ACONTECEU EM CUBA
RM Kuyeri, 06 de Junho de 2018

A República de Cuba, é um país insular localizado no Caribe ou mar das Caraíbas, na América Central e no sub-continente da América conhecido por Caribe.

Não existe consenso quanto à origem do nome cuba. Entre as diferentes versões, há duas que se destacam: a primeira diz que a palavra deriva dos termos taínos cubao, que significa onde a terra fértil abunda, ou coabana, que se traduziria como lugar amplo. A outra versão diz que deriva da contração de duas palavras aruaques: coa (lugar, terra, terreno) e bana (grande). Circula igualmente a teoria de que Cristóvão Colombo possa ter nascido em Cuba, uma vila portuguesa no Alentejo, e esta ser a origem do nome da ilha após a sua descoberta por Cristóvão Colombo.

Cuba é um arquipélago que consiste em várias ilhas menores, sendo a maior e principal a de Cuba, seguida da Ilha de Pinheiros que passou a chamar-se Ilha da Juventude em virtude de muitos jovens estudantes africanos terem acorrido àquela ilha para a sua formação técnico-académica no âmbito do espírito de solidariedade internacional do povo cubano, promovido pelo Comandante-Chefe Fidel Castro Ruz, de entre os quais muitos moçambicanos, angolanos, etíopes, zimbabweanos.

Havana é a maior cidade de Cuba e a capital do país, sendo Santiago de Cuba a segunda maior cidade.

A norte de Cuba localizam-se os Estados Unidos da América (EUA) e as Bahamas, a oeste está o México, ao sul estão as Ilhas Cayman e a Jamaica, enquanto a sudeste estão situados a Ilha de Navassa e o Haiti. A Base Naval dos EUA em Guantánamo está situada na ilha principal, Cuba.

Cuba é uma República socialista, organizada segundo o modelo marxista-leninista de regime de partido único, sem eleições directas para cargos executivos e Fidel Castro foi o Primeiro-Secretário do Comité Central do Partido Comunista de Cuba (PCC) e o Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros ou Presidente da República. Ele governou o país desde 1959 como Chefe de Governo e, a partir de 1976, também como Chefe de Estado e Comandante-Chefe das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), quem organizou e liderou a insurgência armada revolucionária contra o regime de Fulgêncio Baptista até a vitória.

Fidel Castro afastou-se do poder a 01 de Agosto de 2006, devidos a problemas de saúde, tendo sido substituído pelo seu irmão, Raúl Castro, que assumiu interinamente as funções de Secretário-Geral do PCC, Comandante-Chefe das FAR e Presidente do Conselho de Estado até 19 de Fevereiro de 2008, quando Fidel Castro renunciou oficialmente o poder. Na sequência disso, Raúl Castro teve que ser eleito novo Presidente de Cuba no dia 24 de Fevereiro de 2008 como candidato único, mantendo-se no cargo até abril de 2018, quando foi sucedido por Miguel Díaz-Canel, o Primeiro Chefe do Executivo da ilha que não faz parte da família Castro em quase 60 anos.

Desde a vitória da revolução cubana dirigida por Fidel Castro, a política dos EUA para com Cuba é permeada por grandes conflitos de interesses que remontam desde o Governo de Thomas Jefferson, na primeira década do século XIX. As relações conflituosas aprofundaram-se com a Revolução Cubana de 1959, em que os revolucionários, encabeçados por Fidel Castro Ruz, promoveram reformas estatais de cunho socialista que desagradam aos EUA, desde o contexto da Guerra Fria, segundo refere Moniz Bandeira (1998, p. 14).

A Revolução Cubana de 1959, liderada por Fidel Castro, teve apoio generalizado, até das pessoas que não eram ideologicamente esquerdistas, pois muitos acreditaram nos princípios revolucionários de soberania popular plasmados no Manifiesto de Montecristi. A 01 de Dezembro de 1961, Fidel Castro declarou-se oficialmente marxista-leninista e estabeleceu acordos de cooperação com a União Soviética, então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Fundamentando o seu alinhamento com a URSS, Fidel Castro disse o seguinte a Louis Wiznitzer, enviado especial da GLOBO a Havana, em entrevista publicada a 24 de Março de 1960: “Eu tinha a maior vontade de entender-me com os EUA. Até fui lá, falei, expliquei sobre os nossos objetivos. (...) Mas os bombardeios de aviões norte-americanos contra as nossas fazendas açucareiras, as nossas cidades; as ameaças de invasão por tropas mercenárias e a ameaça de sanções económicas, constituem agressões à nossa soberania nacional e ao nosso povo”.

Para garantir a defesa da soberania cubana contra os EUA, Fidel Castro foi buscar apoio do líder soviético na época, Nikita Khrushchov, com quem iniciou conversações a 06 de Fevereiro de 1960, estabelecendo relações diplomáticas formais com a URSS a 08 de Maio desse mesmo ano. A URSS se comprometeu a adquirir cinco milhões de toneladas de açúcar produzidas em Cuba para facilitar a aquisição de combustíveis e cereais, prover crédito e passou a dar cobertura militar à defesa da ilha, por um lado.

