SOBRE PURIFICAÇÃO DE FILEIRAS
Segunda, 08 Agosto 2016 21: 50
Carta a Muitos Amigos
Sérgio Vieira

Todos moçambicanos estão saturados de, pela comunicação social, descobrirem que funcionários do Estado, empresas públicas, edis e trabalhadores de municípios, estão metidos em pilhagens, negociatas por baixo da mesa, venda ao desbarato e ilegalmente de terrenos bravios que a Constituição protege, subornos, comissões.

Nota-se que até alguns quadros, do distrito ao topo da FRELIMO, estão também envolvidos neste tipo de sujidade, desacreditando toda a História, princípios e tradições.

Preparando-se o próximo Congresso da FRELIMO, tomamos nota de que alguns elementos que merecem pouca confiança, dirigem e participam nas comissões eleitorais que vão designar os delegados.
 
Pessoas reprovadas pela opinião, até mesmo gente afastada de cargos por irresponsabilidade e mau trabalho, mas salvas por mãos protectoras.

Finalmente, bem serviam aos seus patrões antigos.

Alguns estão envolvidos em nepotismo, outros buscam salvar lambe-botas conhecidos e privilégios anti-éticos e sujos.

Gentes pérfidas que até na comunicação social tentam caluniarem e destruírem pessoas de valor que recusaram obedecer e cobrir trafulhices.

Com este tipo de chefes de brigada e membros das mesmas, corre-se o risco de manter Nyusi, a FRELIMO e o país manietados, e, até por descrédito, perderem-se as eleições autárquicas e gerais.

Recentemente cometeram o desaforo, bem infame, de negar a moçambicanidade de uma personalidade que progrediu nos vários escalões do Estado, até às mais altas funções.

Bem conheço essa pessoa, porque da minha terra e até aparentada à minha família.

Igualmente bem conheço o esposo, nascido em Portugal, crescido em Gaza e que adquiriu a nacionalidade moçambicana logo no início.

O casamento ocorreu uns 10 anos depois. Porquê a calúnia?

Os resultados eleitorais na vizinha África do Sul demonstram que o nome do ANC, campeão da luta contra o maldito apartheid, sofreu o descrédito resultante de negociatas, dum falso empoderamento que apenas beneficiou uma dúzia de chefões que se tornaram magnatas.

Perder a capital do país, diversas municipalidades, estar em risco na principal cidade económica do país, nada nos diz? Muitas as razões, mas a ganância e a cupidez, o nepotismo estão à cabeça. O desprezo pelo povo e a sua vida pagam-se.

Jovens sem emprego, sem habitação e com quase zero de perspectivas de progresso na vida, mostraram o seu desagrado, até votando em demagogos de baixo nível e partidos com ligações com o regime maldito.

Se as barbas do vizinho ardem, há que por as nossas de molho, diz o povo. O desagrado com o ANC pára na fronteira sul-africana?

Estarão felizes os cidadãos do Zimbabué, de Moçambique, sobretudo quando muitos deles entregaram todos os esforços à causa da libertação e construção do Estado, vários já morreram na guerra contra os colonialistas, os racistas e os terroristas locais.

Como se sentem as pessoas nos vizinhos Malawi e Suazilândia? Confiam nas direcções estatais e partidárias?

Na Guiné Equatorial, na casa de um ministro, roubaram quarenta milhões de Euros em notas. Há que perguntar como alguém, normal, guarda uma fortuna desse valor em casa?

Onde e como adquiriu esse dinheiro.

Há que notar que esse país faz parte da CPLP, o Chefe do Estado chegou ao poder matando o tio e o seu filho, Vice-Presidente da República, está com processos em França, devido a origens duvidosas de dinheiros e outros bens nesse país.

Precisamos realmente deste tipo de gente na CPLP?

Na impecável Alemanha, o maior banco do país, apresenta um deficit de 300 mil milhões de Euros. Quantos países no mundo possuem um valor similar nos seus orçamentos e reservas.

Quantos bancos portugueses com participações maioritárias ou quase nos bancos em Moçambique estão a caminhar ou já chegaram à falência? Quem os vai salvar e sobretudo travar o furacão financeiro que nos pode atingir?

Bonito o discurso sobre participações financeiras estrangeiras. Mas elas servem realmente os moçambicanos?

Quando querem explorar offshore o petróleo e gás e do mar e daí exportarem o que produziram, quantos quadros nossos sérios, competentes e honestos estarão lá para controlarem, não se deixarem corromper e não venderem a Moçambique gato por lebre?

Em quantos países as transnacionais do petróleo e outras empresas, explorando minérios, tudo fazem para enfraquecerem o Estado e melhor se aproveitarem do caos? Não chegam a provocar rebeliões, motins e guerras?

Estados fracos que capacidade possuem para discutirem e imporem as melhores condições para o país e os nacionais?
  
Sim há razão para nos acautelarmos, travarmos os patifes, recuperarmos o que nos pilharam e judicialmente sancioná-los. Não abrirmos as portas a gatunos locais e estrangeiros.

Correr não significa chegar e muitas vezes só há o efeito nefasto de tropeçar, partir uma perna ou braço e até cair num buracão. Queremos isto? Em postos de comando existem infelizmente muitos burlões no nosso país.

Infelizmente, os péssimos exemplos e ensinamentos vêm dos grandes países do Primeiro-Mundo, dos Estados Unidos à Alemanha, da Inglaterra à França. Sabem criticar-nos e darem-nos lições, mas eles?

O anterior Director-Geral do FMI, os tribunais o julgaram e condenaram por haver violado uma empregada num Hotel. Até o detiveram já dentro do avião, quando se preparava para regressar ao seu país para se candidatar a Presidente da República.

Da actual patroa do FMI os tribunais do seu país suspeitam que esteve metida numa negociata de seiscentos milhões de Euros com um amigo. Talvez se verifique no foro próprio se real ou falso ou haja recebido alguma comissão.

Dentro e fora de Moçambique, muitos dos que querem dar lições aos países do dito Terceiro-Mundo, deveriam começar por limparem as suas casas cheias de bicharocos bem nojentos e especialistas na pilhagem.

Por favor, respeitem-nos e dêem-nos paz.

P.S. Partiu para sempre o Professor Patrocínio Silva.

Veterinário e docente de talento, sabendo e sabendo fazer e ensinar, deixa-nos uma grave lacuna no nosso saber.

Vivi o privilégio de com ele trabalhar vários anos e em Marromeu, onde o instalamos nos tempos do GPZ, ensinou os camponeses a tratarem do gado, treinar para a tracção animal, detectarem doenças e alimentar na época seca.
Bem-haja.

Que as novas gerações saibam seguir o seu ensinamento e exemplo. Um abraço Patrocínio e solidariedade para os teus familiares e todos que te amavam e prezavam.

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