INFORTÚNIO ÊXTASE
Texto
de Bulutu Katatcha
Maputo,
29 de Julho de 2016
Declaração de uma garota
encoxada e comida num “My Love” bem lotado, desses inusitados machimbombos “Chapa
100” de Maputo
O My Love está mesmo
bem lotado. Todos se abraçam, sem se conhecerem, para evitarem uma eventual e
fatal queda naquela confusão de trânsito. É mesmo hora de ponta e há muita
lufa-lufa na estrada. Uma chuva miúda vai caindo, agravando o frio. E cada
ponto vai subindo mais gente... Uma situação normal na grande e pobre metrópole
de Maputo.
Márcia mora lá nas bandas do bairro novo de Tchumene, na Cidade da Matola, e trabalha numa filial bancária na Baixa de Maputo. É solteira dos seus 36 anos de idade. Acaba de se separar de um Xingondo que conheceu quando tentava frequentar a faculdade que a família negou que se casasse com ela porque ser Xingondo. Não tem filhos e paquera um jovem gerente da filial bancária onde trabalha. Ele é casado com uma jovem, sua colega de balcão naquela filial. Mas Márcia já considera aquele jovem seu namorado à sua revelia. As insinuações da Márcia andam nas fofocas de quase todos os colegas de que namora com o gerente, mas o tal gerente e esposa nada sabem. Umas bocas dizem serem mais amantes do que namorados.
No bairro, Márcia tem, de facto, um namorado. Não se sabe o que
faz, mas é bem folgadinho. Os seus encontros geralmente se dão numa dessas camas
ocasionais das esquinas da Rua Bagamoyo, aliás, Rua Araújo, aos fins de semanas
quando ambos vão ao pasto nos reles Night
Clubs espalhados naquela rafeira Rua
da Vergonha de Maputo, onde ocorrem sessões de Striptease. Ambos
vivenciam bons momentos de sexo e muito prazer após assistirem aquelas sessões
de Striptease e sob efeito de álcool
e outros aditivos emocionais, mas nunca experimentou sexo na sua plena lucidez do
dia.
Bem, voltemos ao nosso famigerado My Love lotado. Márcia está mesmo parada ao meio da carroçaria
junto à cabine, de cara virada para frente onde contempla a maré dos veículos
que afluem em todas as direcções. A cada vez que as pessoas vão subindo, o
espaço de Márcia vai-se diminuindo progressivamente e vai ficando cada vez mais
apertada de gentes com os seus corpos húmidos da chuva miúda.
Depois de alguns minutos o My Love vai rodando as pessoas, à medida que umas vão descendo nas suas paragens e outras vão subindo. Ela está ali parada, de pé firme.
Depois de alguns minutos o My Love vai rodando as pessoas, à medida que umas vão descendo nas suas paragens e outras vão subindo. Ela está ali parada, de pé firme.
Para sorte ou azar de Márcia, e sem saber ao certo, um homem bem-parecido
fica logo a sua trás e se ajusta bem juntinho às suas ancas, como se fosse
alguém dos seus e a estivesse apoiando e amparando para não sofrer dos
empurrões da superlotação do My Love.
Márcia iria descer no fim da linha, lá para a paragem do Anjo Voador na Baixa
de Maputo. O seu trabalho é lá no Maputo
Shopping Center, junto à Marinha de Guerra de Moçambique é longe de
Tchumene para “caralho”. Parece mais uma viagem inter-provincial Maputo-Gaza.
Pessoas desciam e subiam e aquele homem estava ali bem plantadinho, atrás de Márcia. Márcia olhou para trás e observou que homem era para si bem bonito, apesar de ser muito sério. Mas já se tinha apercebido qual era a dele. Estava-lhe encoxando deliberadamente cada vez mais e ainda mais. Márcia sentia o seu cacete em riste roçando na sua bunda. Tentava afastar-se da situação que a princípio lhe pareceu embaraçosa, mas não tinha como. O My Love estava bem cheio. Márcia não conseguia se afastar daquele homem, para o seu desespero. Assim continuou a sua viagem sem nada poder fazer até que...
Quando o My Love transpôs o cruzamento da CMC na N4, uma colega de trabalho a acenou e estava sentada no taipal, aparentemente confortada. Pediu-lhe para segurar sua pesada bolsa com tigelas de Mangungu. Márcia passou-a aquela bolsa de bom grado. Uff, Márcia parecia ter carregado a casa dentro da bolsa e a colega não era excepção.
Foi então que Márcia conseguiu um pouco de alívio e mais liberdade de se movimentar. Já ia mudar de lugar quando ouviu uma voz junto do seu ouvido dizendo:
- Calma moça. Márcia, fica ai quietinha que quero você
assim como está.
Márcia assustou-se. Reparou para o dono da voz sem graça e indagou
como soube do seu nome?
- Ah, sua colega acabou de
chamar você de Márcia. Por sinal lindo nome, não tanto como a dona dele, mas
muito bonito.
- Ah, entendi. Mas porque
não quer que eu saia desde lugar?
- Ah, estás fingindo de
inocente é?
O homem segurou na cintura de Márcia e falou baixinho:
- Abre mais as pernas que
quero fazer algo bem gostoso com você, minha linda.
