CONSPIRAÇÃO UNIÃO EUROPEIA/IGREJA
CATÓLICA
RM Kuyeri, 18 de Julho de 2017
Ultimamente
tenho vindo a ser bombardeado por uma série de mensagens sobre a teoria de
conspiração contra Moçambique, cujos autores se arrogam serem tão inteligentes
e patriotas do que tantos outros moçambicanos.
Estas novas classe
de patriotas revolucionários por detrás das Dívidas Ocultas fazem sugestivos
apelos por uma revolução contra aqueles a quem estamos a apelar a sua piedade
para nos concederem ajuda ao nosso vergonhosamente deficitário Orçamento Geral
do Estado há mais de 42 anos de Independência. Chamam-lhes Tugas, CIAs e
companhia em apelo à nossa revolta para nos esquecermos da desgraça que nos
causaram com as tais Dívidas Ocultas.
Por conta da
revolta social contra a desgraça que tais Dívidas Ocultas condenaram a muitos
moçambicanos ao jejum não religioso, quando alguns moçambicanos exigem esclarecimentos,
surgem discursos e argumentos de que “somos um país soberanos” e aqueles que
questionam o paradeiro real dos dinheiros das tais Dívidas Ocultas são tidos
marionetes, servis aos interesses neocolonialistas de Portugal ou ao serviço da
CIA e em defesa dos interesses dos EUA. Muitos humildes cidadãos são vilipendiados
por expressarem livremente e em público as suas opiniões questionando o destino
dado aos tais dinheiros das Dívidas Ocultas.
Se alguns
destes patriotas revolucionários da nova era das Dívidas Ocultas dão suas
caras, há muitos outros que passam por “Ateu Pagão”, porque não estão a jejuar
como tantos outros moçambicanos ateus, uma vez deterem meios financeiros que
acumularam por conta de tais dívidas e têm vida de Lords, com cinco refasteladas refeições diárias nas suas casas:
pequeno-almoço, merenda, almoço, lanche, jantar e ceia.
Uma dessas
mensagens, feitas circular no dia 13 de Julho de 2017, cujo título é motivo
deste texto, escrito por um “Ateu Pagão”, nome não revelado, dizia que, as 08:00
horas de amanhã, 14 de Julho de 2017, no Cineteatro Gilberto Mendes [aqui na
cidade de Maputo], terá lugar mais uma jornada de conspiração política contra o
Governo do Dia, desta feita promovida pelo Parlamento Juvenil (PJ), do
cinquentenário e líder Wamuyaya (vitalício) Salomão Muchanga, tendo em vista os
próximos pleitos eleitorais de 2018 (Autárquicas) e 2019 (Gerais).
Segundo o
tal “Ateu Pagão”, o pretexto, como está na moda, são as "dívidas
ocultas". Mais uma vez, os financiadores são a União Europeia (UE), na
pessoa do respectivo Embaixador, Sven Von Burgstorff, no valor de €10.000 (dez
mil euros), e a Embaixada da Suécia, no valor de €3.000 (três mil euros), o que
totaliza €13,000 (treze mil euros). Os painelistas e moderador, esses são
sempre os mesmos, apenas se encarnam noutras caras.
Estamos
todos acordados que, quando os doadores condicionaram a continuidade do apoio
ao nosso Orçamento Geral do Estado a uma auditoria forense internacional independente,
não tínhamos dinheiro para pagar o tal auditor internacional. Lançamos o
concurso internacional e apuramos a Kroll
como a empresa que faria tal auditoria forense independente às custas da Suécia,
que financiou todo o processo. Depois, surgimos nós, os ditos patriotas
revolucionários, a chamar nomes a Kroll,
porque, apesar de ser uma empresa britânica, os seus auditores são supostamente
operacionais da CIA e que a Kroll é uma extensão dos interesses dos EUA de desestabilizar
Moçambique.
O tal “Ateu
Pagão” prossegue no seu texto referindo que a Igreja Católica já não consegue
esconder o seu envolvimento neste negócio de desestabilização de Moçambique,
tal como não o fez em relação a Pedofilia.
A nossa
curta memória de patriotas revolucionários se esqueceu que foi a Igreja
Católica que nos tem ajudado a sair das desgraças de conflitos militares que se
seguiram à proclamação da nossa independência a 25 de Junho de 1975.
O nosso “Ateu
Pagão” prossegue e diz repare-se que, muito recentemente, o Embaixador da União
Europeia baptizou Salomão Muchanga com o nome de “Julius Malema” de Moçambique
e comprou centenas de boinas azuis (vide imagem abaixo) [não recebi tal
imagem], para serem usados por seus seguidores. Para no fim apelar: “Moçambicanos,
não se distraiam!”