Por outro lado, a 17 de Março de 1960, o Presidente Dwight Eisenhower havia aprovado oficialmente e divulgado publicamente um “Plano anti-Castro” de embargos comerciais ao livre comércio do açúcar cubano e à importação de combustíveis e armamentos, combinado com uma campanha de “Propaganda anti-Castro”. O plano de Eisenhower incluía incentivos para os exilados cubanos de Miami tentarem derrubar o novo regime cubano através de acções terroristas.

Na sua campanha presidencial John Kennedy acusou as políticas de Richard Nixon e Dwight Eisenhower de “negligência e indiferença”, por terem corroborado para que Cuba entrasse na “cortina de ferro”, isso é, se aliasse a URSS. Provavelmente este tenha sido uma das rasões que levou ao seu assassinato, porque John Kennedy não concordava com o embargo contra Cuba. Depois de John Kennedy, apenas Barack Obama pretendeu resolver as diferenças entre Cuba e os EUA. Mas, com a eleição de Donald Trump, a situação parece ter voltado a estaca zero, não obstante as reformas político-administrativas imprimidas em Cuba por Raúl Castro.

Quando Raúl Castro substituiu ao seu irmão Fidel Castro prometeu “eliminar uma série de interdições” na ilha, mas não deixou de reconhecer o histórico legado do seu irmão, que ficou mais de 49 anos no poder. Na altura, Raúl Castro disse no seu discurso de tomada de posse: “Nas próximas semanas, começaremos a eliminar as interdições mais simples, já que muitas delas tiveram como objectivo evitar o surgimento de novas desigualdades num momento de escassez generalizada”.

Em Março de 2008 Raúl Castro liberalizou a venda de computadores pessoais (PC's) e DVDs em Cuba. A venda de telefones celulares e televisores a cidadãos comuns também foi liberalizda. No final de Abril, Raul Castro convocou o Congresso do PCC para o segundo semestre de 2009, para redefinir novos eixos políticos e económicos do país. O VI Congresso do PCC ocorreu quando estavam decorrido 11 anos desde o V Congresso do PCC. Este congresso marcou uma viragem progressiva no sentido de desanuviamento de relações com os EUA, devido principalmente à abertura do Presidente Barack Obama.

Voltando para a história, referir que em 1492 Cristóvão Colombo é tido como ter descoberto a Ilha de Cuba. A pergunta, que pode parecer caricata, é: Será que, na altura, a ilha estava coberta? Coberta de quê e por quem? Na verdade, Cristóvão Colombo, como tantos outros tidos descobridores, nada descobriram. Cristóvão Colombo apenas chegou a Cuba e reivindicou a ilha a favor do Reino de Espanha, tendo Cuba permanecido como território da Espanha até à Guerra Hispano-Americana, que terminou em 1898, sendo reconhecida como um país independente pela maioria dos países no início do século XX. Entre 1953 e 1959 ocorreu a Revolução Cubana, que removeu a ditadura de Fulgêncio Baptista e instituiu-se o regime socialista de partido único, sob liderança dos irmãos Castro: Fidel Castro como Presidente e Raúl Castro como Ministro da Defesa e depois Presidente da República.

Cuba é uma nação de mais de 11 milhões de pessoas e é a mais populosa do Caribe. O seu povo, sua cultura e seus costumes foram formados a partir de diversas origens, tais como os povos índios tainos e ciboneys. No período em que foi colónia do Império Espanhol foram levados para a ilha muitos escravos africanos que se miscigenaram com os povos nativos. Politicamente, Cuba é um país socialista. Na actualidade, em todo o mundo, apenas Cuba, China, Laos, Vietname e Coreia do Norte continuam sendo países de regime socialista, embora parte da China, nomeadamente Macau, Hong Kong e “Taiwan” observam a combinação de regimes socilaista e capitalista.

Cuba tem uma taxa de alfabetização recorde de 99,8%, uma taxa de mortalidade infantil muito inferior, até mesmo comparado à de alguns países desenvolvidos, e uma expectativa de vida média de 79,39, segundo dados estatísticos mundiais de 2014. Em 2006, Cuba foi a única nação no mundo que recebeu a definição do World Wide Fund for Nature (Fundo Mundial para a Natureza - WWF) de país de desenvolvimento sustentável, por ter menos de 1.8 hectares per capita da quantidade de terra e água (medida em hectares) que seria necessária para sustentar as gerações actuais, tendo em conta todos os recursos materiais e energéticos gastos por uma determinada população, e com um Índice de Desenvolvimento Humano de mais de 0.8 em 2007.

A actual população de Cuba é constituída principalmente por povos ameríndios, conhecidos como taínos, também chamados de aruaques pelos espanhóis, e guanajatabeis e ciboneys antes da chegada dos espanhóis. Os antepassados desses nativos, conhecidos por índios, migraram séculos antes da parte continental da Américas do Sul, Central e do Norte. Os nativos taínos chamavam a ilha de Caobana e eram povos agricultores e caçadores, ao passo que os ciboneis eram pescadores e caçadores e os guanatabeyes eram recolectores.

