A CIA, O MAIOR FINANCIADOR DO JORNALISMO EM TODO O MUNDO
Por: RM Kuyeri, 12 de Agosto de 2023
A 28 de Julho de 2023, John Mac
Ghlionn publicou um artigo no The European Conservative, uma publicação on-line
de notícias, pesquisas e análises em assuntos do continente europeu, dizendo
que a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos da América (EUA)
e as suas organizações fantoches exercem uma poderosa influência sobre o que hoje
vemos, ouvimos e acreditamos na esfera pública global. Daí que ele sugere que talvez devêssemos começar a questionar a nossa
realidade construída segundo os desígnios da CIA.
John Mac Ghlionn é pesquisador e ensaísta norte-americano que cobre várias áreas do conhecimento, como psicologia e relações sociais, bem como tem grande interesse em temas relacionados com a disfunção social e manipulação da imprensa. Ele tem vários trabalhos publicados, entre outros, pelo New York Post, The Sydney Morning Herald, Newsweek, National Review e The Spectator US.
Segundo John Mac Ghlionn, durante uma entrevista recente com Lex Fridman, Robert F. Kennedy Jr. chamou a CIA de “o maior financiador do jornalismo em todo o mundo”. Surpreendentemente, esta afirmação do candidato democrata à Presidência dos EUA carrega muita verdade.
Refere John Mac Ghlionn que, em 1948, Frank Wisner foi nomeado Director do Escritório de Projetos Especiais, que foi rapidamente renomeado como Escritório de Coordenação de Políticas (OPC). Conhecido como o ramo de espionagem da CIA, o OPC se concentrava na promoção de propaganda e guerra económica, bem como na subversão contra os chamados Estados hostis e no fornecimento de ajuda a grupos clandestinos de resistência contra poderes instituídos.
Este conceito “Conquistar corações e mentes” foi usado pela primeira vez pelo general e administrador colonial francês Hubert Lyautey como parte da sua estratégia para combater a rebelião dos “Bandeiras Negras” durante a campanha de Tonkin em 1895 e veio a ser usado também para caracterizar a estratégia de Gerald Templer durante a Emergência Malaia. Desde de então, a eficácia de "corações e mentes" como uma estratégia de contra-insurgência tem vindo a ser tema de debate académico.
Outros jornalistas recrutados para promover as narrativas favoráveis à CIA incluem Stewart Alsop, Ben Bradlee e James Reston, do jornal New York Times, e é o que testemunhamos actualmente em 2023, em que a nefasta influência da CIA parece ser mais forte do que nunca, se não ainda cada vez mais consolidada.
No seu artigo John Mac Ghlionn diz que, nos últimos tempos, a CIA esteve ligada a vários dos principais veículos de opinião pública dos EUA, incluindo The Daily Beast e Rolling Stone, e que, na entrevista acima mencionada com Fridman, Kennedy, também vinculou o Salon, um novo site liberal ao serviço da CIA.
Há uma década, o Presidente Barack Obama sancionou uma lei perigosa: a Lei de Autorização de Defesa Nacional, como teria observado a jornalista Leah Anaya, que era uma lei que permitia à CIA realizar “operações de guerra psicológica de forma legal” contra o próprio povo norte-americano.
A influência da CIA sobre as pessoas vai muito além de agências e sites de notícias de esquerda e as tradicionais corporações de imprensa. No ano passado, uma investigação abrangente realizada pela MintPress mostrou claramente que o Facebook tem laços estreitos com a CIA. Isso faz todo o sentido. Afinal, o Facebook tem 2,95 biliões de usuários activos mensais e muitos desses usuários acedem regularmente o site para notícias.
A CIA também tem laços estreitos com o Google, a multinacional norte-americana de tecnologia para espiar todos os internautas, tanto no país quanto no exterior, bem como meio de difundir mensagens que conquistam mentes e corações que moldam até ódio político, como aquele que viabilizou a Primavera Árabe que destruiu a Líbia.
Pois, o Google é o mecanismo de pesquisa mais popular do mundo. Por isso se revelou como o meio apetecível da CIA para as suas operações de conquistar mentes e corações, daí que o Silicon Valley e a CIA têm um vínculo inquebrável nos seus negócios, através do qual a influência da CIA se estende por uma rede de organizações financiadas por outra poderosa instituição, o National Endowment for Democracy (NED).
Estabelecido em 1983, o NED é, de acordo com o seu site, uma corporação sem fins lucrativos, cujo objectivo principal é promover a democracia noutros países no interesse dos EUA por meio da promoção de instituições políticas e económicas de orientação norte-americana, sob o pretexto de apoiar o crescimento e fortalecimento de instituições democráticas em todo o mundo.
No entanto, como o New York Times noticiou em 1997, o NED foi criado para fazer abertamente o que a CIA fez sub-repticiamente durante décadas como em operações que levaram ao assassinato de Patrice Lumumba no Congo, entre vários outros assassinatos políticos de líderes mundiais que não alinhassem com políticas que não salvaguardam os interesses dos EUA no mundo.
Como em 1991 Allen Weinstein, um homem que desempenhou um papel fundamental na criação do NED, disse: “Muito do que fazemos hoje foi feito secretamente 25 anos atrás pela CIA”. Por outras palavras, o NED é uma instituição dirigida pela CIA. A cada ano, o NED concede milhares de doações a indivíduos e grupos em mais de 100 países. Muitas dessas doações, no valor de dezenas de milhares de dólares, são concedidas aos meios de comunicação e jornalistas para cumprirem com o propósito de seguirem a conquistar as mentes e os corações em todo o mundo.
No Reino Unido, por exemplo, como mostraram os jornalistas investigativos Matt Kenard e Mark Cutis, o NED injectou milhões de dólares em vários grupos de órgãos independentes britânicos de imprensa. O objectivo é que escrevam e publiquem e publicitem acções de partidos políticos da oposição, sindicatos, movimentos dissidentes e a imprensa hostil aos regime que não alinham com a política norte-americana.
Embora o NED tenha canalizado grande parte das suas energias e recursos para a Europa Oriental, América Latina, África e Ásia, Kenard e Curtis mostram que, recentemente, tais energias e recursos foram direccionados para o Reino Unido na forma de financiamento de vários meios de comunicação, pelo menos de quatro grupos de liberdade de imprensa. Tal não é de surpreender que, como observa a dupla, todos os seus destinatários são vistos como do lado progressista do espectro político.
Segundo Kenard e Curtis , o dinheiro do NED foi para grupos de investigação do Reino Unido, incluindo o Bellingcat, Finance Uncovered e OpenDemocracy, bem como para a Thomson Reuters Foundation. Além disso, o NED também financiou vários grupos de órgãos estrangeiros de imprensa, incluindo o Internews, PEN e Repórteres Sem Fronteiras.
Por exemplo, actualmente a influência do NED pode ser vista em toda a Europa, em países como Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Bulgária e França. Isso deveria preocupar a todos os europeus, mas a CIA tem, durante décadas, operado bem acima da legislação europeia. Ao mesmo tempo, a CIA resistiu activamente à responsabilidade na Europa e está por detrás da guerra na Ucrânia.
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