DISCURSO DE DONALD TRUMP SOBRE ÁFRICA
Por: RM Kuyeri, 19 de Dezembro de 2017

O actual Presidente dos EUA, Donald Trump, revelou o quão assanhado é em relação a nós africanos. Melhor deixar aqui os seus pronunciamentos, o que revela a essência da política externa da Administração Donald Trump em relação a África. Aliás, ele ainda não indicou o Secretário Estado para África, o que explica tudo no essencial quanto ao seu pensamento em relação a África:

“Não somos obrigados a demonstrar, especialmente aos negros, que somos (os brancos) pessoas superiores, já experimentadas por mais de 1.001 maneiras diferentes.

A América não foi criada com frases simples. A América foi criada com inteligência, suor e sacrifício. Por isso, temos de admitir que não queremos os negros. Que os negros tenham uma forma humana, não os torna humanos. Os lagartos não são crocodilos nem jacarés, mesmo que sejam parecidos.

Se Deus quisesse que os brancos e os negros fossem iguais, Ele nos teria criado com a mesma cor e inteligência. Deus não é um idiota para nos criar diferentes: brancos, pretos, amarelos. Intelectualmente o branco é superior ao preto. Penso que um branco é uma pessoa honesta, que tem medo de Deus.

Todos sabem que os negros não se podem governar sozinhos. Dêem-lhes armas e matar-se-ão uns aos outros. A única coisa que os negros sabem é fazer barulho, dançar, casar com muitas mulheres, consumir álcool, praticar bruxaria destrutiva, abusar do sexo, disfarçar-se na igreja, querer do alheio, lutar e discutir disparates.

Related imageTemos de aceitar que o homem negro é um símbolo de pobreza, de inferioridade mental e de incompetência. O negro é tão desajeitado que pode fazer tudo para defender a sua estupidez. [Talvez seja por isso que Donald Trump odeia tanto Barack Obama, o mais jovem Presidente dos EUA originário do Quénia, em África, por ter governado os EUA por dois mandatos e com inteligência superior a de qualquer branco norte-americano, muito em particular a dele. Pela sua inteligência e carisma, Barack Obama demonstrou aos brancos que é oriundo do Berço da Humanidade, onde é o Alfa e Beta da Civilização Humana].

Dêem dinheiro ao negro para o desenvolvimento e virão que vai começar a matar, odiar os outros e a praticar a bruxaria. Explorar o gás e petróleo para eles nunca será em paz. Tem-se o caso do Sudão do Sul, da Nigéria, do Congo... Tudo isto é um teste exemplo, próprio até de um idiota estúpido… Os negros não sabem o que querem.

Portanto, o homem branco foi cultivado para dirigir o preto. Os africanos passam a vida a sonharem acordados. A raça negra é de uma criatura que não tem visão a longo prazo. Basta ver o que há ao redor e não sabe o que fazer.

Um preto é estúpido, na medida em que não pode planear a sua vida mais de um ano. Como é que um negro pode fingir viver bem sem planear a vida? O negro tem as crianças do mesmo modo que tem a fome. Para o homem branco, a pobreza é uma doença, enquanto para o preto, a pobreza é uma norma que homenageia religiosamente.

Os negros cantam e aplaudem aos seus líderes corruptos. Adoram os seus líderes religiosos como se fossem deuses. Então, quem nega que o negro nasceu mendigo, cresce como um mendigo, cai doente como um mendigo e morre como um mendigo, e que assim o será para o sempre?

A maioria dos africanos que ascendem para a classe de elite são alcoólatras, viciados e mulherengos que passam a vida a engravidar suas próprias filhas, sobrinhas e netas, o que é uma estupidez que exige a chegada imediata de Jesus Cristo pela segunda vez, para evangelizar os negros.

O corpo dos africanos é um terreno fértil para todos os tipos de doenças no mundo. O preto não tem medo do HIV/SIDA. Penso que ser negro é uma doença grave e muito difícil de curar, para a qual mesmo as orações são insuficientes, porque eles realmente não acreditam em Deus.

Os negros têm minerais e vivem mal. Portanto, o trabalho de nós (os brancos) é ir para África, tomar o que é bom e deixar o que não é bom para os negros. A pior coisa em África é que se você tentar falar sobre o que é certo, eles vão bater você e fazê-lo desaparecer”.