Surpreendentemente
e a partir da Suécia, recebi o texto que se segue. É caso mesmo para conferir a
veracidade do ditado popular que diz: “Não atire pedras no telhado do outro, se
o teu é de vidro”. Então veja-se só o quão de vidro é o nosso telhado de
patriotas revolucionários da era das Dívidas Ocultas:
“Endividaram
o Estado moçambicano e burlaram empresários. Trata-se da ex-esposa de Aiuba Cuereneia,
antigo Ministro do Plano e Desenvolvimento no Governo de Armando Emílio
Guebuza, e Adelaide Amurane, antiga Ministra na Presidência para Assuntos
Parlamentares no Governo de Armando Emílio Guebuza e actual Ministra na
Presidência para a Casa Civil. Ambas estão envolvidas em escândalos financeiros,
segundo o jornalista Anselmo Sengo”. Não estaremos perante mais um marioneta
dos interesses do ocidente! Note-se que o mesmo assunto é abordado nos blogs Moçambique Terra Queimada e Moçambique
para Todos, nas suas edições de ontem, 17 de Julho de 2017.
“De escândalos em escândalos financeiros, envolvendo figuras de proa da sociedade moçambicana, o país vai andando. Depois do assunto de maior repercussão, que é o relatório da Kroll, seguido pela condenação, na semana passada do ex-Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Abdul Remane Lino de Almeida, esta semana, e dentro da sucessão de escândalos que vêm sacudindo o país, aparece Flávia Cuereneia, Adelaide Amurane e João Santana (Bacalhao) que, acoberto de uma garantia soberana, conseguiram €42 milhões (USD60 milhões), para a construção de um hospital em Nampula e, depois, de uma universidade na província de Maputo.
Tanto o
primeiro como o segundo, ambos projectos não passaram de uma arma para enriquecer
e burlar empresários moçambicanos da cidade e Província de Maputo”.
“O PÚBLICO sabe ainda que Flávia Cuereneia
está sendo contestada pelos funcionários do Parque de Ciência e Tecnologia de
Maluana, onde é Directora, incluindo acusações de ser uma pessoa de difícil
trato e mau relacionamento com os seus superiores hierárquicos. Estamos perante
um segundo escândalo de endividamento do Estado moçambicano sem aval da
Assembleia da República e o cerco contra Flávia Cuereneia e Adelaide Amurane
está a fechar-se”.
“Ao que se sabe, João Carlos Santana dos Santos, um cidadão português que fugiu de Portugal com pulseira electrónica para Moçambique, Higino Katupa, filho do deputado e membro da Comissão Permanente da Assembleia da República, José Mateus Katupa, produziram um projecto de um hospital em Nampula que seria construído a acoberto do Gabinete da Primeira-Dama de então, Maria da Luz Guebuza. Para o efeito, contactaram Flávia Cuereneia, antiga Directora do Gabinete da Primeira-Dama para convencer a ex-Primeira Dama a aceitar o projecto, no regime de parceria público-privada”.
“O Gabinete da ex-Primeira-Dama, através de João Santana, solicitou que fosse emitida uma garantia soberana e, para o sucesso da trama, era imperioso que o antigo Ministro da Saúde, Ivo Garrido, participasse, dando bênção ao negócio. Mas este recusou-se, alegando que construiu o hospital maior na Província de Maputo com 120 quartos por apenas USD4 milhões e não queria endividar o Estado nesse valor”.
“Segundo as
nossas fontes, foi ai que Flávia Cuereneia não se fez de rogada e, em conluio
com Higino Katupa e João Santana, decidem urdir um outro plano “macabro” que
consistia em propor à ex-Primeira-Dama a construção de uma universidade que
seria tutelada pelo Instituto Criança,
Nosso Futuro. Acoberto desses nomes, dirigiram-se ao bairro de Tchume II,
no Município da Matola, ao encontro de António Camejo, empresário e dono do
condomínio Jesebela, onde exibiram a
carta de garantias soberanas, incluindo a carta da proveniência dos fundos, via
Caixa Geral de Depósitos de Portugal”.
“Camejo aceitou a proposta, uma vez que ele também já tinha idealizado construir uma universidade e, a dado momento, o grupo sugeriu que Camejo pagasse USD1 milhão a Adelaide Amurane, alegadamente para ela facilitar que o dinheiro fosse depositado em dólares e não em meticais. Camejo teria respondido que não tinha o dinheiro. Entretanto, o grupo disse para ele entregar duas casas no condomínio Jesebela como forma de Amurane poder obviar a pretensão, uma vez que ela tem facilidade de influências e circulação nos corredores políticos e governamentais”.
