CRIANÇAS NEGRAS USADAS COMO ISCA PARA CAÇAR JACARÉS NA FLÓRIDA, EUA 

RM Kuyeri, 12 de Janeiro de 2023

Comecei o ano de 2023 a ler algo interessante, curioso, nojento e abominante. Nunca pensei que uma mente humana sã poderia, por alguma razão, chegar a este extremo irracional.

Reconheço que a escravidão foi um período que rendeu muita coisa má, especialmente para o continente africano e sua gente, que viram a sua florescente civilização a ser destruída. A terra foi sendo estuprada e a sua gente transformada em mera mercadoria de força de trabalho.

Na verdade, de tudo que a África e sua gente passaram ao longo dos anos, nada foi tão cruel como a prática de homens brancos de usar crianças negras de África para lançar os seus corpos em vida para o apetite dos jacarés.

A  prática de usar os corpos das crianças negras como isca para caçar jacarés, como forma de obter a sua preciosa pele para a indústria europeia de curtumes, foi iniciada em meados do século XIX.

Naquele período, as crianças negras, filhas e filhos de escravos africanos negros, arrancados a ferro e fogo de África para o continente americano como escravos, na terra do Tio Sam eram compradas ou roubadas das sanzalas do Sul dos Estados Unidos da América (EUA). Retiradas do seio das suas mães e pais, ainda em processo de amamentação, eram levadas de forma cruel por caçadores brancos de répteis carnívoros gigantes.

As coitadas eram levadas em jaulas precárias, bem parecidas com gaiolas de pássaros. Enquanto choravam desesperadas, os jacarés se aproximavam permitindo a sua caça. Quando o caçador conseguia abater o réptil antes de abocanhar a vítima, a coitada da criança ganhava uns dias a mais de vida, como piedade.

A prática ficou conhecida em alguns locais do sul dos EUA como a mais comum e lucrativa actividade económica. Tanto que até hoje, os negros de alguns lugares da Flórida são chamados de ISCAS de JACARÉ.

A discussão sobre a terrível prática acendeu novamente na Flórida, Estado tradicionalmente Republicano, com a eleição de Barack Obama como 44º Presidente dos EUA para os seus dois mandatos, de 20 de Janeiro de 2009 a 20 de Janeiro de 2017. Muitos norte-americanos brancos chamavam o candidato Barack Obama de “Comida de Jacaré”.

Em 2008, durante as eleições dos EUA, de que Barack Obama saiu vencedor, membros do Partido Republicano foram fotografados usando um chapéu de crocodilo, uma representação do animal mastigando um boneco negro que representava o primeiro Presidente negro dos EUA.

Foi muito bem documentado recentemente que, durante a escravidão e já no século XX, bebés negros foram usados como isca de jacaré no norte e centro do Estado da Flórida nos EUA. Um branco em Sanford, perto de Orlando, contou essa história como uma proeza histórica para um pesquisador. Ele disse que ouviu isso do seu avô.

As gestantes mulheres escravas que tinham bebês de colo lhes eram cruelmente arrancadas em pleno dia, para serem usadas como iscas na caça de jacarés. Desesperadas, aquelas coitadas mães apenas só podiam gritar a sua desgraça. O seu choro apenas ajudava a agitar a água para os jacarés se aproximarem das atordoadas crianças.

O branco eufórico, contou que, quando eles atirassem ao rio os bebês amarrados numa corda, em questão de minutos os jacarés se aproximavam ofegantes para cima das crianças tentando arrancá-las da corda ou da jaula. Na verdade, vezes sem conta os crocodilos conseguiam amordaçar as crianças e até as engolia enquanto os brancos tentavam matá-los e recolhê-los.

Entusiasmado, o branco contou ao investigador que “você não conseguia ver nada, além da corda que amarrava a criança negra. Algumas das crianças eram mesmo bebês, com apenas um ano de idade”.

Às vezes quando as suas mães não estivessem por perto, ocupadas com as lides de mulher escrava ao serviço do senhorio, o senhorio tomava a liberdade de pegar na sua criança para a pesca desportiva de jacarés. Outras vezes pegavam as crianças e as levavam para um pântano infestado de crocodilos e as deixavam em gaiolas como pequenos galinheiros ou as soltavam para atraírem os carnívoros repteis gigantes.

Eles preferiam a noite de luar para descerem aos rios ou pântanos com os bebês negros para a caçada. Pegavam nos bebês negros e os amarravam bem no pescoço e no tronco, enquanto gritavam de dor e desespero e se mexiam em agonia. Isso ajudava a agitar a água ou a lama.

Em questão de minutos, os jacarés apareciam e atiravam-se para cima dos bebês negros. Os caçadores brancos perfilados, conseguiam matar alguns nesse processo, enquanto outros crocodilos conseguiam morder as crianças e engolia-as. Na verdade, uma vez que os jacarés as apertasse, fugiam do local para escaparem da caçada.

Há um vídeo que mostra este horror que foi postado num dos eventos do site da BlackFamily.com. Há mais provas, no entanto, de acordo com o blog Abagond, sobre quão horroroso bebês negros foram usados durante anos como iscas na caça de jacarés nos EUA.

