CARTA ABERTA AO EXCELENTÍSSIMO
PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
Por Por Rabim Chiria
In: @Hora da Verdade, @verdade, 07 de Julho de 2016
Exmo. Senhor
Filipe Jacinto Nyusi, Presidente de Moçambique, cujo coração cabe a todos.
Preocupado
com a situação da tenção política e militar, que tem sido constante nas Regiões
Centro e Norte do país, dirijo-me a Vossa Excelência.
Estou
consciente de que os ataques protagonizados pelos supostos homens da Renamo e
pelas Forças de Defesa de Segurança de Moçambique têm como causa primordial a
inabilidade de conjugar o lucro material por parte daqueles que levam vantagem
política e económica. Se houvesse uma capacidade de combinar o apetite pela
vantagem material à melhoria da vida do povo, tenho certeza absoluta de que
teríamos um Moçambique seguro e livre de conflitos militares.
Senhor
Presidente da República de Moçambique, o que compromete uma convivência
civilizada na sociedade não são as exigências feitas por cada partido político,
nem os fins por eles pretendidos. O problema da convivência em sociedade não se
resume na eliminação dos fins de cada um, mas, sim, na capacidade de conjugar
os apetites de cada um, dentro duma lei universal de liberdade, em que todos
possam compartilhar em comum. Neste sentido, exige-se um diálogo democrático,
permanente e verdadeiro com o líder da Renamo e também com a sociedade civil de
todo o país.
Camarada
Presidente!
Quando a
indignação é dirigida ao alvo errado, isto é, quando se pretende eliminar o
suposto protagonista do conflito, em vez de eliminar o conflito, perde-se a
oportunidade de estabelecer uma nova relação com o outro. Em grande parte dos
casos, alimenta-se o ciclo vicioso de confrontos, originando a morte de pessoas
inocentes, porque, quando aquele que está na defensiva reage, torna-se um outro
protagonista do conflito.
Camarada
Presidente,
O conflito,
entretanto, nem sempre tem um alvo preciso ou um protagonista identificável. Há
protagonistas de conflitos nos desvios de recursos públicos que deveriam
desenvolver uma plena sociabilidade aos moçambicanos, uma sociabilidade fundada
na segurança que nasce da liberdade e da igualdade de acesso aos bens naturais
e culturais, que são um património de todos os moçambicanos e não apenas de
alguns.
O conflito
não é um conceito de justiça, de felicidade e nem de amizade. O conceito de
justiça, de felicidade e de amizade promovem o acolhimento, buscam o convívio
civilizado dentro duma sociedade; e não só, buscam o estar junto para
compartilhar e aprender para criar, desafiar e construir um futuro nunca
imaginado, mas sempre possível.
Senhor Presidente
da Republica de Moçambique, é uma questão urgente garantir a cultura de paz no
país, eliminando o ambiente bélico que se nota. As duas partes em confronto
devem respeitar a vida e a dignidade de cada moçambicano, sem matar. Devem
compartilhar os recursos (sem querer com isso dizer que a partilha deve se
limitar às duas partes de que me refiro), pese embora sejam escassos, e
cultivar a generosidade a fim de terminar com a exclusão e injustiça no país. É
preciso defender a liberdade política, a liberdade de expressão e a diversidade
cultural, dando prioridade, sempre, à escuta e ao diálogo.
Assim, tenho
a esperança de que Sua Excelência prestará a devida atenção aos problemas
expostos nesta carta como forma de valorizar o poder que os moçambicanos colocaram
em suas mãos. Tenho fé de que, aliado ao seu empenho e às suas competências,
contribuirá no lançamento de novas sementes necessárias para transformar este
Moçambique, onde vivemos e construir um outro Moçambique, onde reina a
igualdade e justiça, como todos moçambicanos sonham.
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