqueza da nação norte-americana ao ócio e pobreza, sem ideia de os norte-americanos algum dia terem tido tal riqueza e deixando milhões e milhões de famílias presas à pobreza e desemprego.

De acordo com Donald Trump, o Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas é uma redistribuição massiva da riqueza dos EUA a outros países, com um crescimento de 1% por cento, quando as fontes de energia renováveis podem atender a demanda doméstica dos norte-americanos, mas com um crescimento de 3 ou 4%, precisando, de todas as formas, da disponibilidade da energia norte-americana, com o risco grave de caducar e sofrer apagões, os negócios caírem para muitos casos e as famílias norte-americanas sofrerem as consequências na forma de desempregos e uma qualidade de vida muito reduzida.

Para Donald Trump, mesmo que o Acordo de Paris tivesse sido implementado na íntegra, com o cumprimento total de todas as nações, estima-se que só produziria efeitos de dois décimos de um grau célsius no efeito estufa até o ano 2100, na verdade, uma pequeníssima quantidade que em apenas 14 dias de emissões de carbono da China sozinha eliminariam os ganhos mundiais e esta é uma estatística incrível, pois aniquilaria totalmente os ganhos das reduções esperadas dos EUA no ano 2030, depois de ter tido que gastar biliões e biliões de dólares, perdido muitos postos de emprego, fábricas fechadas e sofrido custos de energia muito maiores para os negócios e para as casas dos norte-americanos.

Recorrendo a um artigo do Wall Street Journal, na edição do mesmo dia 01 de Junho de 2017, Donald Trump disse: “A realidade é que a retirada é do interesse económico dos EUA e não importará muito para o clima. Por isso mesmo, os EUA, sob a administração de Donald Trump, continuarão a ser o país mais limpo e mais ecológico da terra. Nós seremos os mais limpos. Nós teremos o ar mais limpo. Nós vamos ter a água mais limpa. Seremos ambientalmente amigáveis, mas não vamos colocar os nossos negócios fora do trabalho e não vamos perder os nossos empregos. Nós vamos crescer; Nós vamos crescer rapidamente”. Depois Donald Trump disse que estava disposto a trabalhar imediatamente com os líderes democratas para negociar o caminho de retorno ao Acordo de Paris, nos termos que são justos para os EUA e seus trabalhadores, ou para negociar um novo acordo que proteja os interesses do seu país e seus contribuintes.

Para Donald Trump, se os obstrucionistas quiserem se juntar a ele, torná-los-ia não obstrucionistas, para todos se sentarem à mesma mesa para que os EUA voltem ao Acordo, com promessas de fazer o que é bom, e não fecharemos nossas fábricas, e não estaremos perdendo nossos empregos. E nos sentaremos com os democratas e todas as pessoas que representam o Acordo de Paris ou algo que podemos fazer, é muito melhor do que o Acordo de Paris. E acho que as pessoas do nosso país ficarão emocionadas, e acho que as pessoas do mundo ficarão emocionadas. Mas até que possamos fazer isso, estamos fora do acordo. Prometeu trabalhar para garantir que os EUA continuem a ser o líder mundial em questões ambientais, mas sob um quadro justo e onde os encargos e responsabilidades são igualmente compartilhados entre as várias nações em todo o mundo.

Donald Trump realçou que nenhum líder responsável pode colocar os trabalhadores e as pessoas do seu país numa tremenda debilitante desvantagem desta. Defendeu que o facto de o Acordo de Paris restringir os EUA, ao mesmo tempo que capacita alguns dos principais países poluentes do mundo, deve dissipar qualquer dúvida quanto à verdadeira razão pela qual os lobbistas estrangeiros desejam manter a magnífica nação norte-americana amarrada e vinculada por este tipo de acordo que dá vantagem económica a outros países acima os EUA e isso não vai acontecer enquanto ele for presidente. Defendeu que o seu trabalho como presidente é fazer tudo o que for ao seu alcance para dar aos EUA condições equitativas e criar as estruturas económicas e regulamentação tributária que tornem o país mais próspero e produtivo do mundo e com o mais alto padrão de vida e de protecção ambiental.