Cuba foi conhecida pelos europeus após a chegada de Cristóvão Colombo à ilha em 1492 e a batizou Ilha de Juana, em homenagem a um dos filhos do rei da Espanha. No entanto, o nome não vingou e o local ficou conhecido pelo nome nativo. Cristóvão Colombo morreu acreditando que Cuba fosse uma península do continente americano. A condição insular de Cuba foi esclarecida somente com as explorações de Sebastián de Ocampo, que deu a volta completa à ilha em 1509, verificando a existência de nativos pacíficos e áreas para cultivar e aportar. A ocupação da ilha foi um dos primeiros passos para a colonização do continente pela Espanha.

Em 1510 Diego Velázquez desembarcou na ilha e fundou a vila de Baracoa. No mesmo ano a Espanha estabeleceu a Capitania-Geral de Cuba, a primeira administração da região, que englobava, além do actual território de Cuba, a Flórida e a Luisiana espanhola. Diego Velázquez foi Governador da região até à sua morte, em 1524. Depois de Velázquez, chegaram a Cuba Pánfilo de Narváez e Juan de Grijalva, que não encontraram resistência dos povos indígenas. Ambos fundaram várias vilas, como San Cristóbal de Habana e, posteriormente, as de Puerto Príncipe (hoje Camaguey) e Santiago de Cuba, que foi a primeira capital de Cuba.

Durante a colonização, a Espanha investiu em monoculturas de rendimento como açúcar e tabaco, utilizando o sistema de plantio que, no início, contava com a mão-de-obra escrava indígena. Cerca de trinta anos depois da chegada dos espanhóis, a população indígena já havia reduzido de 120 mil para algumas centenas, devido a vários factores, tais como doenças, maus tratos e extermínio em massa protagonizada pelos colonos espanhóis. Com a redução da população indígena, a mão-de-obra começou a ficar escassa. Por isso Diego Velázquez, que havia dado início à exploração de minas, começou a substituir os nativos por escravos trazidos de África, tendo o mesmo ocorrido noutras colónias espanholas e portuguesas.

De maneira geral, os escravos africanos compunham uma pequena parte da população cubana, que continuou predominantemente de origem mestiça índio-europeia, em razão da constante chegada de colonos espanhóis, sobretudo das Ilhas Canárias. A situação se modificou na segunda metade do século XVIII, quando cresceu rapidamente o número de escravos africanos levados para Cuba, facto que mudou dramaticamente a composição étnica da ilha. De acordo com estimativas, cerca de 700 mil africanos foram levados para a ilha durante todo o período do tráfico, embora outra fonte estime o número em mais de 1.3 milhão de pessoas. Os escravos vinham sobretudo do Oeste e do Sudeste da África. Para lá foram levados escravos moçambicanos e angolanos comercializados pelos portugueses aos espanhois.

No século XIX, a imigração da Espanha, sobretudo das Canárias, se intensificou, na tentativa de “branquear” o país, pois as classes dirigentes temiam que, com a crescente presença africana na ilha, a sua raça desaparecesse. Por isso, além dos europeus, houve muitos imigrantes asiáticos, sobretudo de Bengala e do sul da China, trazidos para substituírem os escravos africanos quando o tráfico negreiro tornou-se ilegal. Cerca de 125 mil chineses entraram em Cuba para trabalharem em condições de semi-escravidão em meados do século XIX.

Por isso, a actual população cubana é, portanto, diversificada e heterogênea. Um estudo genético mostra que houve uma intensa miscigenação de homens europeus com mulheres africanas e, menos frequente, com indígenas, na constituição da população cubana. Historicamente, na região oeste do país a ancestralidade africana é mais forte, nas áreas centrais a europeia mais forte e no leste há um equilíbrio entre ambas. Um outro estudo genético dividiu os habitantes de Havana em três grupos: mulatos, descendentes de espanhóis e descendentes de africanos. Os mulatos representaram 57-59% de ancestralidade europeia e 41-43% de ancestralidade africana. Os descendentes de espanhóis apresentaram 85% de ancestralidade europeia e os descendentes de africanos 74-76% da contribuição africana. Nenhuma contribuição indígena foi detectada, o que significa que os europeus exterminaram os índios em Cuba.

Mas um outro estudo genético mais recente, datado de 2014, revelou que a ancestralidade total em Cuba é a seguinte: 72% de contribuição europeia, 20% de contribuição africana e 8% de contribuição indígena. Isto deixa muitas faixas de penumbra quanto ao real equilíbrio de miscigenação na população cubana, onde são marcantes traços africanos e alguns traços índios.

Portanto, a imigração e a emigração têm desempenhado um papel proeminente no perfil demográfico de Cuba. Durante os séculos XVIII, XIX e na primeira parte do século XX, grandes ondas populacionais das Canárias, Catalunha, Andaluzia, Galiza, Espanha e outros lugares imigraram para Cuba. Entre 1900 e 1930 quase um milhão de espanhóis deixaram Espanha para Cuba. Outros imigrantes estrangeiros foram os franceses, portugueses, italianos, russos, holandeses, gregos, britânicos, irlandeses e outros grupos étnicos, incluindo um pequeno número de descendentes de cidadãos dos EUA que chegaram a Cuba no final do século XIX e início do século XX.

