MULHER LINDA E O AFECTO
(Ode a toda Mulher Albina)
Adaptado:
Raul Mourinho Kuyeri, 19 de Março de 2018
Certo dia, a minha
falecida mãe me perguntou que tipo de mulher escolheria na minha vida. Imaginei
uma linda musa de garota, com todos os atributos de beleza exterior e a
descrevi para a minha mãe com olhos bem luzentes. Era a imagem daquelas mulheres
das lendas de sereias ou das revistas mundiais de modelos.
A minha falecida mãe
notou que estava a expressar o que me vina da alma. Ela abanou a cabeça e disse
que não era aquilo o que esperava ouvir de mim sobre o tipo de mulher que gostaria
de ter como esposa. A seguir, perante a minha incredulidade, ela contou a seguinte
estória:
Um jovem moço
empresário conheceu uma linda mulher albina. Tinha charme de invejar, com os seus
lábios bem carnudos e suaves. O jovem seduziu a linda mulher deixando-lhe louca
com promessas falsas de casamento. A linda mulher caiu cegamente nas lábias
daquele jovem, sem saber que era simplesmente para satisfazer os seus caprichosos
apetites sexuais animalescos.
Depois de um
tempo, a linda mulher albina descobriu que estava grávida. Feliz da vida, decidiu
contar ao seu amado. Porém, este, sabendo da situação e com o receio de
contrair matrimónio com uma mulher albina como sua futura esposa para a vida
toda, negou assumir a gravidez. Defendeu-se alegando que a mulher saia com
outros homens e, para além disso, não era mulher ideal para ele. Pois alegou que
ele era um homem lindo, um empresário bem-sucedido e de respeito. “Eu? Uma
mulher albina e feia? Por favor, mãe! Mereço algo melhor”. - Assim dizia o moço.
Todavia a mãe do moço o aconselhou a tomar cuidado com as suas escolhas, pois a
beleza está no interior das pessoas.
O homem, com o receio de as pessoas saberem do seu caso com aquela linda mulher albina, a enxotou e a pediu para se manter distante de si e nunca mais o procurasse. Assim foi feito. A bela garota musa albina conformou-se e se colocou no seu lugar bem serena, distante do seu amado com a sua grávida. O seu amor pelo seu amado se tinha transferido para a sua mãe, que sempre a teve como a nora predilecta. Não escondia a sua grande desilusão pelo facto de o filho a ter causado pelo abandono daquela bela alma. Tudo o que recebia do filho dividia-o pelo meio com a sua nora e futura neta ou neto, à revelia do conhecimento do filho.
Meses depois, a
bela musa albina dera parto a uma linda filha e a mãe não deu notícia ao filho
para o não aborrecer. O moço se tinha casado com uma outra mulher, muito vaidosa
e bem constituída fisicamente. Uma linda estatueta pejenta de peitos e bundas
grandes.
Dias depois o
moço ouviu com terceiras pessoas que a sua ex-mulher albina dera a luz uma
linda menina, com a boquinha, a pele e os olhos igualzinhos aos dele. Porém, o
moço foi implorar a mãe para que nunca se iludisse com a esfarrapada notícia e
muito menos lhe viesse com aquela conversa, pois alguém poderia escutar e
contar ao mundo do seu caso com a detestada albina. Mas a mãe disse que aquela
era a sua neta e não tinha como negá-la, pois tina todos os traços seus. “Pára com
isso, mãe! Queres que a minha esposa saiba que me deitei com uma mulher
repugnante?” – Implorou o filho. A Mãe repudiou-o: “Mas, filho! Ela é albina e uma
linda mulher de coração puro”. “Ah, mãe! Mas eu não gosto dela. Pára com isso! -
Respondeu o Jovem moço.
Tempos depois, as
coisas dispuseram-se ao seu talante. O jovem empresário investiu muito na nova mulher
e no seu negócio errado. Caiu numa total desgraça. Não conseguiu pagar as dívidas
aos seus credores. A sua empresa foi decretada falida e os seus bens e
patrimónios foram repartidos entre os credores. Como se não bastasse, o jovem
empresário descobriu que padecia de uma doença rara, cujo tratamento era
bastante caro e só podia ser tratado no exterior.