No seu discurso, o estadista norte-americano defendeu ainda que a conta de tributação estava ocorrer no Congresso e acreditava que estava no bom caminho. Ele julga que muita gente ficará muito surpreendida, mas os Republicanos estão a trabalhar muito, de forma incansável e que ele adoraria que tivesse o apoio dos democratas, mas talvez devessem ficar sozinhos, porque tudo estava a andar muito bem. Para Donald Trump o Acordo de Paris prejudica a economia dos EUA e precisa conquistar elogios das capitais estrangeiras e dos activistas globais que, há muito, buscavam lucros à custa dos norte-americanos, porque eles não colocam os EUA em primeiro e ele o faz e sempre o fará.

Donald Trump disse que as mesmas nações que pedem aos EUA para permanecerem no Acordo são os países que colectivamente custaram triliões de dólares americanos através de práticas comerciais difíceis e, em muitos casos, prestam contribuições insignificantes para a significativa situação militar da Aliança, pois, é bastante óbvio para aqueles que querem manter uma mente aberta. Defendeu que quer um tratamento justo para os seus cidadãos e quer um tratamento justo para os seus contribuintes, porque os norte-americanos não querem que os outros líderes e outros países riam-se mais deles.

O estadista norte-americano disse que foi eleito para representar os cidadãos de Pittsburgh e não de Paris e prometeu que iria sair ou renegociar qualquer acordo que não respeite os interesses dos EUA, pois, segundo ele, muitas negociações em breve estariam sob renegociação e muito raramente os norte-americanos teriam um acordo que funcione para este país e o processo foi iniciado desde o primeiro dia. Defendeu que, para além das severas restrições de energia infligidas pelo Acordo de Paris, inclui-se ainda outro esquema para redistribuir a riqueza dos EUA através do chamado Green Climate Fund, um bom nome que exige que os países desenvolvidos canalizem US$100 biliões para os países em desenvolvimento, tudo acima dos maciços pagamentos existentes de ajuda externa dos EUA em biliões e biliões de dólares, quando muitos dos outros países não gastam nada ou nunca pagarão um único centavo.

Donald Trump classificou o Green Climate Fund como uma obrigação dos EUA para pagar potencialmente dezenas de biliões de dólares, dos quais os EUA já pagaram US$1 bilião e ninguém mais fez o mesmo tipo de pagamento, porque a maioria deles nem paga nada, incluindo os fundos lançados no orçamento dos EUA para a guerra contra o terrorismo. Ele realçou que em 2015, as autoridades de topo sobre as Mudanças Climáticas nas Nações Unidas, disseram que os US$100 biliões por ano como “amendoins” e declararam que “os US$100 biliões são a cauda que aflige o cachorro”. No mesmo ano, o Director Executivo do Green Climate Fund afirmou que o financiamento estimado necessário aumentaria para US$450 biliões por ano após 2020, e ninguém sabe onde o dinheiro está indo, ninguém conseguiu ainda dizer para onde vai.

Donald Trump diz que, claro, os principais poluidores do mundo não têm obrigações afirmativas no âmbito do Green Climate Fund que acabamos com ele e os EUA têm US$20 triliões de dívidas. Ele referiu que cidades com dinheiro não podem contratar efectivos policiais suficientes ou consertar infra-estruturas vitais, milhões de cidadãos estão sem trabalho e, no entanto, de acordo com o Acordo de Paris, biliões de dólares que deveriam ser investidos aqui nos EUA seriam canalizados para os mesmos países que levaram as fábricas norte-americanas e empregos para longe dos EUA. Acrescentou que há também questões legais e constitucionais graves, pois os líderes estrangeiros na Europa, na Ásia e em todo o mundo não deveriam ter mais a dizer relativamente à economia dos EUA, do que os próprios cidadãos norte-americanos e os seus representantes eleitos. Assim, segundo Donald Trump, a retirada dos EUA do Acordo representa uma reafirmação da sua soberania, pois a Constituição norte-americana é única entre todas as nações do mundo, e sua maior obrigação e grande honra protegê-la.