Cuba tem assim um número considerável de povos asiáticos, que representam 1% da população. Eles são principalmente de origem chinesa, seguido por filipinos, coreanos e vietnamitas. Eles são descendentes de trabalhadores rurais trazidos para a ilha pelos empreiteiros espanhóis e norte-americanos durante os séculos XIX e XX. Os afro-cubanos são descendentes principalmente de povos do Congo,] bem como de vários milhares de norte-africanos refugiados, sobretudo os árabes saaráuis, do Saara Ocidental sob a ocupação marroquina desde 1976.

Os primeiros movimentos a favor da independência da ilha datam do século XVIII, quando a Espanha exigiu monopólio na comercialização do tabaco cubano, em razão da valorização deste no mercado internacional. Os produtores de tabaco, conhecidos como vergueiros, se revoltaram, num movimento conhecido como Insurreição dos Vergueiros. No século seguinte houve outros movimentos pró-independência, influenciados por movimentos semelhantes de outras colónias. Todos foram contidos pela administração colonial cubana, que não conseguia conciliar os interesses da elite local com os da Coroa Espanhola.

A luta armada começou de facto a 10 de Outubro de 1868, num movimento denominado Grito de Yara. O advogado Carlos Manuel de Céspedes, em 1868, organizou um movimento denominado “República em Armas”. Essa revolta contou com o apoio de várias nações americanas e dos EUA, mas a Espanha continuou o seu domínio sobre a ilha. Posteriormente foi organizado outro movimento, liderado por Antonio Maceo, Guillermón Moncada, Máximo Gomes e José Martí, sendo que esse último é até hoje considerado um dos heróis da independência cubana. A táctica dos guerrilheiros foi ocupar faixas do litoral e alguns pontos considerados estratégicos. A Espanha tomou a iniciativa e realizou o que foi denominado reconcentración, que consistia em deixar famílias camponesas isoladas em campos de concentração.

As lutas se estenderam até a intervenção dos EUA durante a Guerra de Independência Cubana, em 1898, facto considerado o estopim da Guerra Hispano-Americana. Com a derrota na guerra, em 10 de Dezembro de 1898, a Espanha teve de reconhecer a independência de Cuba, além de ceder Porto Rico aos EUA, através da assinatura do Tratado de Paris. Entretanto, os EUA passaram a ter grande influência sobre o novo país, que foi governado durante quatro anos por uma junta militar que defendia os interesses norte-americanos.

No dia 20 de Maio de 1902, foi proclamada a República em Cuba, mas o governo norte-americano tinha convencido, em 1901, a Assembleia Constituinte cubana a incorporar um apêndice à Constituição da República, a chamada Emenda Platt, através da qual se concedia aos EUA o direito de intervir nos assuntos internos da nova República, negando à ilha, bem como à vizinha ilha de Porto Rico, a condição jurídica de nação soberana, o que limitou a sua soberania e independência por 58 anos. Assim sendo, Cuba manteve, mesmo após a independência, estrutura económica similar àquela dos tempos coloniais, baseada na exportação de açúcar.

De 1934 a 1959, Fulgêncio Baptista foi o dirigente de facto de Cuba, ocupando a Presidência de 1940 a 1944 e de 1952 a 1959. A presidência de Fulgêncio Baptista impôs enormes regulações à economia, o que trouxe grandes problemas para a população. O desemprego se tornava num grave problema, na medida em que os jovens que entravam no mercado de trabalho não conseguiam encontrar uma função para exercer. A classe média, cada vez mais insatisfeita com a queda no nível de qualidade de vida, se opôs cada vez mais a Fulgêncio Baptista.

Ainda durante essa época, Cuba se transformou numa espécie de “ilha dos prazeres” dos turistas norte-americanos. Aproveitando o agradável clima tropical e a beleza das suas paisagens e praias naturais, foi construída toda uma infra-estrutura voltada para os visitantes estrangeiros. Nesse cenário, misturavam-se a corrupção governamental com os jogos de cassinos, uso indiscriminado de drogas e incentivo à prostituição. Assim, na época Cuba era o país da América Latina com o maior consumo per capita de carnes, vegetais, cereais, automóveis, telefones e rádios, apesar de todos estes bens estarem concentrados nas mãos de uma pequena elite e de investidores estrangeiros.

Reagindo a essa situação de desigualdade, um grupo de guerrilheiros comandado por Fidel Castro começou a lutar contra o governo cubano em 1956. Após dois anos de combate, a guerrilha havia conquistado a simpatia popular. A 01 de Janeiro de 1959, as forças revolucionárias conseguiram derrubar o Governo de Fulgêncio Baptista. Após a tomada do poder, a revolução tomou rumos socialistas, como já nos referimos. Cresceram, então, os conflitos entre o novo Governo e os interesses norte-americanos.

Em 1961, uma força militar treinada e financiada pelo governo de John F. Kennedy, composta por exilados cubanos, tentou invadir o país através da Baía dos Porcos. No ano seguinte, Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA) graças à influência dos EUA, sendo readmitida 47 anos depois. No mesmo ano, o Governo norte-americano impôs embargo económico que perdura até os dias de hoje. Os graves conflitos de interesse entre Cuba e EUA acabaram forçando a aproximação do governo cubano com a União Soviética. Em 1962, Cuba permitiu a instalação, no seu território, de mísseis nucleares soviéticos. John Kennedy reagiu duramente à estratégia militar soviética, considerando-a uma perigosa ameaça à segurança nacional norte-americana. Ocorreu então o episódio que ficaria conhecido como crise dos mísseis cubanos.