Márcia simplesmente abriu mais as pernas até onde a saia
permitia, e encostada na virilha daquele homem, sentiu um calor. As mãos do
homem afastaram a sua calcinha por trás e, com um movimento da cintura, Márcia
sentiu um membro duro babando a encostar-se à sua bunda. O homem, com uma das
mãos, empurrou o cacete para ficar entre as coxas de Márcia. Márcia ficou surpresa
e com medo. Sim, medo de os outros passageiros do My Love e os transeuntes verem e terem uma reacção violenta. Ela
poderia ser acusada de ter provocado aquela inusitada situação.
No mesmo instante o My
Love fez uma curva brusca e aquele homem, alto e forte, segurou bem a
cintura de Márcia e empurrou o seu membro para dentro da ranhura entre as coxas
de Márcia. Uff... Márcia sentiu um ligeiro ardor, mas o calor do tesão e a
adrenalina fez com que ambos entrassem no clímax da sacanagem. Afinal não era
todos os dias que Márcia era encoxada e em seguida era comida em pé, num lugar
publico.
O facto é que Márcia é mulher e tem os seus momentos de safadeza como aqueles da Rua Araújo. Mas desta vez era tudo diferente. Logo, Márcia passou uma das suas mãos para trás e segurou bem o cacete daquele estranho. Sentiu o tamanho, calor e toda a sua rigidez. Márcia ficou perplexa e paradinha por um instante, apoiada no estranho homem. De seguida, com movimentos do My Love, Márcia entrou em êxtase secreto e literalmente comida, mas bem comida por aquele estranho, perante a inocência dos outros passageiros que acharam os seus disfarçados gemidos como se estivessem a ser causados pelo medo do movimento do My Love. O Homem, todo sereno, gozou e bem dentro da xoxota de Márcia num My Love em movimento e ao som do roncar dos motores e buzinadas dos condutores impacientes exigindo prioridade. O pior foi que... Ninguém viu. Foi tanta delícia para ambos... Márcia sentiu sua respiração ofegante, o seu corpo tomado pelo êxtase e eu sendo o alvo ingénuo do seu prazer.
O My Love parou no
Cine Teatro África junto dos semáforos dos cruzamentos das avenidas Karl Marx e
24 de Julho. Muitas pessoas desceram e o estranho homem segurou na
instantaneamente na mão de Márcia e lhe deu um papel que tinha algo escrito. Desceu
serenamente naquela paragem e Márcia colocou aquele papelinho debaixo do seu
seio esquerdo, por baixo do blazer que
trazia por cima da blusa. Márcia vi aquele estranho homem a afastar-se.
Quando o sinal do semáforo abriu, o My Love saiu lentamente até Av. Vladmir Lenine onde foi curvar para
a baixa da cidade. Márcia viu o homem a acenar-lhe com a mão e a pedir-lhe com
gesto para que lhe ligasse... o My Love
foi-se afastando e, finalmente, o homem lhe manou um beijo com a mão nos lábios.
Márcia sentiu alívio misturado com decepção. Alívio por ter saído da situação
sem ninguém se perceber e decepção, pois achou que jamais poder ver novamente
aquele homem.
Apesar de aparentemente Márcia ter sido violada na sua
intimidade, preocupou-lhe o facto de pensar ter ficado suja de esperma daquele
estranho homem. Mas nada disso aconteceu. Aquele safado tinha usado camisinha. Menos
mal. A última coisa que Márcia quereria na vida é uma doença contagiosa, não
obstante que estivesse num período fértil, pois poderia engravidar.
Márcia chegou ao Maputo
Shopping Center. Desceu apressadamente, pois, como sempre, estava atrasada.
Entrou na sua filial e foi directo para o banheiro. A sua aventura no My Love lhe despertou uma tesão
descomunal e se viu na contingência de bater uma cirílica no banheiro para rememorar
em surdina aquele lapso de prazer descomunal.
Uff… Márcia nunca tinha tido um gozo tão intenso assim provocado
pelo contacto dos meus próprios dedos com as suas partes genitais, mas os
motivos foram mais que obrigados pela ilusão e imaginação do exímio momento que
acabava de passar no My Love. É que
para a Márcia o Chapa 100 naquele dia
tinha sido verdadeiramente um My Love.
Pena que não tinha fixado na matrícula daquela carrinha caixa aberta de que se
transportou de Tchumene para a cidade de Maputo na manhã daquele memorável dia.
Os dias se passaram e Márcia nunca mais viu aquele estranho homem que lhe comeu dentro do My Love. Mas arrumando a sua bolsa, reencontrou aquele pedaço de papel com o número de telefone. Ali estava friamente estampado o nome daquele ousado homem estranho. A sua mente a levou ao passado e Márcia pude finalmente saber quem era aquele homem. Nome dele era Ndatopa Malunga. Tinha sido mais um Xingondo a cruzar os caminhos da sua vida. No entanto, era um lindo nome. Márcia jurou acreditar que ela ligaria para aquele estanho homem que bem lhe comeu no My Love, numa manhã de chuva miúda em Maputo. Então, firmaria um compromisso de sair no sábado seguinte, se rolasse alguma aventura para voltar a contar-me.
Tenho a certeza de que vão rolar muitas e muitas horas de sexo quando
Márcia voltar a encontrar-se com Ndatopa Malunga.
Aguardo pacientemente.
Comentários
Enviar um comentário