JULGAMENTO DE JEAN BOUSTANI PODE TER SIDO UM FIASCO
Por RM Kuyeri, 09 de Dezembro de 2019

Deve-se encorajar aos mais de 29 milhões de moçambicanos para que não perturbem as suas mentes. Acreditem nos órgãos de justiça sem se deixarem enganar pela farsa teatral do que acaba de acontecer no Tribunal Distrital de Brooklyn, em Nova Iorque, EUA. Foi tanta a falsidade em autêntico atropelo à verdade. Por isso, foi um fiasco para a maioria dos moçambicanos, o que é muito triste.

O Réu de colarinho branco, de nome Jean Boustani, não passa de um desses operacionais ao serviço dos EUA cuja função é ser Economic Hitman. Portanto, Jean Boustani é um The Mozambican Economic Hitman que desempenhou com excelência a sua missão, para a desgraça de todos os moçambicanos que, durante gerações, vão ter que pagar a factura da dívida.

Um Economic Hitman é um mercenário económico especializado em desestabilizar economias de outros países a favor dos interesses geo-estratégicos dos EUA. Trata-se de uma expressão muito usada por John Perkins, autor do livro intitulado “The Confessions of An Economic Hitman”, cuja leitura é de recomendação obrigatória para quem quer entender a essência desta farsa de julgamento de Jean Boustani.

Os chamados Economic Hitmen são profissionais que se apresentam na praça como consultores, arquitectos, engenheiros, economistas. São indivíduos altamente pagos por corporações norte-americanas para enganarem a muitos países pobres no mundo inteiro, detentores de recursos naturais, como é o caso de Moçambique. A sua função é engendrar mecanismos e artimanhas de saque das suas riquezas por meio de endividamentos insuportáveis.

Os Economic Hitmen usam relatórios financeiros produzidos de forma fraudulenta para alegadamente ajudarem os Governos de supostos países devedores a garantirem fraudes nas eleições, maquinam extorsões aos opositores políticos e até orquestram assassinatos aos intelectuais dessas nações, sob o pressuposto de globalização e cooperação mútua e isso não é novidade para os moçambicanos. Prova disso são as ondas de raptos e sequestros, assassinatos sem rosto, etc.

Os Economic Hitmen desembolsam enormes quantidades de dinheiro de instituições como o Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI), USAID e outras organizações estrangeiras de ajuda e, no fim, esse dinheiro termina nos cofres das grandes corporações e bolsos de alguns membros de famílias ricas que controlam os recursos naturais do planeta a partir dos EUA.

Na verdade, o dinheiro emprestado nunca chega a entrar nos países pobres signatários das dívidas. É nominalmente inscrito como dívida e devolvido com altas taxas de juros, para além do facto de que o dinheiro só vai fazer um passeio de férias de turismo nos países em que é destinado. Logo faz-se um “U-Turn” e o país receptor paga a quantia em questão, adicionado a altas taxas de juros que são insuportáveis. Caso o país não consiga pagar a dívida, hipoteca a sua soberania aos norte-americanos por via das instituições como FMI, sob alegadas investigações, para depois apontar falhas nos líderes dos países devedores.

Para o efeito, o mecanismo é muito simples, pois, o pobre não tem o que escolher! Os Governos dos países pobres são infestados por corruptos e gente sensível à manipulação, de modo a ser mais fácil gerir as suas mentes e, como John Perkins diz no seu livro:

My job was to encourage the World leaders to become part of the vast network that promotes US commercial interests. In the end those leaders became ensnared in a web of debt that ensures their loyalty. We can draw on them whenever we desire to satisfy our political, economic and military needs. In turn they bolster their political positions by bringing industrial parks, power plants, and airports to their people”.

Traduzido seria:

O meu trabalho era incentivar os líderes mundiais a fazerem parte de uma vasta rede que promove os interesses comerciais dos EUA. No final, esses líderes ficam comprometidos numa teia de dívidas que garantem a sua lealdade de forma incondicional. Podemos recorrer a eles sempre que desejarmos satisfazer as nossas necessidades políticas, económicas e militares. Por sua vez, eles reforçam as suas posições políticas, mobilizando financiamento para parques industriais, centrais de energia e aeroportos para o seu povo”.

É o que exactamente aconteceu nos dois mandatos do ex-Presidente Armando Emílio Guebuza. O país viu muitas e imponentes infra-estruturas a erguerem-se, como é o caso do Aeroporto de Nacala e a Ponte Maputo-Katembe, a título de exemplos.