Numa verdadeira mobilização de guerra, os EUA impuseram um poderoso bloqueio naval à ilha de Cuba, forçando os soviéticos a desistirem dos planos de instalação dos mísseis no continente americano. A crise dos mísseis nucleares soviéticos em Cuba é reconhecida como um dos momentos mais dramáticos da Guerra Fria. Mesmo assim, após quase 53 anos de Governo de Fidel Castro, Cuba conheceu os seus melhores êxitos no campo social, tendo conseguido eliminar o analfabetismo, implementou um sistema de saúde pública universal gratuito, diminuiu significativamente as taxas de mortalidade infantil e reduziu o índice de desemprego.

No campo político, Cuba continua com o sistema de partido único que é apontado pelo Ocidente como um sistema ditatorial, apesar de que, no país, são realizadas dois tipos de eleições, as parciais, a cada dois anos e meio, para eleger delegados, e as gerais, a cada cinco anos, para eleger os deputados nacionais e integrantes das assembleias provinciais.

Até o final da década de 1960, todos os jornais de oposição haviam sido banidos e toda informação foi posta sob rígido controlo estatal até aos dias de hoje. Num único ano, cerca de 20 mil dissidentes políticos eram presos por desenvolver subversão contra o sistema a mando e financiamento dos EUA. Estimativas indicam que cerca de 15 a 17 mil cubanos tenham sido executados neste período. Os homossexuais, religiosos e outros grupos considerados subversivos foram mandados para campos de re-educação nos moldes que o Estado considera correcto.

Apesar do sucesso nas áreas de saúde, igualdade social, educação e pesquisa científica, o regime cubano é acusado, pelos EUA e pelo Ocidente no geral, de fracassado no campo das liberdades individuais e no campo económico, devido ao bloqueio imposto pelos EUA, o que não permitiu que Cuba diversificasse a agricultura, muito menos estimulasse a industrialização. A economia cubana continua dependente da exportação de açúcar e de tabaco. Às alegadas deficiências do regime, soma-se o embargo global imposto pelos EUA, que utilizam a sua influência política no mundo para impedir que países e empresas mantenham negócios com Cuba.

Com a dissolução da União Soviética em 1991, a situação económica de Cuba tornou-se extremamente delicada, uma vez que os principais laços comerciais do país eram mantidos com o regime soviético, que comprava 60% do açúcar e fornecia a Cuba combustíveis e manufacturas. Neste cenário de crise, o Governo de Fidel Castro flexibilizou a economia, permitindo, dentro da estrutura socialista, a abertura para actividades capitalistas. A principal delas foi a liberalização do sector de turismo, que não só deu uma injeção de capital ao país, como também gerou grandes problemas, como o aparecimento de casos de HIV/SIDA, devido à alta avtividade de prostituição.

A 24 de Fevereiro de 2008, com a renúncia de Fidel Castro do poder, devido ao seu estado de saúde, o seu irmão Raúl Castro assumiu o comando da ilha prometendo algumas reformas económicas, para incentivar mais investimentos estrangeiros e imprimir algumas mudanças estruturais para que o país produzisse mais alimentos e reduzisse a dependência das importações.

Apesar dos alegados fracassos, os sucessos da Revolução Cubana são inquestionáveis e considerados um capítulo importante da história da América Latina, por constituir o primeiro e único Estado socialista do continente americano. Actualmente Cuba é o único país socialista do Ocidente e um dos poucos no mundo, a par da China, da Coreia do Norte, do Vietname e do Laos no extremo Oriente.

Afinal, ao longo da sua história, o que foi que aconteceu em CUBA?

Por mais caricato que possa parecer, muito de positivo Cuba teve da sua história, sendo de destacar os seguintes feitos:

1.    Cuba foi a primeira nação da América latina que utilizou máquinas e barcos a vapor ainda em 1829.

2.    Cuba foi a primeira nação da América Latina e a terceira no mundo, a seguir a Inglaterra e os EUA, a ter uma ferrovia em 1837.

3.    Foi um cubano quem primeiro aplicou a anestesia com éter na América Latina em 1847.

4.    A primeira demonstração, a nível mundial, de uma indústria movida a electricidade foi em Havana, a capital de Cuba, em 1877.

5.    Em 1881, foi um médico cubano, Carlos J. Finlay, que descobriu o agente transmissor da febre-amarela e definiu a sua prevenção e tratamento.

6.    O primeiro sistema eléctrico de iluminação em toda a América Latina e Espanha foi instalado em Cuba, em 1889.

7.    Entre 1825 e 1897, 60 a 75% de toda a renda bruta que a Espanha recebeu do exterior foi produzida em Cuba.

8.    Antes do final do Século XVIII, Cuba aboliu as touradas por considerá-las “impopulares, sanguinárias e abusivas para com os animais”.