Para Donald Trump manter-se no Acordo também poderia representar sérios obstáculos para os EUA, à medida que se começou com o processo de desbloquear, com muita força, as restrições sobre as abundantes reservas de energia da nação norte-americana, uma vez teria sido impensável que um acordo internacional pudesse impedir os EUA de realizarem os seus próprios interesses económicos domésticos, mas esta é a nova realidade que os norte-americanos vão ter que enfrentar se não abandonarem o Acordo ou se não negociarmos um Acordo muito melhor. Defende que os riscos crescem tão historicamente e tais acordos apenas tendem a se tornar cada vez mais ambiciosos ao longo do tempo. Noutras palavras, a estrutura de Paris é um ponto de partida tão ruim quanto é e não um ponto final. Sair do Acordo protege os EUA de intrusões futuras sobre a sua soberania e sua maciça responsabilidade legal no futuro, porque acredita que os norte-americanos têm uma enorme responsabilidade legal se o país permanecer no Acordo.

O estadista norte-americano declarou que, como presidente, tem uma obrigação para com o povo norte-americano e o Acordo de Paris prejudicaria a economia dos EUA, dificultaria os seus trabalhadores, enfraqueceria a sua soberania, imporia riscos legais inaceitáveis e colocaria a nação norte-americana em permanente desvantagem em relação aos outros países do mundo. Disse que era hora de sair do Acordo de Paris e tempo para prosseguir com esforços para um novo acordo que proteja o meio ambiente, as empresas, os cidadãos e o país. Defendeu ser tempo de colocar Youngstown, Ohio, Detroit, Michigan e Pittsburgh, Pensilvânia, juntamente com muitos outros locais dentro do excelente país norte-americano, antes de Paris, na França, e é tempo de tornar os EUA novamente excelentes.

Comentando o discurso de Donald Trump, o mestre de cerimónia agradeceu-lhe referindo que a sua decisão de desvincular os EUA do Acordo de Paris sobre as Mudanças Climáticas estava em linha com os seus compromisso de colocar o seu país em primeiro lugar e mostra a sua fortaleza, coragem e firmeza em servir e liderar o país. Ele realçou que os EUA finalmente têm um líder que responde apenas às pessoas e não aos interesses especiais que se colocaram no seu caminho por muito tempo. Em tudo o que ele faz, demonstra que o presidente está a lutar pelos homens e mulheres esquecidos em todo este país, como um campeão para os cidadãos trabalhadores em toda a terra, que apenas quer um governo que os escute e represente os seus interesses.

Aquele mestre de cerimónia sublinhou que esta era uma restauração histórica da independência económica norte-americana que beneficiará a classe trabalhadora, os trabalhadores pobres e os trabalhadores de todas as classes sociais. Com esta acção, Donald Trump teria declarado que as pessoas são governantes deste país mais uma vez e deve-se notar que os EUA, como nação, está a melhorar do que qualquer um outro país no mundo, ao conseguir o equilíbrio entre o crescimento da economia, o aumento de empregos, enquanto também se está sendo bons administradores do meio ambiente. Sublinhou dizendo: “Não devemos pedir desculpas a outras nações pela nossa administração ambiental. Afinal, antes do Acordo de Paris ter sido assinado, a América reduziu a sua taxa de emissão de CO2 para níveis cada vez mais baixos desde o início dos anos 90. Na verdade, entre os anos 2000 e 2014, os EUA reduziram as suas emissões de carbono em mais de 18%. E isso foi realizado, não através do mandato do governo, mas realizado através da inovação tecnológica no sector privado americano”.

Sublinhou ainda dizendo que “por esse motivo, Senhor Presidente, você corrigiu uma visão que era fundamental em Paris que, de alguma forma, os EUA deveriam penalizar a sua própria economia, se desculpar, liderar com o queixo baixo, enquanto o resto do mundo faz pouco. Outras nações falam de um bom jogo; Nós lideramos com acção e não palavras. Os nossos esforços, Senhor Presidente, como você sabe, devem ser a exportação da nossa tecnologia, a nossa inovação para as nações que procuram reduzir a sua taxa de emissão de CO2 para aprender de nós. Esse deve ser o nosso foco versus concordar com alvos inatingíveis que prejudicam a nossa economia e o povo americano”.

