MANIFESTAÇÃO DE RACISMO ENTRE NEGROS
(Julius Malema)
RM Kuyeri, 13 de Maio de 2020

O racismo é um dos principais problemas sociais enfrentados nos séculos XX e XXI, causando, directamente a exclusão, desigualdade social e a violência entre as chamadas de raça diferentes, mas que eu prefiro chamar de diferentes tonalidades da cor da pele.

Racismo é a tendência vulgar de discriminação directa ou indirecta baseada no preconceito contra indivíduos ou grupos por causa da sua etnia ou cor da pele. É importante ressaltar que este preconceito é uma forma de ajuizamento torpe, formulado sem qualquer conhecimento prévio do assunto tratado, enquanto a discriminação é o acto de separar, excluir ou diferenciar pessoas ou objectos com base na sua cor.

Na sua forma directa, o racismo coloca uns indivíduos singulares ou grupo bem organizado de indivíduos a manifestarem-se de forma violenta física ou verbalmente contra outros indivíduos ou grupos por conta da etnia, da raça ou cor da pele, bem como se lhes nega o acesso a serviços básicos e a locais pelos mesmos motivos, como é historicamente caracterizado o regime segregacionista racional bóer na África do Sul - o Apartheid.

Na sua forma menos directa é o racismo institucional, quando o Apartheid criou instituições e até laboratórios para ligar com os negros, na perspectiva de sua eliminação. É a manifestação do preconceito por parte de instituições públicas ou privadas, do Estado e das leis que, de forma indirecta, promovem a exclusão ou o preconceito racial, a exemplo da Caderneta do Indígena no tempo colonial ou do Estatuto de Assimilado e de Não-Assimilado durante o regime colonial português em Moçambique. Outro exemplo são as formas de abordagem dos agentes da Polícia contra os negros que tendem a ser mais agressivas. Isso pode ser observado nos casos de Charlottesville, na Virgínia (EUA), quando, após sucessivos assassinatos de negros desarmados e inocentes por parte de policiais brancos, que alegavam o estrito cumprimento do dever, a população local revoltou-se e promoveu uma série de protestos.

De maneira ainda mais branda e por muito tempo imperceptível, o racismo tende a ser ainda mais perigosa por ser de difícil percepção. Trata-se de um conjunto de práticas, hábitos, linguagem e situações assimilados ao longo do tempo e que passaram a ser costumes, mas que promovem, directa ou indirectamente, a segregação ou o preconceito racial. Podemos tomar como exemplos duas situações:

  1. O acesso dos negros, ou os chamados indígenas, a locais que foram por muito tempo espaços exclusivos da elite branca, como são os casos de determinados cursos nas universidades (medicina, engenharias, economia, direito) ou postos de emprego no sector financeiro e banca, continuam sendo restritos. Aliás, é só observar, por exemplo, os membros dos corpos executivos nos nossos bancos em Moçambique são de castas brancas e multas. Pois, o número de negros que tinham acesso aos cursos superiores de Medicina, Engenharias, Economia e Direito em Moçambique antes da Independência Nacional era ínfimo, ao passo que a população negra estava relacionada, na sua maioria, à falta de acesso à escolaridade, à pobreza e à exclusão social institucional, obedecendo o princípio da Concordata de 1939, assinada entre o regime de Salazar e a Santa Sé.


  2. Linguagem e hábitos pejorativos incorporados no nosso quotidiano tendem a reforçar a forma branda de racismo, visto que promovem a exclusão e o preconceito mesmo que indirectamente, sob vários subterfúgios, como o falso problema de incompetência dos negros. Essa forma de racismo manifesta-se quando usamos expressões racistas, mesmo que por desconhecimento da sua origem, como são os de palavrasdenegrir”, “xingondo”, “viente”, “nortenho”, “sulista”, “manhambana” e “machamgana”. Também acontece quando fazemos piadas que associam negros e indígenas a situações vexatórias, degradantes ou criminosas ou quando desconfiamos da índole de alguém por sua cor de pele. Outra forma de racismo estrutural muito praticado, mesmo sem intenção ofensiva, é a adopção de eufemismos para se referir a negros ou pretos, como as palavras “moreno” e “pessoa de cor”. Essa atitude evidencia um desconforto das pessoas, em geral, ao utilizar as palavras “negro” ou “preto” pelo estigma social que a população negra recebeu ao longo dos anos. Porém, ser negro ou preto não é motivo de vergonha, pelo contrário, deve ser encarado como motivo de orgulho, o que derruba a necessidade de se “suavizar” as denominações étnicas com eufemismos. Pois, hoje se sabe que Adão, Jesus e os seus 12 apóstolos eram negros.
A forma actual de manifestação de racismo contra os negros é bem caracterizada por Julius Malema, líder do partido Economic Freedom Fighters (EFF) na África do Sul:

Você nunca verá vídeos do exército a agredir pessoas brancas. Eles só fazem isso com você que é preto.

Se você é branco, eles dizem com licença, senhor (a); Desculpe, senhor (a); Por favor, volte para dentro; Tenha um bom dia.

Mas quando você é preto, eles te perseguem, dão-te um pontapé, dão-te um soco, batem em ti. A pior parte é que estes soldados são principalmente negros que humilham outros negros. Entenda alguma coisa. Isto é de volta à escravidão.

Pessoas negras foram recompensadas por roubar outras pessoas negras durante a escravidão. Se um escravo tentasse correr, era outro escravo que iria persegui-lo, apanhá-lo e levá-lo de volta ao seu patrão branco. Bate nele e leva-o ao seu Mestre.

A mesma mentalidade continua hoje. É por isso que todos os movimentos negros falharam. Malcolm X foi derrubado por uma pessoa negra como lavagem cerebral para trabalhar para a CIA. A mesma pessoa derrubou Martin Luther King.

No Burquina Faso, Thomas Sankara foi derrubado por uma pessoa negra como lavagem cerebral. Huey P Newton, activista político da América Latina, filiado ao Black Panther Party (1966–1982), foi assassinado por um negro igual, Tyrone Robinson.

Se olhares para a nossa história como pessoas negras, há sempre uma pessoa negra a trabalhar com o inimigo. Quando os brancos vieram para África, havia pessoas negras a trabalhar com eles para apanharem escravos negros. Havia pessoas negras a mostrar-lhes a terra e onde ficavam os segredos dos negros. Mostravam-lhes onde estava o ouro, os diamantes. Eram negros que expunham os nossos segredos aos brancos.

De facto, há um livro de um novelista nigeriano, Chinua Achebe, intitulado Things Fall Apart (As coisas desmoronam) que melhor espelha o nosso comportamento perante os brancos. Sempre fomos recompensados por sermos violentos uns contra os outros no interesse dos brancos. Somos desrespeitosos e injustos para connosco prórpios. É por isso que os artistas de armadilhas contra os negros fazem milhões e os órgãos de comunicação social recompensa-os por te chamarem de cabra ou chamando você de preto.
Representando o Mundo Negro, eles são pagos para espalhar a ignorância, pago para corromper os seus filhos, pago para fazer do seu filho um gangster e a sua filha uma stripper que tira roupa e fica nua para estremecer o rabo para todo o mundo ver.

Por quê você acha que Donald Trump convidou Kanye West para a Casa Branca depois que ele disse que a escravidão era uma escolha. Como pessoa negra, você é pago por sabotar o seu próprio povo. Isso tem acontecido desde então e nunca vai parar”.

Comentários

Mensagens populares deste blogue