9.    O primeiro “carro eléctrico” que circulou na América Latina foi em Havana, em 1900.

10. No mesmo ano de 1900, antes de ser em qualquer outro país na América Latina, foi a Havana que chegou o primeiro automóvel.

11. A primeira cidade do mundo a ter telefones com ligação directa, sem necessidade de um telefonista, foi Havana, em 1906.

12. Em 1907, foi estreado em Havana o primeiro aparelho de Raios-X de toda a América Latina.

13. A 19 Maio de 1913 quem realizou o primeiro vôo em toda a América Latina foram os cubanos Agustin Parla e Rosillo Domingo, entre Cuba e Key West, com a duração de uma hora e quarenta minutos.

14. O primeiro país da América Latina a conceder o divórcio formal foi Cuba, em 1918.

15. O primeiro latino-americano a ganhar um campeonato mundial de xadrez foi o cubano José Raúl Capablanca. Ele venceu todos os campeonatos mundiais de 1921 a 1927.

16. Em 1922, Cuba foi o segundo país no mundo a abrir uma estação de rádio e o primeiro país do mundo a transmitir um concerto de música e a produzir notíciários radiofónicos. A proesa foi a consagração de uma estação específica dedicada ao noticiário e anúncio de horas, denominada Rádio Relógio.

17. A primeira locutora de rádio do mundo foi uma cubana, chamada Esther Perea de la Torre.

18. Em 1928, Cuba tinha 61 estações de rádio, 43 delas em Havana, ocupando o quarto lugar no mundo, depois dos EUA, Canadá e União Soviética.

19. Cuba foi o primeiro país no mundo em número de estações por população e área territorial.

20. Em 1937, Cuba foi o primeiro país de toda a América Latina a decretar a jornada de trabalho de 8 horas, salário mínimo e a autonomia universitária.

21. Em 1940, Cuba foi o primeiro país da América Latina a ter um Presidente da raça negra, Fulgêncio Baptista, eleito por sufrágio universal por maioria absoluta, quando a maioria da população era branca, 68 anos muito antes dos EUA.

22. Em 1940, Cuba aprovou uma das mais avançadas e progressitas Constituições do mundo. Na América Latina foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres, igualdade de direitos entre os sexos e raças, bem como o direito das mulheres ao trabalho.

23. O movimento feminista na América Latina apareceu pela primeira vez no final dos anos trinta em Cuba, antecipando-se à Espanha em 36 anos, que só veio a conceder às mulheres espanholas o direito de voto, a posse dos seus filhos, bem como ao poder de tirar passaporte ou ter o direito de abrir uma conta bancária sem autorização do marido, depois de 1976, quando Moçambique já era independente.

24. Em 1942, um cubano tornou-se o primeiro Director Musical latino-americano de uma produção cinematográfica mundial e também o primeiro a receber indicação para o Óscar. O seu era Ernesto Lecuona.

25. O segundo país do mundo a emitir uma transmissão pela televisão (TV) foi Cuba em 1950. As maiores estrelas de toda a América se deslocavam para Havana para actuarem nos seus canais de televisão.

26. O primeiro hotel a ter ar-condicionado (AC) em todo o mundo foi construído em Havana em 1951 e chama-se Hotel Riviera.

27. O primeiro prédio construído em betão armado em 1952 em todo o mundo foi em Havana e chama-se Focsa.

28. Em 1954, Cuba tinha uma cabeça de gado por cada habitante e o país ocupava a terceira posição em termos de consumo de carne bovina per capita na América Latina, a seguir a Argentina e Uruguai.

29. Em 1955, Cuba foi o segundo país na América Latina com a menor taxa de mortalidade infantil, na ordem de 33.4 por mil nascimentos.

30. Em 1956, a ONU reconheceu Cuba como o segundo país na América Latina com as menores taxas de analfabetismo, com apenas 23.6% de analfabetos, numa altura em que as taxas do Haiti eram de 90% e as da Espanha, El Salvador, Bolívia, Venezuela, Brasil, Peru, Guatemala e República Dominicana eram de 50%.

31. Em 1957, a ONU reconheceu Cuba como o melhor país da América Latina em número de médicos por habitantes, na ordem de um médico por 957 habitantes.

32. No mesmo ano, Cuba era o país com a maior percentagem de casas com energia eléctrica, depois do Uruguai, e com o maior número de calorias ingeridas per capita, na ordem de 2.870.

33. Em 1958, Cuba era o segundo país do mundo a emitir uma transmissão de televisão a cores.

34. No mesmo ano, Cuba era o país da América Latina com maior número de automóveis, na ordem de 160 mil, à razão de um automóvel para cada 38 habitantes.

35. Ainda neste mesmo ano, Cuba era o país com mais eletrodomésticos por mil habitantes e o país com o maior número de quilómetros de ferrovias por Km² e o segundo no número total de aparelhos de rádio.

36. Ao longo dos anos cinquenta, Cuba detinha o segundo e terceiro lugar em internamentos hospitalares per capita na América Latina, superando a Itália e com mais do que o dobro em relação a Espanha.

37. No mesmo ano de 1958, apesar da sua pequena extensão e possuindo apenas 6.5 milhões de habitantes, Cuba era a 29ª economia do mundo.

