ODE AO PESSOAL DA SAÚDE EM TEMPO DE COVID-19
(Adaptado de um texto anónimo)
RM Kuyeri, 06 de Janeiro de 2021
Eu vi gestantes moradoras de rua chegarem envergonhadas numa maternidade. Estavam em muito péssimas condições de higiene.
Eu
vi técnicos e enfermeiros levaren a elas para um banho, para
retirar-lhes os exagerados pelos que elas não gostavam, porque
hospedeiros de piolhos.
Ouvi as suas próprias palavras de gratidão ao pessoal da Saúde pela ajuda: "O meu bebê vai nascer limpinho, graças a vocês".
Eu vi uma enfermeira fingir ser a mãe de uma paciente com Alzheimer nos seus piores dias pedindo perdão à suma mãe de que não se lembrava e não estava mais entre nós.
A enfermeira respondia que a perdoava e a amava por ser sua filha, sabendo que não era. O importante era dar conforto e carinho à sua paciente.
Eu vi a gratidão num abraço entre mãe e filha e um alívio prolongado antes de partirem, sem que fossem verdadeiramente mãe e filha.
Eu vi técnicos de enfermagem completamente sujos de vômitos enquanto seguravam a cabecinha de uma criança em crise, para que ela não se sentisse sozinha.
Eu vi enfermeiros levantarem pacientes com o dobro do seu peso corporal e darem banho neles para que se sentissem melhor e mais refrescado.
Eu vi um nado morto, aquele bebê que nasce já morto, a ser segurado com todo carinho pela enfermeira para dar um banho quentinho e aconchegante.
Eu vi aquela enfermeira a pôr roupinhas perfumadas no nado morto.
Eu vi a enfermeira a arrumar os cabelos do nado morto e fazer um lacinho de cabelos, antes de entregar a mãe que muito insistia em ver o seu bebê, como é de direito, para o visse limpo e lindo.
Eu vi enfermeiros a irem atrás de familiares, pastores, padres, pais de Santo, tudo para que o seu desesperado paciente se sentisse mais confortável com a visita de familiares e das autoridades religiosas das suas respectivas religiões.
Eu
vi enfermeiros que nas emergências, as partes naturais da nossa vida
quando se está entre a vida e a morte, a não pensarem duas vezes em
arriscar a sua própria vida, correndo para segurar um paciente com
doença altamente contagiosa que estava a desmaiar, simplesmente para
segurar a sua cabeça e não deixá-lo ter um possível traumatismo
craniano...
Eu vi e, se existe profissão mais humana e honrada que a enfermagem, perdoem-me a pouca modéstia, mas eu a desconheço.
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