“Segundo as
nossas fontes, Adelaide desloca-se ao condomínio e escolhe duas casas gémeas,
no valor de USD400 mil cada, tendo o empresário sido obrigado a transmitir, por
via de uma escritura pública, a titularidade das mesmas a favor de Adelaide
Amurane”.
“Afinal o que fez ao grupo optar em manter o dinheiro em dólares e não em meticais no BCI?”
“Dados em
nosso poder, indicam que, na verdade, o plano nunca foi de hospital, muito
menos uma universidade. ‘O grupo queria receber dinheiro e dividir-se como,
aliás, veio a acontecer mais tarde, isto neste ano de 2017’, sublinha a fonte
para acrescentar que a Ministra na Presidência para a Casa Civil, Adelaide Amurane,
recebeu as duas casas e, seguidamente, houve reuniões no BCI, onde o dinheiro
estava depositado, e esqueceram-se da participação no suposto projecto da
universidade do empresário Camejo, ‘situação que levou ao enriquecimento sem
justa causa’. E, como se não bastasse, acrescentou o nosso interlocutor, ‘João
Santana implementou o seu plano de burla e trocou a casa de Amurane no
condomínio com a de Natividade Bule, localizada na zona nobre da capital do
país”.
“Aliás, Flávia Cuereneia teria ainda apelado ao dono do condomínio para tirar o tecto do terraço para permitir que a sua filha entrasse em contacto com as estrelas, uma vez que ela é praticante-mor de Yoga. É aqui onde tudo se estraga, pois Camejo descobre que tudo quanto havia sido conversado e mostrado, não passava de um esquema de burla, tendo por isso, iniciado uma investigação e exigiu as suas casas de volta”.
“O
empresário foi ameaçado sob os argumentos de que ‘devia ter cuidado e calar-se,
porque estava a lidar-se com pessoas fortes, poderosas e intocáveis’”.
“Natividade
Bule descobre muito recentemente que não houve trocas, mas sim, uma burla e
ambos decidiram abrir um processo-crime na Terceira Brigada da Policia de Investigação
Criminal de Maputo. Apercebendo-se que a ‘bomba’ estava prestes a rebentar,
João Santana abandonou o nosso país sem deixar rastos, levando consigo dinheiro
e uma mulher moçambicana, com quem, contraíra matrimónio muito recentemente”.
“Em contacto
com a nossa reportagem, Flávia Cuereneia reconheceu ter participado nos
dois projectos, mas nega sua autoria. ‘Conheço os dois projectos, já
estive no condomínio e vimos as casas. O resto não é comigo. Fale com a
Ministra Amurane e o senhor João Santana’”.
Descontentamento no Parque de Ciências
de Maluane
Para além
deste caso de novas dívidas ocultas com aval do Estado e que vêm provar as
suspeitas de que há mais dívidas ocultas para além das investigadas pela Kroll,
o jornalista Anselmo Sengo do jornal PÚBLICO,
refere ainda o seguinte:
“Mas este
escândalo não bastava para a ex-esposa de Aiuba Cuereneia, também ex-Ministro
da Planificação e Desenvolvimento. Como Directora do Parque de Ciência e
Tecnologia de Maluane, a sua gestão está sendo fortemente contestada, havendo
vozes que avançam que ela ‘já deveria ter caído há muito. Se até hoje não
aconteceu, só o Ministro é que sabe, mas, na verdade, já não há ambiente de
trabalho. Todos os funcionários, incluindo membros do Conselho de Administração,
exigem a sua demissão’”.
“O Parque de
Ciências e Tecnologias de Maluana consiste na prestação de serviços de gestão,
para o estabelecimento e desenvolvimento de empresas baseadas no conhecimento,
localizadas num ambiente ligado a centros de investigação e tecnologia de
excelência, tais como instituições de ensino superior e instituições de
investigação”.
“A essência
o Parque de Ciências e Tecnologia é de gerir o fluxo do conhecimento e actuar
como uma ponte entre a pesquisa e o mercado de trabalho que realce e incremente
o desenvolvimento, a transferência e a comercialização da tecnologia e a
inovação”.
"Acrescido a
este facto, é dever do Parque impulsionar o desenvolvimento nas áreas de
Inovação, Ciência e Tecnologia e nas comunidades em que é implantado”.
“’Como vocês sabem, a Dra Flávia é uma pessoa de difícil trato. Ela é muito arrogante e, pior, tinha um mau relacionamento com os membros do Conselho de Administração do Parque e o Ministro não podia tolerar isso’, disse um funcionário ao nosso Jornal”.
Portanto,
patriotas! É caso para se concluir que não vale a pena acusar pessoas alheias e
reconhecer que metemos os pés na poça.
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