A ALTURA DAS MENTIRAS…
Pedro Nacuo (nacuo49nacuo@gmail.com)
DOMINGO -14.02.2016
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A grandeza duma mentira, de certeza que não é física, mas há vezes que nos dá a sensação de o ser, sobretudo quando saída do maior partido da oposição em Moçambique. Bem dito, quando a mentira é dita por Afonso Dhlakama, que, apesar de representar uma boa franja de moçambicanos, está a brincar com a hipotética popularidade de que (também) goza.

A mentira de que lutava para a democracia foi ruindo desde à véspera de 20 de Outubro de 1994, quando pela boca de Luís Gouveia disse que não participaria nas eleições porque havia descoberto uma fraude, mesmo antes de irmos às urnas. Era uma mentira política, de cerca de meio metro de altura. Participou e perdeu!

Em 1998, houve as primeiras eleições autárquicas. Recusou-se a participar, pensando que por isso o processo seria adiável. Ficou a ver navios no continente, quando na verdade seria o início do que hoje diz pretender, governar aonde se ganha. Deixou que o seu adversário jogasse sozinho e a lógica nestes casos é que infalivelmente o jogador ganha.


Nas eleições gerais seguintes, em 1999, faz-se presente e ganhou o que ganhou. Todavia, disse que ganhar não era aquilo, mas sim, governar e o líder ser presidente de Moçambique. Mentiu-nos, mais uma vez, mas em um metro de altura!

A ideia ficou fortificada quando nas eleições autárquicas em que decide participar, em 2003, a Renamo demonstra de facto que era representativa. Ganhou a cidade da Beira, Nacala-porto, Ilha de Moçambique, Marromeu e Angoche.

Este facto embriagou as hostes renamistas, nas seguintes eleições gerais (2004) o que não permitiu que o partido se preparasse a contento e o resultado viria a ser uma derrota convincente, que o seu adversário qualificou de vitória retumbante. Na verdade, perdeu no meio de uma mentira política aceitável, de meio metro de altura.

Quando em 2008 quis voltar ao convívio democrático, via eleições autárquicas, encontrou o terreno minado por quem não dorme nem brinca em serviço. Sem mentir não lhe deixaram reconquistar o que já tinha em mãos.

Em 2013 o jogo autárquico passou-lhe ao lado, por vontade própria, tal como em 1998. Ficou zero o que alguma vez já tinha sido cinco. Terá sido desta vez que a democracia de que falava, apenas por falar, doeu muito. Ainda não aprendera de que ela é, acima de tudo, muito trabalho e responsabilidade.

Entrementes, como quem não cura, o líder-mor estava a gerir a derrota, mas fora dos eleitores, nas matas da Gorongosa, envolto de montanhas, arvoredo e fauna (que não votam) à espera que alguém tivesse pena de si e destruísse todo o tecido democrático para a sua acomodação.

No dia 5 de Setembro de 2014 reaparece a assinar o que parece não ter lido e, por ser mais uma mentira, não cumpre nada do que disse e assinou! O tempo não lhe perdoava, afinal, a democracia pela qual lutou, tem regras rígidas, por isso, as eleições, mais uma vez gerais, deviam ter lugar.

Sem preparação nem tempo, fez o que era fácil: barulho à largura e ao comprimento do país, a uma velocidade estonteante, para resultar no lógico, designadamente, perca geral em eleições gerais. Igual a uma derrota! A seguir aumenta a altura da mentira em mais dois metros, dizendo que, mesmo assim, governaria, ainda que ao arrepio da Lei discutida antes do pleito correspondente.

No dia 9 de Outubro de 2015, a mentira subiu de fasquia ao dizer que entregava as armas, como sinal de início do seu desarmamento. A altura desta mentira foi tal que a governadora de Sofala também acreditou. Era de seis metros. Mas, nós prevíamos o que depois veio a confirmar-se!
 
Esta, se a história não for bem contada, será de oito metros de altura, envolvendo personalidades e Estados. Que Jacob Zuma aceitara o seu pedido de mediação do conflito, em parceria com a Igreja católica. A altura não passou despercebida a Maite Mashabane, ministra dos Negócios Estrangeiros da África do Sul, que deixou esta lição de democracia: o que nós sabemos é que em Moçambique há um governo constitucionalmente eleito e que há membros da oposição no Parlamento.

Disse mais: quando um membro do Parlamento convida o governo sul-africano para mediar uma matéria interna, obviamente que nós, primeiramente, temos que ouvir o governo. Na verdade, não recebemos nenhum convite, nem da Renamo, nem do governo moçambicano.

Esta mentira, desmascarada pelos sul-africanos, mais o cerco diplomático cada vez mais apertado, ante o desperdício visível da melhor oportunidade que a Renamo alguma vez teve, com a abertura indisfarçável do Presidente Nyusi, terá assanhado a liderança, que a seguir faz o que bem sabe fazer: atacar e matar irmãos e bens públicos, a partir de Muxúnguè e outros recantos remotos!

Pena!...


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