A CARTA DO IMPERIALISMO
Por: RM Kuyeri, 12 de Agosto de 2023
A guerra na Ucrânia é uma confrontação entre a actual ordem mundial por um mundo unipolar, sustentada pela carta do imperialismo, e a demanda por uma nova ordem mundial baseada no multilateralismo. Estamos de volta à guerra aberta entre a civilização ocidental e a civilização oriental.
Tal como na I e II Guerra Mundial, bem como na Guerra Fria, a África se consolidou como o bolo do banquete ocidental e a Organização das Nações Unidas (ONU), bem como as instituições de Bretton Woods, ou seja, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), como cerejas sobre o bolo na mesa do banquete do imperialismo.
Por baixo da mesa do banquete ocidental, estão os líderes africanos digladiando pelas migalhas do bolo imperial na espectativa de que, com as migalhas, caia uma cereja. Mas as cerejas teimam em não cair com as migalhas. Isto explica por quê a elite africana, a riqueza africana e os Chefes de Estado africanos estão quase todos ao serviço do Ocidente.
Aliás, a história de África está prenhe de eventos que justificam a partilha do continente na Conferência de Berlim (1884–1885): o esclavagismo, o colonialismo e o Apartheid, bem como a prevalência do neo-colonialismo, com destaque para o FranceAfrique. Estas razões explicam o por quê os africanos são pobres quando o seu continente está cheio de tanta riqueza.
O mais grave de tudo é que, as independências africanas foram concedidas na condição de os novos líderes africanos serem déspotas contra os seus povos e servis às respectivas ex-metrópoles coloniais. Por isso são relegados a viverem um falso status quo fausto, esbanjando as migalhas do banquete do bolo imperial do Ocidente, até agindo as vezes sem escrúpulos. Eles são educados e mentalizados para esbanjarem o pouco dos fundos públicos que resultam das migalhas e, quando ainda restam, depositam nos bancos das suas ex-metrópoles coloniais ocidentais.
Tudo isto explica o por quê de nacionalistas africanos como Patrice Lumumba, Thomas Sankara, Eduardo Mondlane, Amílcar Cabral, Samora Machel, entre outros, foram assassinados por se terem mostrado irreverentes às cartilhas civilizacionais ocidentais servis às suas antigas metrópoles coloniais.
Por isso, todos os líderes africanos visionários que foram surgindo na actual ordem mundial estão condenados ao fracasso, a exemplo do Coronel Muamar Kadaffi, deixando os povos da África amordaçados pelos falsos mitos de democracia ocidental.
Nas últimas décadas o neo-colonialismo se consolidou com o fim da Guerra Fria (1947 – 1991). Desde então o Ocidente passou a apoiar as ditaduras africanas e estendendo o tapete vermelho aos líderes africanos dóceis. Recebem com pompas os potentados que governam as nações africanas ao gosto das antigas metrópoles europeias, sob comando dos Estados Unidos da América (EUA).
A todas estas questões, a franco-marfinense Mireille Saki encontrou as respectivas explicações no Museu Real da África Central em Tervuren, na Bélgica. Ela descobriu ali um documento inédito, mantido em segredo por muito tempo: a Carta do Imperialismo.
O protocolo da Carta do Imperialismo tem 28 artigos que esboçam o macabro plano que mantém os africanos na miséria e que submete a África à servidão Ocidental. Mireille Saki explica: “Esta carta foi elaborada em Washington durante o comércio de escravos. Depois foi discretamente negociada na Conferência de Berlim em 1885, enquanto as potências ocidentais dividiam a África”.
Mireille Saki explica ainda: “Foi igualmente secretamente re-negociada em Yalta [cidade de Crimeia, na altura parte da Ucrânia], quando o mundo foi dividido em dois blocos [Leste e Oeste] após a II Guerra Mundial e durante a criação da Liga das Nações, antecessora da ONU”.