38. Em 1959, Havana era a cidade do mundo com o maior número de salas de cinema, na ordem 358 salas, superando Nova Iorque e Paris, que ocupavam o segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Este é o legado que a Revolução cubana tinha quando alcançou a sua vitória, apesar de Cuba hoje ser um dos países com índices de posse de computador que estão entre as mais baixas do mundo. O direito de utilizar a internet é monitorado e só é concedido a quem contrata os serviços do Governo cubano. Ademais, para ter acesso à internet, é necessário pagar uma taxa específica em pontos fixos de acesso denominados lan-houses. Hoje, os usuários podem contratar o serviço de internet pagando pacotes que duram 30 dias ou que são permanentes, fazendo um cadastro com um nome de usuário, senha e e-mail internacional.

Em 2011 Cuba chegou a combater as redes sem fio. Na época, o país acusou os EUA de estarem a financiar redes sociais clandestinas para fins subversivos e muitas pessoas foram detidas por instalar, sem autorização, pontos de acesso sem fio, porque usavam equipamentos roubados ou levados de forma ilegal para Cuba. Segundo o site Misceláneas de Cuba, ainda hoje existem essas conexões clandestinas que são instaladas pelos próprios cubanos ou por estudantes estrangeiros e que possuem acesso legal à internet, mas estas conexões ilegais chegam a custar muito caras em multas e estão sujeitas a prisão.

O facto é que, desde 1993, Cuba vem conhecendo grandes progressos na área de biotecnologia, tendo obtido o registo de patentes e direitos de sua exploração comercial nos EUA. A sua vacina contra a Hepatite B é vendida em 30 países do mundo. Em 1994, o ingresso de divisas em Cuba, através da exportação de biotecnologia, alcançou a cifra de US$400 milhões e se estima que, no futuro, poderá ser a maior contribuinte do Produto Interno Bruto (PIB), superando a exportação do açúcar.

A biotecnologia cubana já gerou mais de 600 patentes em novas e inovadoras drogas como vacinas, proteínas recombinantes, anticorpos monoclonais, equipamento médico com software especial e sistemas de diagnósticos. Cerca de 60 outros produtos estão nos estágios finais de pesquisa. Cuba desenvolveu uma considerável capacidade de pesquisa científica, talvez a maior que a de qualquer outro país em desenvolvimento fora do sudeste asiático (China, Japão, Coreias, Índia). Em 2011, Cuba anunciou ter desenvolvido a primeira vacina terapêutica contra o cancro do pulmão, chamada CimaVax-EGF, que resultou de um projecto de investigação de 25 anos do Centro de Imunologia Molecular de Cuba.

Com a crise iniciada em 1989, até 2004, o país sofreu muito devido à crónica falta de electricidade por insuficiência de recursos financeiros do Estado cubano para modernizar e ampliar as suas termoeléctricas e suas linhas de transmissão, carentes de expansão para atender ao crescimento da demanda de energia eléctrica, que aumenta, em média, 7% ao ano. Os chamados apagões chegaram a durar 16 horas e foram uma constante na vida do povo cubano.

Conforme declarou em 2007 Achim Steiner, Director Executivo do Programa do Meio-Ambiente das Nações Unidas: “Cuba conseguiu resolver o seu frustrante problema de falta de energia eléctrica, sem para isso sacrificar o seu empenho de longo prazo em promover o uso de combustíveis inofensivos ao meio ambiente. (...) A rede eléctrica cubana ainda depende muito de ineficientes reactores a gás e poluentes geradores movidos a diesel, mas o Governo está tomando importantes medidas no sentido de desenvolver a energia solar e eólica, bem como a energia gerada por etanol da cana-de-açúcar”. Não obstante, no início de 2007 o Governo cubano pôs em operação 4.158 novos geradores a diesel, que custaram US$800 milhões e têm a capacidade total de gerar 711.811KW, como uma medida de emergência para reduzir os apagões.
A educação em Cuba é controlada pelo Estado e a Constituição cubana determina que o ensino fundamental, médio e superior devem ser gratuitos a todos os cidadãos cubanos e é obrigatória até o 9º ano de escolaridade. Em 1958, antes do triunfo da Revolução, apenas 23.6% da população cubana era literada e, entre a população rural, os analfabetos eram 41.7%. Em 1961 realizou-se uma campanha nacional para alfabetizar a população e Cuba tornou-se no primeiro país do mundo a erradicar o analfabetismo, segundo dados do próprio Governo. Hoje não há mais analfabetos em Cuba. Pois, segundo o The World Factbook 2007, publicado pela CIA, 99.8% da população cubana, acima de 15 anos, sabe ler e escrever.

De acordo com os resultados obtidos nos testes de avaliação de estudantes latino-americanos, conduzidos pelo painel da UNESCO, Cuba lidera, por larga margem de vantagem, nos resultados obtidos pelas terceiras e quartas séries em matemática e compreensão de linguagem, tendo o painel concluido o seguinte: “Mesmo os integrantes do quartil mais baixo dentre os estudantes cubanos se desempenharam acima da média regional”.