Portanto, em países como Moçambique mercenários económicos como Jean Boustani, os chamados Economic Hitmen, criam uma “economia morta” que é um grande fardo para os povos nos países devedores. Essa economia consiste em fazer os países pobres acreditarem e assumirem “soberanamente” uma dívida para o crescimento económico, onde na realidade os devedores terão que assumir algum dinheiro que naturalmente irá parar em sectores que terão que contratar os seus serviços, providenciados por vastas redes de corporações, a exemplo da ENI, Exxom Mobil e Anadarko na bacia do Rovuma. Florescem bancos e os Governos consentem. Os políticos e governantes se tornam pessoas muito ricas ligadas aos Economic Hitmen, numa relação de pai e filho como alega Jean Boustani sobre a sua relação como o ex-Presidente Armando Emílio Guebuza.

Governos como o moçambicano são frágeis e ficam amordaçados com mensagens aterrorizantes de que lhes fazem acreditar que as suas regiões costeiras estão em perigo de ser atacadas por piratas e que o inimigo pode bem lhes ocupar. Foi exactamente o que Jean Boustani e sua escumalha fizeram ao Governo do ex-Presidente Armando Guebuza. Trouxeram projectos como Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), a Mozambique Asset Management (MAM) e a ProÍndicus. Disseram ser do interesse de Moçambique prevenir-se da pirataria marítima no Canal de Moçambique. Pressionaram a aceitar à todo o custo armamentos e projectos de protecção costeira que nunca se concretizaram. Foi uma armadilha que serviu para colocar os moçambicanos no abismo económico.

Quando não se consegue reembolsar, como é óbvio no caso das dívidas ocultas resultantes da engenharia financeira de Jean Boustani, no exercício das suas funções de Economic Hitman, as corporações vêm exigir que o Governo ofereça o seu petróleo, gás e outros recursos para companhias norte-americanas a um preço de banana, ainda que o país privatize os seus sectores estratégicos como electricidade, água, saneamento e outras instituições públicas. É disso exemplo a exigência do norte-americano Eric Prince para combater os “malfeitores” em Cabo Delgado.

É assim que grandes negócios ganharam corpo no país em torno do gás da Bacia do Rovuma e consequente guerra. O povo é que fica a sofrer. Os seus filhos são sacrificados numa guerra que ninguém sabe explicar e ninguém a reivindica. Tudo para forçar a hipoteca total dos recursos naturais abundantes no país aos interesses norte-americanos. Tudo isto Jean Boustani e companhia bem sabiam e estava no seu domínio o que estavam a fazer e para que fins.

O dinheiro que foi desviado por pessoas que estiveram em frente dos projectos mafiosos “não era” dos moçambicanos, mas sim dos investidores. E não é possível que isso passasse despercebido para instituições financeiras como a Credit Suisse. Alguns montantes estavam sendo recebidos nas contas singulares em Dubai ou Abu Dabhi nos Emirados Árabes Unidos (EAU). Se o dinheiro era destinado aos projectos de “Um Estado”, por que motivos milhões de dólares foram parar nas contas de singulares no Médio Oriente!

Estes senhores, na sua qualidade de Economic Hitmen, usaram todos os meios para desorganizar nações inteiras e torná-las seus escravos de forma perpétua. Desta vez coube a Moçambique. O objectivo desejado continua em marcha. Cresce a animosidade entre os moçambicanos em relação aos seus líderes. Exige-se a prisão e deportação de Armando Guebuza para os EUA, a sociedade civil moçambicana foi a África do Sul advogar a favor da extradição de Manuel Chang para os EUA. Há quem já exige um processo de impeachment contra o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, porque foi citado por Jean Boustani como sendo o New Man.

Compatriotas, o nosso Presidente foi simplesmente mencionado como um dos supostos receptores do valor em causa e não é quem endividou o país. Precisamos de mudar o discurso de que “roubaram o nosso dinheiro”. Que dinheiro e em que banco nacional tal dinheiro estava depositado e foi roubado! É dinheiro dos investidores norte-americanos que bem sabiam o que estavam a fazer com ele.

Se há que acusar aos moçambicanos, ora presos e outros ainda em liberdade, é por serem traidores da Pátria, por se terem aliado ao inimigo para defraudar o Povo moçambicano. Para isso, até violaram a Constituição da República e demais leis.

Comentários

Mensagens populares deste blogue