Naquele instante
o homem sentiu o mundo desabar sobre si, já falido. Os seus sócios e amigos o
abandonaram. Vendo a desgraça que caíra sobre ele, a sua mulher não tardou
muito que também se fosse embora, alegando que ele não tinha mais punho
financeiro para satisfazer as suas necessidades de mulher: “Pois, preciso de
plásticas por fazer, salão a cada semana e as minhas roupas! As minhas roupas vêm
do exterior, como vou pagar? Desculpe amor, se não tens crédito, então não
serves para mim. Eu sou uma mulher que merece viver como uma princesa” - disse
a mulher arrumando as suas coisas na mala e bazou, como se diz na gíria.
O jovem moço, ao
ver a sua esposa o abandonar naquele estado, percebeu então que não havia amor
no coração daquela mulher. Tempo depois a doença já estava dando cabo dele. Morreria
se não fosse operado dentro de um período determinado. O jovem moço ficou desesperado.
Procurou, entre os seus amigos, apoio financeiro para a sua operação. Mas, dentre
muitos amigos que o jovem moço alegava ter quando rico, somente alguns lhe
lançaram algumas migalhas que nem chegavam para a viagem. “Vou morrer, mãe! - Dizia
o jovem moço deitado na cama, enquanto a mãe olhava para os seus olhos vazios e
chorava.
Desesperada, a mãe
do jovem moço, ao ver o seu filho naquelas condições, saiu implorando pela
ajuda. Porém, não implorou muito até que alguém, muito especial, a ajudasse. Dias
depois o jovem moço foi levado ao exterior. Os médicos o operaram e, na graça
de Deus, a operação deu certo. No avião, de volta para casa, o jovem moço perguntou
a sua mãe quem era a pessoa maravilhosa que o ajudou com tamanha soma. Porém, a
mãe, olhando para o filho, respondeu que foi alguém que acabava de ganhar na
lotaria e doou o dinheiro todo que ganhou para a sua dispendiosa operação e
tratamento.
O jovem moço
insistiu para que a mãe revelasse o nome da tal pessoa, pois ele queria muito
agradecê-la. Contudo, a mãe pediu ao filho que se acalmasse, pois a tal
maravilhosa pessoa esperava por eles no aeroporto para os receber. Chegado no
aeroporto, o jovem moço e a sua mãe desembarcaram e, de imediato, o jovem
correu para a sala de espera. Chegado na sala de espera, o jovem moço viu uma linda
mulher carregando e amamentando uma linda menina. Era a seduzida e abandonada
albina com sua filha no colo.
Reconhecendo a
mulher, o jovem parou num instante. O seu coração bateu forte e estremeceu da
cabeça aos pés. O jovem olhou para a mãe que sorria para ele e acenou com a
cabeça, num gesto como se dissesse: “Sim é ela de quem eu falo”. O jovem tornou
a olhar para a mulher amamentando a criança e, quando ela sorriu para ele num
instante, a pasta lhe caiu das suas mãos. O jovem moço, desapontado com o mal
que fizera àquela mulher, caiu de joelhos e chorou amargamente. Porém, a linda
mulher se aproximou e, com todo carinho, enxugou-lhe as suas lágrimas e o
abraçou.
O jovem moço
chorava, pedindo desculpas. Porém, a linda mulher albina o abraçava fortemente implorando
para que não se preocupasse, pois tudo tinha passado. E quando o jovem parou de
chorar, a albina mulher apresentou-lhe a sua filha. O homem carregou a menina
nos seus braços. Ela olhou para ele num instante e sorriu. O homem sentiu
alguma coisa mágica saindo do sorriso daquela menininha. Então o jovem sentiu a
sua alma congelar e chorou de felicidade, enquanto acarinhava as grandes
bochechas da sua filha que se pareciam muito com as suas.
No fim desta estória,
minha falecida mãe disse: “Filho! Não se engane pelas aparências. A beleza está
no interior das pessoas. Não se apaixone pela cor da pele ou pelo físico, pois
tudo isso passa e envelhece. Apaixona-te pelo espírito e alma da pessoa. Tudo o
que vem com a beleza é mero embrulho de marketing.
Acaba com o tempo. O amor verdadeiro nunca acaba”.
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