De acordo com Mireille Saki: “Os males que afligem a África não são fruto do acaso. Eles foram planificados durante séculos. O africano que nos perguntávamos se tinha alma, hoje está embriagado pela vontade dos amos do mundo”.
Segundo Samuel Malonga, comentando a descoberta de Mireille Saki, refere que, na verdade, a franco-marfinense destruiu a jibóia ao publicar este documento exclusivo no seu livro intitulado: “A CARTA DO IMPERIALISMO: UMA CARTA DE SERVITUDE, ÁFRICA AINDA DOMINADA ÀS CÂMERAS. Pois, a referida carta codifica o seguinte:
I. DO LEMA
Ponto 1: O lema do Imperialismo: Governar o mundo e controlar as riquezas do planeta. A nossa política é dividir e conquistar, dominar, explorar e saquear para encher os nossos bancos e torná-los os mais poderosos do mundo.
Ponto 2: Nenhum país do Terceiro Mundo é um Estado soberano e independente.
Ponto 3: Todo o poder nos países do Terceiro Mundo emana de nós, que o exercemos pressionando os líderes que são apenas nossos fantoches. Nenhum corpo no Terceiro Mundo pode assumir o seu exercício.
Ponto 4: Todos os países do Terceiro Mundo são divisíveis e as suas fronteiras móveis de acordo com a nossa vontade. O respeito pela integridade territorial não existe para o Terceiro Mundo. [Como o fizeram com o Congo, o Sudão e pretendem fazê-lo com a República Democrática do Congo (RDC)].
Ponto 5: Todos os ditadores devem colocar as suas fortunas nos nossos bancos para a segurança dos nossos interesses. Esta fortuna será utilizada para doações e créditos concedidos por nós como assistência e ajuda ao desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo. [Assim o fizeram com a fortuna do ditador Mobutu Sese Seko do Congo, por exemplo].
II. DO REGIME POLÍTICO
Ponto 6: Todo o poder e governo estabelecido por nós é legal, legítimo e democrático. Mas qualquer outro poder ou governo que não emane de nós é ilegal, ilegítimo e ditatorial, qualquer que seja a sua forma e legitimidade.
Ponto 7: Qualquer poder que oponha com a menor resistência às nossas injunções perde assim a sua legalidade, a sua legitimidade e a sua credibilidade. Ele deve desaparecer. [Assim o fizeram na Líbia e mataram o Coronel Muamar Kadaffi].
III. TRATADOS E ACORDOS
Ponto 8: Não negociamos acordos e contratos com países do Terceiro Mundo. Impomos o que queremos e eles se submetem à nossa vontade. [O caso mais flagrante é dos acordos assinados pela França com as suas 14 ex-colónias].
Ponto 9: Qualquer acordo concluído com outro país ou negociação sem o nosso aval é nulo e sem efeito.
IV. DIREITOS FUNDAMENTAIS
Ponto 10: Onde existem os nossos interesses, os países do Terceiro Mundo não têm direitos. Nos países do sul, os nossos interesses vêm antes da lei e do direito internacional.
Ponto 11: A liberdade de expressão, a liberdade de associação e os direitos humanos só têm sentido no país onde os governantes se opõem à nossa vontade.
Ponto 12: Os povos do Terceiro Mundo não têm opinião nem direito, submetem-se à nossa lei e ao nosso direito.
Ponto 13: Os países do Terceiro Mundo não têm cultura, nem civilização, sem se referir à civilização ocidental.
Ponto 14: Não estaremos a falar de genocídio, massacres, crimes de guerra ou crimes contra a humanidade em países onde os nossos interesses são garantidos. Mesmo que o número de vítimas seja muito importante.
