ROSÁRIO
FERNANDES
O
exemplo de Integridade
RM
Kuyeri, 11 de Setembro de 2019
Há
pessoas que valem pelo que realmente são e outras por aquilo que
aparentam ser. Rosário Fernandes é um cidadão moçambicano que
vale pelo que é e devia ser o exemplo a ser seguido por todos os
servidores públicos em Moçambique, pela sua verticalidade e
integridade.
O
ex-Presidente do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), Rosário
Fernandes, é um exímio funcionário público sénior, desde que se
revelou personalidade pública a frente da Autoridade Tributária de
Moçambique (ATM) e não se rendeu às atribulações dos sectores
mais radicais que o combateram, por defender a necessidade de
institucionalização do Fundo Soberano a partir de Royalties
dos contratos de concessão da exploração do gás natural da Bacia
do Rovuma em Cabo Delgado.
Na
sua passagem pela ATM, Rosário Fernandes deixou estima e
consideração ao nível dos funcionários a todos os níveis, por
ter sido o autor material da actual tabela salarial competitiva que
vigora na ATM. Paradoxalmente, ele próprio não se atribuiu salário
nem fixou o seu salário, como nem levou consigo da ATM as benesses
que muitos outros augurariam levar consigo.
Há
quem diga que a sua saída da ATM se deveu ao facto de ter sido
considerado empecilho de uma classe que se considera dona do Estado
moçambicano e, chegado ao INE, Rosário Fernandes renunciou algumas
das regalias decorrentes da sua nomeação através do Decreto
Presidencial. Não só porque as achou excessivas, como, sobretudo,
porque entendeu não fazer muito sentido aceitar essa prerrogativa
legal que se contrapõe ao irrisório salário dos demais
funcionários daquela instituição.
Verdade
ou não, mas a sua postura e personalidade não deixam dúvidas de
que Rosário Fernandes seja capaz de tomar tal atitude. Trata-se de
uma atitude considerada tão ousada por tantos outros que olham nas
suas posições no aparelho do Estado como oportunidades sobernas de
construírem seus próprios impérios a custa do bolso do pacato
cidadão. Estes são autênticos percevejos no corpo do cidadão
comum que trabalha no duro para prover de cama e mesa à sua família
e ainda carrega o fardo dos pesados impostos apagar.
Enquanto
isso, cidadãos há de sangue azul que nada mais sabem do que dormir
na “Casa do Povo”, lá na Av. 24 de Julho. Se não estão a
dormir, abrem a boca para proferir impropérios e merecerem chorudos
salários e benesses, incluindo reforma por inteiro a custa do Estado
por apenas um mandato de cinco anos e são isentos de todos os
impostos. Depois dizem-se representantes do povo!
Rosário
Fernandes tem uma dimensão excepcional como ser humano e funcionário
público. Quando viu a sua personalidade posta em causa no INE, por
motivos que não lhe dizem respeito, pediu a sua exoneração. É
como no boxe, onde quando a batalha é nos demasiadamente dura, o
treinador atira a toalha ao chão para salvar o atleta no ring.
O ilustre cidadão Rosário Fernandes atirou a toalha ao chão para
salvar a dignidade institucional do INE e dos seus funcionários ou
colaboradores e parceiros.
Quando
a exoneração lhe foi concedida, encontrava-se na Vila de Gondola,
Província de Manica, a presidir uma reunião nacional e decidiu
voltar para Maputo às próprias custas via terrestre, porque assumiu
que já não era Presidente do INE, pelo que assumiu que todos os
seus privilégios como tal tinham cessado automaticamente. Assumiu
isso de consciência pura e sem ressentimentos. Ele é um homem
inabalável.
Dado
o seu carácter didáctico para com os seus colegas, subordinados e
colaboradores, Rosário Fernandes explicou de imediato as razões
pelas quais tomara aquela decisão: Foi para que o dinheiro de
passagem área cotado para o seu regresso a Maputo, fosse devolvido
para os cofres do Estado por via da Conta Única do Tesouro.
Que
outro dirigente na história de Moçambique independente teve este
nobre gesto de servidor público que sabe diferenciar privilégios
decorrentes do cargo com os seus direitos de funcionário público!
Não
só, diz que Rosário Fernandes bastas vezes orientou os seus
subordinados para a compra de bilhetes na classe económica nas suas
viagem em serviço, ainda que tivesse direito de viajar na classe
executiva, porque tem consciência de servir o Estado e não de se
servir do Estado.
Por
isso, para mim, não há dúvidas de que este exemplo de probidade
pública do compatriota Rosário Fernandes deixa um legado na
história dos dirigentes moçambicanos aos vários níveis, em
especial para os seus colaboradores, se é que disso tiveram um bom
aprendizado.
Estou
em crer que esta façanha de Rosário Fernandes, se fosse para mais
além das nossas fronteiras, nos outros quadrantes do mundo como na
Europa, já teria inundado manchetes de muitos jornais com maior
circulação no mundo.
Mas,
se calhar, são poucos que sabem desta exímia personalidade
moçambicana, incluindo os escribas da praça. É com muita pena que
este nobre lado de Rosário Fernandes, no que tange à sua rectidão,
integridade e o mais altos sentido de probidade ao serviço do
Estado, não vingue em muitos de nós.
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