Em Cuba, a prestação de serviços relacionados à saúde é totalmente gratuito para todos os cidadãos nacionais, o que se espelha nos seus indicadores padrão. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, a taxa de mortalidade infantil para crianças abaixo de cinco anos de idade foi de quatro para cada mil nascidos, sendo o menor índice da América. A expectativa de vida ao nascer em Cuba é de 75 anos para os homens e de 79 para as mulheres, índice semelhante ao dos EUA, que é de 75 e 80 respectivamente. A mortalidade adulta, de 15 a 60 anos, é em Cuba de 128 para homens e de 83 para mulheres, índices superados, na América, pelo Canadá e pela Costa Rica.

Em 25 de Maio de 2011, foi anunciado na nona edição do Congresso sobre Longevidade Satisfatória, em Havana, que Cuba é o país com a maior proporção demográfica de pessoas com mais de 100 anos, superando até o Japão. Cuba conta com aproximadamente 1.551 centenários numa população de 11.2 milhões de habitantes. Esses dados mostram que quintuplicaria a proporção existente no Japão, país com maior número de centenários em termos absolutos.

Em 2006, segundo a OMS, não ocorreu em Cuba nenhum caso de difteria, sarampo, coqueluche, poliomielite, rubéola, rubéola CRS, tétano neonatal, ou febre-amarela. Uma pequena pandemia de caxumba iniciou-se em 2004 e ainda não foi controlada, até aquele ano não havia caxumba em Cuba. Houve apenas três casos de tétano comum em 2006, não relacionados a partos.

A vacinação da população cubana, segundo as estatísticas da UNICEF, desde 1980 atinge índices bastante elevados. Em 2006, 99% da população tomou a vacina BCG, 99% tomou a primeira dose da vacina tríplice DTP1, para a difteria, tétano e coqueluche, e 89% tomaram a sua terceira dose. 99% da população cubana tomou a terceira dose da vacina contra a poliomielite, 96% tomou a vacina contra sarampo e 89% contra a hepatite B. Estes resultados, obtidos na prestação de serviços de saúde ao povo cubano colocam os índices padrão internacionais de Cuba dentre os de países do primeiro mundo e são obtidos com relativamente pouco uso de recursos económicos da sua sociedade. Cuba gasta 7.7% do seu PIB em saúde, contra 15.3% dos EUA, 10% do Canadá e 7.5% do Brasil, cujo dispêndio per capita é de apenas PPP int.$674, enquanto os EUA gastam em saúde PPP int.US$6.719, o Canadá PPP int.$3.673 e o Brasil PPP int.$674 per capita. ( o PPP int.$ = Dólar internacional, que é o dólar norte-americano ajustado para a equivalência de poder aquisitivo)

Em 2009 a UNICEF anunciou que Cuba é o único país dentre todos da América Latina e Caribe que havia erradicado a desnutrição infantil. Tal informação é confirmada por relatórios apresentados pela organização em 2011. Em 2010 o país começou a exigir que os visitantes devem obrigatoriamente contratar um plano de saúde, uma vez chegados a Cuba. Em 2015, a OMS certificou que Cuba conseguiu impedir que o vírus do HIV e o Sífilis fosse transmitido entre uma mãe e o seu bebê, feito nunca antes realizado na medicina.

Em Cuba 85% das famílias são donas de suas próprias casas, portanto não pagam arrendamento, e os 15% restantes pagam de arrendamento cerca de USD1 a USD2 mensais, computado em forma de amortização, pois ao final do pagamento do custo da moradia, esta se converte a propriedade pessoal. Embora o termo genérico favela ou tugurio em espanhol seja muito raramente empregado para descrever as condições de habitação substandard em Cuba, existem outras formas de sub habitação, baseadas no tipo de construção, condição de conservação, materiais e tipo de ocupação, que são descritas em Cuba. A maioria das sub-habitações cubanas localizam-se em La Habana Vieja, Centro Habana e Antares.

A comparação entre as condições de habitação substandard de Cuba e as favelas ou slums em inglês de outros países de economia de mercado é complexa e não pode ser feita de forma directa. Um extenso estudo académico, The case of Havana, Cuba, sobre esse assunto conclui o seguinte: “Nas economias de mercado a maioria dos pobres vive em favelas e a maioria dos favelados é pobre. Entretanto em Cuba isto é diferente, devido à relativa segurança na posse da residência, a profusão de residências de arrendamento a valor muito baixo ou gratuito e a restrição legal aos mercados de moradias e terrenos. Significativamente, as pessoas que moram nas habitações substandard em Cuba têm acesso à mesma educação, serviços de saúde, oportunidades de trabalho e seguro social que os que moram no que, antes da revolução, foram os bairros mais privilegiados

Em 2003, um projecto internacional, solicitado pelo Governo de Cuba à organizações internacionais tais como UNDP, UNEP, UNOPS e UN-HABITAT, que contou com a colaboração do Governo da Bélgica, nos termos da Agenda 21, visando aumentar a capacidade dos actores locais de conduzir actividades de planeamento e administrações urbanos resultou no estabelecimento de mecanismos de capacitação para actividades de construção e um grupo nacional foi treinado para dar apoio técnico a equipas locais, que foram formadas.

Comentários

Mensagens populares deste blogue