V. FINANÇAS PÚBLICAS
Ponto 15: Nos países do Terceiro Mundo, ninguém tem o direito de colocar, nos seus bancos, mais do que um tecto de dinheiro estabelecido por nós. Quando a fortuna ultrapassa o tecto, ela é depositada num dos nossos bancos para que os lucros retornem na forma de empréstimos ou ajuda económica para o desenvolvimento em dinheiro ou em espécie. [Principal função do Banco Mundial e do FMI].
Ponto 16: Somente os países cujos líderes mostram total submissão a nós, os nossos fantoches e os nossos servos, terão direito à referida ajuda. [Créditos concessionais concedidos pelos Banco Mundial e FMI].
Ponto 17: A nossa ajuda deve ser acompanhada de fortes recomendações, susceptíveis de impedir e interromper qualquer acção de desenvolvimento por parte dos países do Terceiro Mundo. [Razão do indevidamente perene dos países africanos ao Banco Mundial e FMI].
VI. TRATADOS MILITARES
Ponto 18: Os nossos exércitos devem ser sempre mais fortes e poderosos do que os exércitos dos países do Terceiro Mundo. Limitar e proibir armas de destruição em massa não diz respeito a nós, mas aos outros. [Principal missão do Comando Militar para África (AFRICOM) dos EUA e bases militares norte-americanas e francesas em África].
Ponto 19: Os nossos exércitos devem ajudar-se e se unirem na guerra contra o exército de um país fraco para mostrar a nossa supremacia e ser temidos pelos países do Terceiro Mundo. [Assim o fizeram para destruir a Líbia].
Ponto 20: Qualquer intervenção militar visa proteger os nossos interesses e os dos nossos servidores.
Ponto 21: Qualquer operação de evacuação de nacionais de países ocidentais esconde a nossa verdadeira missão, a de proteger os nossos interesses e os dos nossos valetes. [Princípio que ditou o comportamento da França e da ONU em relação ao genocídio no Ruanda em 1994].
VII. ACORDOS INTERNACIONAIS
Ponto 22: A ONU é o nosso instrumento. Devemos usá-la contra os nossos inimigos e os países do Terceiro Mundo para proteger os nossos interesses.
Ponto 23: O nosso objectivo é desestabilizar e destruir os regimes que nos são hostis e instalar os nossos fantoches sob a protecção dos nossos soldados e sob o manto das forças da ONU.
Ponto 24: As Resoluções da ONU são textos que nos dão o direito e os meios de atacar, matar e destruir os países cujos líderes e povos se recusam a se submeterem-se às nossas injunções, sob a capa das Resoluções do Conselho de Segurança da ONU. [Princípio recorrido para a destruição da Líbia e assassinato do Coronel Muamar Kadaffi].
Ponto 25: O nosso dever é manter a África e os outros países do mundo em subdesenvolvimento, miséria, divisão, guerras, caos para dominá-los, explorá-los e saqueá-los através das Missões das Nações Unidas. [Princípio por detrás da guerra dos 16 anos e do surgimento repentino do terrorismo no norte de Cabo Delgado].
Ponto 26: A nossa regra de ouro é a liquidação física dos líderes e dirigentes nacionalistas do Terceiro Mundo. [Princípio concretizado com os assassinatos acima referidos de líderes africanos].
Ponto 27: As leis, resoluções, cortes e tribunais das Nações Unidas são os nossos instrumentos de pressão contra governantes e líderes de países que defendem os interesses dos seus povos. [Princípio por detrás das sanções contra o Zimbabwe].
Ponto 28: Os líderes das potências ocidentais não podem ser processados, presos ou encarcerados pelos tribunais e tribunais da ONU, mesmo que cometam crimes de guerra, genocídio ou crimes contra a humanidade. [Daí que o Tribunal Penal Internacional (TPI) nunca julgou os EUA, a França, etc., pelos crimes e até massacres em África].
Portanto, é edificante este Museu Real da África Central de Tervuren em Bruxelas na Bélgica ao despertar o mundo para esta realidade. É uma testemunha viva do comércio de escravos e explica a actual ordem mundial.
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