GENOCIDIO EM CHITIMA




O número oficial de vítimas de envenenamento em Chitima subiu para 58 pessoas. Vários membros de mesmas famílias perderam a vida no Distrito de Cahora Bassa aqui na Província de Tete em consequência da ingestão de uma bebida de fabrico caseiro envenenada. A bebida é conhecida localmente por pombe. Ela foi ingerida durante uma cerimónia fúnebre que aconteceu na sexta-feira, dia 9 de Janeiro de 2015, em Chitima, vila sede do Distrito de Cahora Bassa no centro de Moçambique.

De entre as vítimas mortais há inclusive uma criança de dois anos. Outras cinco dezenas de pessoas, de ambos os sexos, estão ainda a receber tratamento médico no Centro de Saúde de Chitima e no Hospital Rural do Songo. As maioria das vítimas tomava parte de um funeral em Chitima e outras dezenas de pessoas que adquiriram a bebida para consumirem nas casas e machambas.

Enquanto aguardavam pela chegada da urna, que ainda estava na morgue do Hospital Rural do Songo, decidiram dirigir-se a uma residência vizinha e adquirir a bebida caseira fabricada a base de farinha de milho para consumo, prática habitual em quase todo o país em cerimónias similares. Para a cerimónia, foi adquirido um tambor com cerca de 200 litros de pombe consumido por 121 pessoas de ambos os sexos e de várias idades. Alguns não constam neste número, porque compraram a bebida para posterior consumo nas suas casas e machambas, tendo perdido a vida nas respectivas residências e machambas.

Na madrugada de sábado, dia 10) de Janeiro de 2015, dezenas de pessoas começaram a dar entrada no Centro de Saúde de Chitima com diarreia, vómitos, dor abdominal e fraqueza geral. Uma parte considerável das pessoas entrou em estado de inconsciência. Vários destes pacientes acabaram por ser transferidos para o Hospital Rural do Songo devido a gravidade do seu estado clínico e a pouca capacidade de tratar tantos doentes no Centro de Saúde de Chitima.

Até cerca das 14 horas de sábado, tinham sido admitidos no Hospital Rural do Songo mais de 25 pessoas, das quais cinco acabaram perdendo a vida naquela tarde. Por volta das 16 horas o número subira para 24 vítimas. Até ao fim dessa tarde, quando eram 18 horas, já se contabilizavam 26 pessoas mortas no Centro de Saúde de Chitima e outras cinco no Hospital Rural do Songo. Entretanto, até as 10 horas de domingo, dia 11 de Janeiro de 2015, o número de vítimas mortais não parou de aumentar: mais seis mortos no Hospital Rural do Songo e mais 21 mortos no Centro de Saúde de Chitima, totalizando 58 vítimas mortais.

Durante este período da madrugada de sábado para domingo, deram entrada sete pessoas no Hospital Rural do Songo vindos de Chitima e as 8:30 horas deram entrada mais oito pessoas, muitos delas idas por meios próprios e que nem sequer passaram pelo Centro de Saúde de Chitima. A Directora Provincial da Saúde em Tete, Carla Mosse, disse a Rádio Moçambique, que as autoridades não têm ainda conhecimento das causas da tragédia, avançando que estão a ser colhidas amostras, não só da bebida em causa, como também da urina, sangue e fluidos gástricos dos pacientes que serão enviados à capital do país, Maputo.

"Não temos capacidade interna para análises. As amostras serão enviadas para Maputo e eventualmente para a África do Sul", revelou Carla Mosse, adiantando que só a partir dos resultados das análises se saberá se a causa das mortes foi por envenenamento ou não. Porém, fontes locais em Chitima referem ter sido encontrado, pelo menos, um frasco pequeno dentro do tambor que continha pombe consumido que apresentava partículas de substâncias verdes, daí que surge a suspeita de envenenamento. A fabricante da bebida caseira, uma irmã e um filho seu, também estão entre as vítimas mortais o que dificulta apurar o que poderá ter acontecido com a bebida.

Para fazer face à situação calamitosa, o Hospital Rural do Songo teve que requisitar os serviços de todo o seu pessoal médico disponível, de pouco mais de uma dezena de profissionais entre médicos e enfermeiros. A equipa médica revelou que entre os seus pacientes está uma cidadã grávida.

Entretanto, o Conselho de Ministros decretou ao fim da tarde de ontem domingo, dia 11 de Janeiro de 2015, três dias de luto em Moçambique a partir da zero hora desta segunda-feira, dia 12 de Janeiro de 2015, em memória das 58 vítimas mortais de um envenenamento no distrito de Chitima, vila sede do Distrito de Cahora Bassa, nesta Província de Tete.

A esta altura informações indicavam que continuavam internadas no Centro de Saúde de Chitima e no Hospital Rural do Songo cerca de uma centena de pessoas que ingeriram aquela bebida de fabrico caseiro, conhecida por pombe.

Comentários

  1. PS: Ja Sibiu para 69 o número de vitimas. A situacao continua critica.

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