Este posicionamento da administração Donald Trump em relação ao Acordo de Paris, que aponta a injustiça de um acordo que foi ratificado por 148 países, simboliza a posição unilateralista dos EUA na política externa. Para o estadista norte-americano e seus assessores, o slogan “América Primeiro”, e a nova posição dos EUA como líder global e constitui mais um fardo do que uma vantagem estratégica.

O discurso de Donald Trump na recente cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) enfatizou a disposição da sua administração de abordar a questão do multilateralismo e das alianças de forma transaccional. “Vinte e três dos 28 países membros ainda não estão pagando o que eles deveriam pagar e o que eles deveriam estar pagando pela sua defesa", declarou Donald Trump, deixando visivelmente chocando o painel de Chefes de Estado e de Governo presentes em Bruxelas. Essa posição “vantajosa para o futuro” na versão do novo inquilino da Casa Branca, poderá ter sérias consequências para a posição dos EUA como um jogador importante na arena internacional.

Tudo indica que, até agora, a política comercial de Donald Trump está prenhe de todas as características de um proteccionismo a deriva. A renegociação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) é uma manifestação de uma abordagem mercantilista de um presidente que mais entende de negócios do fórum privado e não de um gestor de negócios de Estado. No seu discurso de tomada de posse, Donald Trump declarou que as fronteiras dos EUA deveriam ser protegidas dos “estragos de outros países” e mencionou a possibilidade de impor um imposto especial sobre as empresas dos EUA que transferirem as suas fábricas para o exterior. Esta política comercial de Donald Trump poderá causar danos graves aos EUA a longo prazo, ao desarticular o seu sistema económico liberal que prevaleceu desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, parece provável que este proteccionismo barato possa comprometer os interesses dos EUA no xadrez internacional.

A narrativa política e estratégica de Donald Trump sobre o declínio industrial dos EUA em plena era da globalização e após uma crise económica e financeira internacional que assolou gravemente o sector da banca norte-americana e a Zona Económica da União Europeia, abalou o próprio fundamento da ordem internacional liberal que os EUA e os seus aliados construíram durante o século XX. Refira-se que, durante décadas, a liderança norte-americana forneceu a essência da actual complexa ordem económica mundial, na qual as instituições de Bretton Woods, nomeadamente o Banco Mundial (BIRD) e o Fundo Monetário Mundial (FMI), bem como as Nações Unidas (ONU), a NATO e a Organização Mundial do Comércio (OMC), para citar apenas algumas instituições com papel preponderante na geopolítica e ordem económica mundial, foram todas elas iniciadas sob a liderança dos EUA, desde a administração do presidente Roosevelt, passando pelos últimos 13 presidentes norte-americanos sucessivamente, que compartilharam a opinião comum que sempre incumbiu aos EUA espalhar ideais internacionalistas, cultura e valores de solidariedade democrática, abertura económica e cooperação de segurança.

Esta tradicional visão geoestratégica de uns EUA líderes do mundo, trabalhando para o bem comum de todas as nações, provavelmente se evaporará gradualmente enquanto Donald Trump continuar a direccionar a sua política externa para uma doutrina de uma “América independente do resto do mundo”. A retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre Mudanças Climáticas, uma semana logo após uma cimeira do G7, publicitou uma mensagem clara ao mundo de que a nova administração instalada na Casa Branca não fará nenhum compromisso em relação à sua agenda diplomática na política externa. A longo prazo, a abordagem transaccional da política externa dos EUA será susceptível de gerar suspeitas e desconfianças entre os aliados dos EUA, com especial destaque para a União Europeia e seus parceiros estratégicos na NATO, o que pode levar à divisão do mundo em várias esferas de influência, nas quais os EUA não ocuparão lugar proeminente. Prova disso é a declaração da chanceler alemã, Angela Merkel, de que os europeus devem decidir pelo seu destino pelas suas próprias mãos, como um forte sinal da nova desordem geral entre os aliados dos EUA.