A corroborar com esta perspectiva discursiva de Donald Trump sobre nós os “pretos” (de preto nada temos, senão a genuína raça humana), um intelectual sul-africano, Prince Mashela, escreveu que “em África não se presta contas. Prestar contas é um conceito ocidental”. Isto consta das suas reflexões sobre a África do Sul e África em 2016, contidas no site The Delagoa Bay Review (WordPres.com).

Talvez Prince Mashela disse isso pela grave frustração que o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, causou ao seu país, ao deixar corromper-se pelos Guptas e levar a África do Sul ao descalabro pela captura do Estado. Agora, a ver vamos, se Cyril Ramaphosa vai reverter o cenário, após ser eleito ontem, dia 18 de Dezembro de 2017, Presidente do ANC pela sua 54ª Conferência Nacional Electiva, abrindo caminho para ser futuro Presidente da África do Sul.

No seu artigo, Prince Mashela disse que “no meio da confusão política que tem captado a atenção do nosso país, muita gente se tem interrogado se nós chegámos ao fim da África do Sul. A resposta é simples: aquilo a que se chama um "fim" não existe, não quando nos referimos a um país. A África do Sul vai continuar a existir muitos anos depois de Jacob Zuma se ter ido embora. O que Zuma fez foi fazer-nos constatar que o nosso é apenas mais um país africano, não aquele país excepcional situado na ponta a Sul do continente Africano.

Durante o mandato de Nelson Mandela e Thabo Mbeki, alguns, entre nós, costumavam acreditar que o povo negro da África do Sul era melhor que os de outros países Africanos. Nós temos todos que agradecer a Jacob Zuma por nos revelar o nosso verdadeiro carácter africano, de que a ideia de que a força das leis [rule of law] não faz parte daquilo que somos e que o constitucionalismo é um conceito muito distante de nós enquanto povo. Senão como é que nós conseguiríamos explicar aos milhares de pessoas que enchem estádios inteiros para aplaudir um Presidente que violou a Constituição do seu país? Estas pessoas não fazem ideia do que é o constitucionalismo.

Agora que nós conquistámos o nosso estatuto de sermos apenas mais um vulgar país africano, temos que reflectir e lidar com a realidade desse nosso verdadeiro carácter e imaginar como é que o nosso futuro será. [Será que pretendemos ser eternamente o que o idiota de Donald Trump profetizou!] Num país Africano típico, o cidadão médio não espera muito dos seus políticos, porque se cansa das repetidas promessas que não são cumpridas.

Num país Africano típico, as pessoas não têm quaisquer ilusões quanto à simbiose entre moralidade e boa governação. O povo sabe que aqueles que detêm o poder, utilizam-no para o seu proveito próprio e para o proveito dos seus amigos e familiares [Veja-se o que aconteceu com a elite política moçambicana nos últimos 40 anos de governação da Frelimo].

O conceito de que o Estado é um instrumento para apoiar o desenvolvimento do Povo é um conceito Ocidental e que tem sido cooptado de forma copiosa por alguns países asiáticos. Os Africanos e os seus líderes não gostam de copiar nada do Ocidente. Ficam felizes de permanecerem africanos e de fazerem as coisas "à maneira africana". Fazer as coisas à maneira africana é o uso autocrático do poder por reis, chefes e indunas, num contexto de regras que não estão escritas em papel. Já alguém alguma vez viu um livro de leis tradicionais africanas?

A ideia de que um cidadão comum possa expressar dúvidas ou pôr em causa os dinheiros públicos gastos na casa de um rei ou chefe [como é caso dos dinheiros gastos em Nkandla], não é africana. Os membros do ANC no Parlamento Sul-Africano e que têm defendido Jacob Zuma são os verdadeiros africanos.

Exigir-se que um líder preste contas é um conceito estrangeiro - Ocidental. Numa situação em que haja conflitos entre o líder e as leis do país, os africanos simplesmente mudam as leis, para proteger o líder. É por isso que não há um único branco que tenha exigido que o Rei Dalindyebo seja libertado da prisão.

O problema com os pretos "espertos" é que eles pensam que vivem na Europa, onde os conceitos da democracia foram afinados ao longo de séculos. O que nós temos que fazer é regressar à realidade nua e crua, e aceitar o facto de que o nosso é um típico país africano, como tantos outros. Esse retorno à realidade vai-nos proporcionar uma perspectiva decente de como parecerá o futuro da África do Sul...

Este país não se parecerá muito com a Dinamarca. Possivelmente, será mais semelhante à Nigéria, onde os activistas contra a corrupção são a excepção [e o Boko Haram é uma realidade, como o Al-Shabaab é uma realidade na Somália, com células a atacarem Mocímboa da Praia na Província de Cabo Delgado, aqui em Moçambique, porque a exploração do gás natural na Bacia do Rovuma, lá em Palma, se revela uma realidade].