A revista Times, em 1923, relatou que a prática ocorreu igualmente em Chipley, na Flórida, mas a cidade alegou ser “uma mentira boba, falsa e absurda”. Porém, há relatos sobre isso em Copper Sun, um livro publicado em 2006, escrito por Sharon Draper.

Além disso, de acordo com o blog Abagond, “isca de jacaré” era um termo usado no Harlem, no início do século passado para se referir a crianças negras na Flórida.

Um outro blog da Ferris State University sugere que a prática continuou no século XX. Em 1908, o jornal Washington Times informou que um zelador do Jardim Zoológico de Nova York havia feito isca de “jacarés com pickaninnies” (pequenas crianças negras) e, em 21 de Setembro de 1923, o jornal Oakland Tribune relatou: “A isca Pickaninny (pequena criança negra) atrai jacarés vorazes até a morte... e uma mãe recuperou o seu bebê em perfeito estado”.

Outros relatos, ainda dos EUA, referem detalhadamente como crianças negras eram cozidas para alimentar porcos, além de serem usadas como isca de crocodilo no início de 1900.

Relata-se que, em 1957, Johnny Lee Gaddy teria assistido crianças afro-americanas a serem realmente usadas como alimento para os porcos no campus da infame Escola do Reformatório Arthur G. Dozier no Panhandle da Flórida. O relato é confirmado pela pesquisadora de peonage (dívida de escravidão ou dívida de serventia), Dra. Antoinette Harrell.

Como nos referimos acima, um artigo de 1923, publicado no New York Times Magazine revelou que bebês negros estavam a ser usados como isca de jacaré em Chipley, na Flórida. Para lembrar essa actividade horrível e sombria, foram vendidas fotografias, cartões postais e outras lembranças ilustrando o uso de bebês negros como isca para a caça de jacarés e como alimento para os porcos.

A primeira chegada documentada de africanos às américas, trazidos como servos, ocorreu exactamente há mais de 400 anos. Nos EUA, as crianças dos negros escravos foram sendo submetidas a crueldades sem dó nem piedade para escravidão sexual, trabalho infantil forçado, tortura física e, em alguns casos, tortura humana, incluindo o canibalismo.

Todas estas atrocidades são grandes componentes do tráfico humano até hoje, onde pessoas ricas compram órgãos e outras partes do corpo dos coitados negros. Até se resolver este passado horrível de crimes e abusos que incluem a escravidão moderna, a história dos negros continuará a afligir a América e o mundo como um câncer incurável.

A Dra. Antoinette Harrell confessou que tinha ouvido o pior do pior da escravidão dos negros nos EUA. Mas confessa que ainda há muito por desvendar e muito mais por aprender. A maioria das pessoas não queria falar sobre o que havia encontrado ou repetir os eventos desagradáveis relatados a eles pelos seus familiares. Segundo ela, ninguém gosta de ir a lugares que lhes causam a dor. O ressurgimento destas injustiças graves pode transportá-los de volta a um tempo, lugar e período das suas vidas no passado que prefeririam esquecer.

Durante a reconstrução da história da escravidão por Jim Crow, ocorreram muitos incidentes trágicos que continuam até hoje. A Dra. Antoinette Harrell, a pesquisadora de peonage, contou uma história de Johnny Lee Gaddy que faz o estômago revirar.

Na infame época de Arthur G. Dozier Reform School, no Panhandle da Flórida, Johnny Lee Gaddy viu a mão de uma criança numa pocilga. Durante uma entrevista na rádio, Johnny Lee Gaddy disse a Dra. Antoinette Harrell que testemunhou a mão desmembrada de uma criança na fogueira, enquanto trazia lixo para ser queimado. Ele reconheceu o membro como um pedaço do corpo de um dos rapazes. Depois de discutir o que testemunhou com um dos meninos, ele foi ajuizado de que, se quisesse permanecer vivo, nunca deveria contar a ninguém o que tinha visto naquele local.

Johnny Lee Gaddy afirma que os rapazes estavam a ser cozinhados e dados aos porcos como ração. Ele contou que, na altura, ele cortava pedaços de madeira para lenha, criava gado e cultivava a terra como um escravo. Ele trabalhava num pantanal com jacarés e cobras de vários tamanhos. Meninos mais novos do que Johnny Lee Gaddy tinham que se esforçar muito no cumprimento da sua servidão em Arthur G. Dozier Reform School.

Segundo Johnny Lee Gaddy, na escola estatal a sua vida era um horror ao vivo. Ele diz que o Estado da Flórida administrou um reformatório na cidade de Panhandle de Marianna de 01 de Janeiro de 1900 a 30 de Junho de 2011 que era um autêntico holocausto para as crianças negras.

A Dra. Antoinette Harrell não ficou surpresa com isso. Na década de 1960, ela conheceu uma família que havia sido presa no sistema de servidão em Gillsburg, em Mississippi. O Sr. Cain Wall, na altura com 107 anos de idade, contou a Dra. Antoinette Harrell sobre a história da sua família. Ele lembrou-se de um homem vagueando a cavalo pela vizinhança, recolhendo bebês negros, cortando-os e usando-os como isca para a sua pesca de peixe. “Eu vi o sangue escorrendo da sua sacola na lateral do seu cavalo”, explicou Cain Wall.