No cerne na nova doutrina da política externa do presidente Donald Trump está a convicção de que a protecção comercial dos EUA poderia revitalizar os sectores económicos norte-americanos, como as indústrias do carvão e do aço. A este respeito, Donald Trump segue a linha do presidente Warren G. Harding, que disse, durante seu discurso de tomada de posse, que “foi provado, uma e outra vez, que não podemos, ao lançar os nossos mercados abertos para o mundo, manter a oportunidade e o nível de vida americano e, ao mesmo tempo, manter a nossa eminência industrial numa concorrência tão desigual”. Portanto, alguns dos assessores económicos do actual presidente dos EUA, como Peter Navarro, costumam usar as barreiras à importação impostas pela administração Ronald Reagan na década de 1980, como um exemplo de uma política económica proteccionista de sucesso.

No entanto, como ficou destacado no relatório da Comissão de Comércio Internacional de 1982, este tipo de políticas não economizou as indústrias norte-americanas que estavam em declínio. Segundo a Comissão, as dificuldades experimentadas pela maioria das indústrias norte-americanas não foram devidas a importações exacerbadas, mas sim, a “grande parte do prejuízo das empresas norte-americanas foi causada por factores não relacionados à importação, ou porque o declínio das importações após o alívio foi pequeno”, concluiu o relatório.

Em 1986, outro relatório publicado pelo Gabinete de Orçamento do Congresso dos EUA fez eco do sentimento da Comissão de Comércio Internacional dos EUA, afirmando que “as restrições comerciais não conseguiram atingir o seu principal objectivo de aumentar a competitividade internacional das indústrias relevantes norte-americanas”. Desta forma, o rápido slide da administração norte-americana em relação ao proteccionismo poderia virar e prejudicar as próprias indústrias que Donald Trump afirma ser sua “causa de lutar” todos os dias.

O abandono dos EUA da liderança global terá consequências significativas na arena internacional, particularmente no que se refere à NATO, uma vez na Europa, a França, Alemanha e a Itália provavelmente procurarão formar uma estrutura de segurança europeia independente do actual cenário da aliança em torno da NATO. A proposta da Comissão Europeia sobre a criação de um Fundo Europeu de Defesa é um passo neste sentido e a vontade do recentemente eleito presidente francês, Emmanuel Macron, de fortalecer a União Europeia, como um equilíbrio entre os EUA e a Rússia, poderá reduzir a influência dos EUA naquele continente europeu e, no leste da Europa, os estados bálticos também poderão suportar o custo decorrente da nova doutrina de Donald Trump, com um potencial enfraquecimento da NATO, o que aumentará a influência russa naquela região dos países bálticos.

No entanto, e segundo vaticinam alguns analistas da nova geopolítica e estratégia internacional, esta mudança de paradigma não pode ser limitada à Europa. Na Ásia, as inconsistências da política externa de Donald Trump podem empurrar o Japão e a Coreia do Sul para um afastamento táctico ou estratégico de Washington, participando de forma independente no diálogo trilateral com a Coreia do Norte, como ficou implicitamente vaticinado no discurso de tomada de posse do novo presidente da Coreia do Sul que almeja uma Coreia reunificada.

Do mesmo modo, os poderes asiáticos poderiam trabalhar para melhorar a sua segurança regional sem os EUA, trabalhando no fortalecimento da Associação das Nações do Sudeste Asiático. Uma retirada dos EUA da região beneficiaria a China e sua aliada Rússia, podendo-se testemunhar algumas alianças estratégicas entre Beijing e alguns dos actuais principais parceiros dos norte-americanos, como o Vietname e a Singapura.

Num cenário destes, finalmente, a doutrina de Donald Trump orientada para o negócio no Médio Oriente e sua determinação de “bombardear o inferno do ISIS”, provavelmente desempenharam um papel importante na recente decisão de sete países, nomeadamente a Arábia Saudita, o Egipto, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Líbia, Iémen e Maldivas, para cortar relações com com o Qatar. Donald Trump aceitou o crédito da fissura do Golfo Pérsico no seu Twitter, embora as escaladas de tensões na região estejam a ameaçar a luta liderada pelos EUA contra o ISIS, com o Qatar a hospedar o US Combined Air Operations Center, que é responsável pela condução das operações aéreas em todo o Iraque, Síria, Afeganistão e outras 17 nações naquela região. Esta é outra área em que o presidente norte-americano mostra uma falta de previsão sobre os problemas e desafios subjacentes à política dos EUA no Médio Oriente.

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