Sendo o nosso um país africano, não se parecerá com a Alemanha. A África do Sul poderá assemelhar-se mais com o Quénia, onde o tribalismo é o factor central na disputa política [entre o Presidente Uhuru Kenyatta e Raila Odinga, sem descurar o carácter regionalista e étnico da guerra entre a Frelimo e a Renamo].

As pessoas não podem alimentar a ilusão de que o dia chegará quando a África do Sul se parecerá aos EUA. O nosso futuro será mais como o do Zimbabwe, onde um líder [Robert Mugabe] detém [ou detinha!] mais poderes que todo o resto da população. Mesmo que Julius Malema [ou Mmusi Maimani] viesse a ser Presidente, ainda assim seria a mesma coisa [sendo de se esperar a mesma coisa com Afonso Dhlakama no poder em Moçambique].

Os líderes africanos não gostam da ideia de haver uma população educada, pois é difícil governar gente inteligente [Crua realidade, se observarmos que na fundação da FRELIMO na Tanzania, a 25 de Junho de 1964, havia sete doutores e, até a Independência Nacional, a 25 de Junho de 1975, a FRELIMO não dispunha de um único doutor. Todos eles haviam sido mortos no processo da Luta de Libertação Nacional, sendo que seis do centro e norte do país foram mortos por alegadamente serem reaccionários e o único doutor do sul do país foi morto e ficou Herói Nacional. Idem com a elite intelectual recrutada para o seio da Renamo após o Acordo Geral de Paz (AGP), assinado a 04 de Outubro de 1992 em Roma, Itália, que acabaram formando o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), sob liderança do engenheiro Daviz Simango].

Os próprios Nelson Mandela e Thabo Mbeki foram bons dirigentes, porque foram corrompidos pela educação Ocidental (Confissão: este colunista sul-africano também foi corrompido por essa educação).

Jacob Zuma permanece africano [tal como Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza]. A sua mentalidade alinha com a do Boko Haram. Ele desconfia de pessoas educadas; aqueles a quem ele apelida de "pretos espertos" [clever blacks]. Lembrem-se, Boko Haram quer dizer "Contra a Educação Ocidental".

As pessoas que pensam que nós chegámos ao fim da África do Sul não estão cientes que na realidade nós chegámos ao começo de um verdadeiro país africano, distante das ilusões Ocidentais de sermos uma excepção em África. Os que se sentem perturbados por este genuíno carácter africano precisam de ajuda. O melhor que podemos fazer por essas pessoas é pedir-lhes que observem ali, a norte do rio Limpopo, para descobrirem mais sobre a boa governação em África [confesso que não percebi aonde Prince Mashela se refere].

O que torna as pessoas mais nervosas sobre o futuro da África do Sul é que elas estão a pensar em modelos Ocidentais, esquecendo-se que o nosso país é africano. A ideia de que um Presidente pode ser demitido, porque um tribunal tomou uma decisão contra si, é Ocidental. Só o Primeiro-Ministro da Islândia é que faz isso; Líderes Africanos jamais o farão.

Analisando cuidadosamente, a noção de que a África do Sul está a chegar ao "fim" é a expressão de um sistema de valores Ocidentais de prestação de contas, de moralidade política, do contraditório, etc. Todos estes são conceitos vindos de Sócrates, Kant, Hegel, etc. Eles não são africanos.

Todos nós temos, então, que agradecer a Jacob Zuma por nos revelar a verdadeira República Africana da África do Sul, não um qualquer posto avançado de valores Europeus”.

Chegado a este ponto, não sei a quem julgar, se a Donald Trump, a Prince Mashela, ou a ambos. A única conclusão a que chego é que Prince Mashela foi razoável que Donald Trump e que o resto depende de nós mesmos africanos, a vontade de mudar o rumo das coisas, para deixarmos de nos ridicularizarmos.

Comentários

  1. Olá, gostaria de saber onde está o discurso de Donald Trump, qual é a fonte original?

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    1. Senhor Anonimo!

      Va ao Tweet de Donald Trump veja os seus comentarios quanto a Robert Mugabe, ex-Presidente do Zimbabwe, e a Yoweri Museveni, Presidente do Uganda. Prometeu mandar prender a ambos durante a sua campanha eleitoral e siga-o quanto ao seu posicionamento em relacao a Africa e os negros nos seus polemicos comentarios.

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