Disse Cain Wall que, quando soubessem que aquele homem branco estava a chegar, todos os negros pegaram nos seus filhos e os abraçavam fortemente de olhos fechados. “Ele era um homem cruel e horrível”, acrescentou Cain Wall. Ele confirmou que alguns alegam que nos pântanos da Louisiana e da Flórida, os brancos usavam os bebês negros como isca para caçar crocodilos durante a era dos escravos, ou para atrair enormes jacarés com carne e sangue humanos. Eles sequestravam as crianças, esfolavam-nas vivas e jogavam-nas no pântano para alimentar os jacarés.

É sobre isso que em 1923 um artigo na Times Magazine confirmou que bebês negros estavam a ser usados como isca de jacaré em Chipley, na Flórida, depois de em 03 de Junho de 1908 o jornal Washington Times ter noticiado que um zelador do Jardim Zoológico de Nova York usou pickaninnies para atrair crocodilos.

Os pesquisadores Deangelo e Kirk Manuel viajaram para Shubuta, em Mississippi, para estudar seis linchamentos que cumpriam a sua servidão. Eles souberam do linchamento de quatro jovens negros na Ponte Suspensa em 1918: Major, de 20 anos de idade, e Andrew Clark, de 16 anos de idade, que eram irmãos; enquanto Alma, de 16 anos de idade, e Maggie Howze, de 20 anos de idade, eram irmãs.

Alma acabava de nascer há duas semanas e Maggie estava grávida de seis meses. O dentista que empregou as duas jovens foi o responsável pela gravidez da Alma. Major tinha-se alistado para a Primeira Guerra Mundial no dia 09 de Setembro de 1918 e foi linchado em Dezembro do mesmo ano.

Em 1942, Ernest Greene e Charles Lang foram linchados na mesma cidade do Mississippi: “A vida daqueles dois meninos foi interrompida e ninguém sabe o que o futuro reserva para eles. Nunca saberemos que tipo de impacto eles causaram no mundo”, comentou Deangelo.

A Dra. Everette Lavega Johnston, uma dentista branca casada, onde os quatro jovens trabalhavam, foi supostamente assassinada por Andrew e Major. Major e Andrew estavam a trabalhar na fazenda para ajudar o seu pai, Sr. Eddie Clark, a pagar uma dívida de servidão. Eddie e Charity Clarke tinham oito filhos, sendo Major e Andrew dois deles.

Todos os quatro foram submetidos a torturas lancinantes. Eles foram todos arremessados da ponte quando Maggie foi atingida no rosto por uma chave-inglesa. Algumas testemunhas disseram que o seu feto podia ser visto movendo-se no ventre, quando as vítimas foram enterradas no dia seguinte.

A Dra. Antoinette Harrell e os seus estagiários também investigaram um caso de meninos desaparecidos nos condados de Smith e Simpson, no Mississippi, em 1900. W.T. Ware e seus filhos, assim como o seu genro, Turner, moravam perto do que era conhecido como Sullivan's Hollow.

Os Wares foram acusados de sequestrar meninos negros e vendê-los no Delta do Mississippi. Um dos Wares era médico e estava encarregado de se livrar das crianças no Delta. Os Wares foram acusados igualmente de sequestrar e esconder um menino na casa de Turner, no Condado de Simpson, até que pudessem transferi-lo para o Delta.

Em 1900, o Procurador-Geral recebeu um relatório, segundo o qual um jovem negro, chamado Young Trammell, foi retirado da linha do Alabama e transportado para a Geórgia, onde foi forçado a saldar uma dívida prestando servidão, de acordo com um relatório arquivado em Montgomery, Alabama.

O pai do menino disse ao repórter que não poderia reclamar o seu filho até que pagasse a Benford o dinheiro que alegava dever-lhe, bem como as supostas despesas judiciais. Como essas histórias raramente são ensinadas nas escolas, muitas pessoas nunca as ouviram.

Monteral Harrell, ex-aluno da Grambling State University, está bem ciente dessa realidade: “No sistema escolar público, os alunos recebem uma quantidade limitada de informações sobre o que aconteceu durante a escravidão e a Era dos Direitos Civis. Ano após ano, as crianças recebem o mesmo material sobre a fictícia história negra”.

Ainda segundo Monteral Harrel, “embora as faculdades e universidades historicamente negras se destaquem no ensino da história negra, são necessárias aulas adicionais que ensinem os alunos a pesquisar adequadamente a sua real história”.

Johnny Lee Gaddy é uma das várias histórias que requerem uma investigação mais aprofundada. Pois, em 1957, Johnny Lee Gaddy foi sequestrado da sua mãe em Clearwater, na Flórida, e transportado para a Arthur G. Dozier Reform School em Marianna, ainda na Flórida, sem qualquer representação legal ou processo devido. Ele acabou sendo libertado para a sua mãe depois de cumprir a sua sentença de servidão.

 

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